É um mistério que o ser humano ainda não conseguiu decifrar. Existe vida em outro planeta? Como somos inventivos por natureza, sonhamos que existem, sim, em algum espaço do infinito, outros corpos celestes onde a vida germina e, quem sabe, até já atingiu níveis sofisticados de desenvolvimento. O problema é que imaginamos a vida fora do nosso planeta conforme os padrões que conhecemos. Isso é natural, pois são as referências que temos. Por outro lado, muitas vezes achamos que somos os únicos chamados seres humanos nessa imensidão do infinito. Seria pretensão nossa? Somos de fato privilegiados por vivermos em um lugar do espaço sideral que poderia ser chamado de paraíso terrestre?
Nossa curiosidade pelo que se passa além de nossa esfera terrestre e nosso desejo de socializarmos com entes extraterrestres fizeram-nos avançar em pesquisas tecnológicas que nos possibilitaram ir à lua, nosso poético satélite. Também estamos bem encaminhados em expedições a Marte. Nos anos 1960, uma marchinha de carnaval, Marcianita, levou os rapazes a sonharem com uma garota “de Marte que seja sincera”. Spielberg, mais modernamente, nos brindou com o emocionante filme E.T., cuja personagem nos comoveu. Isso tudo sem falar nas versões populares de contatos com objetos voadores não identificados, os OVNIs ou discos voadores, também imortalizados em outra marchinha de carnaval. Decididamente, esse é um domínio em que nossa imaginação voa.
Nosso egocentrismo grita que nosso planeta é o único que oferece condições ideais para a vida. Talvez nos inspiremos nos livros sagrados que nos contam sobre a gênese do planeta Terra, nos levando a crer que somos, sim, os únicos seres viventes na imensidão do infinito. E que nossa Terra é única. “No princípio, Deus criou os céus e a terra. A terra estava informe e vazia; as trevas cobriam o abismo e o Espírito de Deus pairava sobre as águas”. “Tal é a história da criação dos céus e da terra“ (Gêneses, 1: 1-2; 2: 4).
Sozinhos ou não no universo, o certo é que herdamos um lugar lindo para viver. Azul, como disse o astronauta russo, Gagarin, nos anos 1960, ao vislumbrar a Terra estando em órbita ao redor dela. Na literatura, Clarice Lispector monologa, “Visto da terra, o céu é azul. Vista do céu, a terra é azul. (…) O inatingível é sempre azul“. Enquanto o poeta Thiago de Mello declara que “quem não sonha o azul do voo, perde o seu poder de pássaro”. Aí vêm algumas perguntas. O que temos feito para preservar este lindo planeta azul? Como estamos cuidando de nossos mananciais? O que precisamos fazer para que a vida na terra continue existindo, ou para que nossos bens naturais não se acabem? Quando lemos na imprensa as más notícias sobre nossos recursos hídricos, fazendo sofrer não somente o ser humano, mas a fauna e a flora que ainda nos restam, nosso coração chora.
No Brasil, podemos dizer que somos privilegiados porque albergamos a floresta e os rios da Amazônia em cerca de 60% de nosso território, correspondendo a mais de 5.000.000 km2.
São amazônicos os Estados do Acre, do Amapá, do Amazonas, do Pará, de Rondônia, de Roraima, de parte do Mato Grosso, de Tocantins, do Maranhão. Mas, o que fazemos com os recursos naturais neles contidos? O que diz o Plano da Amazônia Sustentável, o PAS, recriado em 2008 com o objetivo de definir as diretrizes para o desenvolvimento sustentável na Amazônia Brasileira?
Notícias boas nos dizem que a Fundação Sete Maravilhas do Mundo Moderno considera a Amazônia, por suas florestas e suas reservas naturais, uma das Novas Sete Maravilhas da Natureza. Talvez esse destaque seja um incentivo à preservação de nossas riquezas naturais. Por outro lado, notícias alarmantes sobre a devastação dessa mesma maravilha da natureza, segundo dados fornecidos pelo Banco Mundial, indicam que o desmatamento, as mudanças climáticas, as queimadas poderão destruir 44% da Floresta Amazônica até 2025. Está perto! A verdade é que a Amazônia, uma vez considerada o pulmão do mundo, prognosticada o futuro da humanidade pelo explorador e naturalista alemão, Alexander von Humboldt, concretamente a região onde estão o maior rio e a maior floresta do mundo, tem sido vítima de agressões terríveis, continuamente, desde a época da colonização pelos europeus.
Como parar esse processo que agora toma proporções desenfreadas? Esta é a pergunta que fazem não somente os amazônidas, mas os homens e as mulheres de boa vontade do mundo inteiro. Chegou a hora de encararmos o problema de frente e, em vez de só cantarmos as glórias e as belezas verdadeiras dessa bela região do nosso maravilhoso planeta, também lutaremos com as armas de que dispomos para preservar essa parte da natureza, segundo Euclides da Cunha, “a última página, ainda a escrever-se, do Gênese”. E as armas de que alguns de nós dispomos são a pena e a folha de papel ou, em tempos pós-modernos, o teclado e a tela do computador. Vamos, portanto, botar a boca no mundo e denunciar que estão destruindo o nosso belo planeta azul! Vamos lá meus amigos! Não vale dizer que estamos muito ocupados com rechaçar o Corona Virus. Uma coisa não exclui a outra. Podemos, sim, lutar em várias frentes. Numa, no confinamento, defenderemos a vida humana, Noutra, aproveitando, justamente, o tempo da quarentena, podemos inteirar-nos dos abusos cometidos contra nosso meio ambiente, nossos rios, mares, florestas em toda sua beleza e esplendor, e escrever artigos, mostrando a todos como é fácil reclamar quando se tem razão. Pode ser que alguém nos ouça. Pode ser que Deus nos ouça. A não ser que rezemos baixo!
Homenagem ao nosso Planeta Terra, em seu Dia Internacional!
*Marluce Portugaels é professora. [email protected]
Fonte: Marluce Portugaels