22 de dezembro de 2024

Pesquisa do IBGE mostra serviços no fim do túnel

Levantamento do IBGE para o mês de abril mostra queda sem precedentes no segmento no Amazonas
Pesquisa do IBGE mostra serviços no fim do túnel

Os efeitos econômicos da pandemia e das medidas governamentais de restrição derrubaram o setor de serviços do Amazonas a um nível sem precedentes, em abril. Depois da alta atípica do mês anterior, o volume de vendas e a receita nominal das empresas locais mergulhou mais fundo do que os números da média brasileira, na comparação com março. Foi a maior queda na série histórica do indicador, desde fevereiro de 2011. Os dados estão na pesquisa mensal do IBGE, divulgada nesta quarta (17).

O volume de serviços retrocedeu 15,7% frente a março de 2020, na direção contrária do levantamento anterior (+1,9%). No confronto com abril de 2019, houve decréscimo de 12,8%, anulando o ganho de março (+3,3%). O quadrimestre ainda se segurou no campo positivo (+0,8%), assim como o acumulado de 12 meses (3,2%). Vale notar que, em âmbito nacional, a atividade colecionou números negativos em todas as comparações: -11,7%, -17,2%, -4,5% e -0,6%, respectivamente. 

O tombo de dois dígitos na comparação com março fez o Estado desabar da segunda para a 21ª posição entre as 27 unidades federativas do país. Mato Grosso (+9%), Mato Grosso do Sul (-1,2%) e Rondônia (-2,1%) tiveram os melhores números. Em contraste, Alagoas (-26,5%), Ceará (-21,8%) e Bahia (-21%) amargaram as piores performances.

No confronto com abril de 2019, por outro lado, o Amazonas voltou a ganhar posição no ranking, ao avançar da terceira para a segunda colocação em todo o território nacional, ficando atrás apenas de Rondônia (+2,7%) e à frente do Pará (-0,3%). Na outra ponta, Bahia (-12,3%) e Piauí (-12%) e Rio Grande do Sul (10,9%) figuraram no rodapé da lista.

Receita nominal

Já a receita nominal dos serviços do Amazonas –que não leva em conta a inflação –caiu com menos força em relação a março de 2020 (-14,2%) e conseguiu um resultado menos negativo diante de abril de 2019 (-10,5%). Nos acumulados do ano (+4,4%) e dos últimos 12 meses (+8,3%) também foram registrados acréscimos. Mais uma vez, o Estado saiu atrás da média brasileira (-12,9%, -16,9%, -2,7 e +2,3%, respectivamente) apenas no primeiro caso.

Assim como ocorrido no volume de vendas, o incremento da receita nominal na variação mensal fez o Estado tombar do segundo para o 13º lugar no ranking do IBGE. As primeiras posições foram ocupadas por Mato Grosso (+12,6%), Tocantins (-0,4%) e Mato Grosso do Sul (-3,4%). Em sentido inverso, Alagoas (-24,1%), Ceará (-23,5%) e Bahia (-22,3%) tiveram os piores números.

A despeito do recuo da receita nominal sobre abril de 2019, o Amazonas se manteve em segundo lugar, em uma lista com apenas seis desempenhos positivos. Perdeu de Rondônia (+5%) e ganhou do Mato Grosso do Sul (+2,6%). As maiores quedas do setor de serviços em todo país se situaram em Alagoas (-10,7%), Bahia (-10,3%) e Piauí (-10,2%).

Isolamento social

Em sua análise para o Jornal do Commercio, o supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, observa que, diante dos números negativos de comércio, indústria e serviços do Amazonas, é difícil dizer quem está pior ou melhor. Mas, segundo o pesquisador, é fácil afirmar que o varejo amazonense deve ser a primeira atividade a melhorar, “uma vez que haverá compradores”, enquanto indústria e serviços devem disputar para saber quem se recupera primeiro.

“O cenário para o resultado dos serviços do Amazonas em maio é basicamente o mesmo de abril, uma vez que o isolamento social permaneceu durante todo aquele mês. Já para junho, talvez haja uma pequena melhora no desempenho da atividade. Infelizmente, não temos como mensurar o desempenho dos segmentos de serviços. Mas, é certo que algumas atividades meio e fim não paralisaram seus trabalhos, assim como as essenciais”, ponderou.

Ajuste e cortes

Não há dados sobre a evolução dos segmentos de serviços do Amazonas. Em âmbito nacional, todas as cinco atividades investigadas pelo IBGE tiveram quedas recordes na passagem de março para abril, com destaque para transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (-17,8%) e serviços prestados às famílias (-44,1%). Nos outros subsetores, as retrações foram de 8,6% em serviços profissionais, administrativos e complementares, de 3,6% em informação e comunicação e de 7,4% em “outros serviços”.

No entendimento do presidente do Sinfretam (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros por Fretamento de Manaus), Aldo Oliveira, abril foi o fundo do poço, embora maio não tenha sido muito melhor. O segmento, que tem 90% de sua clientela no PIM, teve seu nível de atividades reduzido a 30%. Na área turística e de translado intermunicipal, a paralisação chegou a 100%.

“Mais de 50% das empresas do Distrito pararam por 45, 60 dias e isso nos prejudicou. Agora, estamos tendo uma melhora, já que a maioria das indústrias retornou. Deve haver um ajuste e teremos melhores resultados em junho. Mas, creio que o mercado consumidor não vai sustentar o mesmo nível de atividade e teremos cortes nas fábricas, em julho ou agosto, refletindo em nosso volume de trabalho. Isso vai dificultar os investimentos na renovação da frota, que não é realizada desde 2014”, lamentou.

Sem parar

Segundo a presidente do Sindicato dos Salões de Barbeiros, Cabeleireiros, Institutos de Beleza e Similares de Manaus, Antonia Moura de Souza, a situação dos serviços de beleza não foi muito melhor, embora ela ressalte que o segmento não ficou inteiramente parado. A dirigente diz que não concorda muito com colocação da atividade no calendário de ciclos, por considerá-la essencial, mas frisa que a expectativa é grande para o próximo dia 29, quando os salões serão autorizados a reabrir suas portas.

“Passamos por momentos muito difíceis e pelo menos 20 dos 6.000 salões de beleza em todo o Estado fecharam de vez. Alguns tiveram de se reinventar, fundindo os negócios e dividindo espaços para reduzir os custos. Mas, o segmento não ficou parado e chegamos a atender em domicílio durante esse período. Acredito que em julho e agosto teremos uma boa recuperação e devemos crescer entre 3% e 4% no final do ano”, arrematou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio

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