A indústria do Amazonas perdeu 24,3% de sua mão de obra, o equivalente a 30 mil postos de trabalho, entre 2012 e 2018. Em paralelo, salários (+9,2%) foram na direção contrária e totalizaram R$ 4,10 bilhões, no final do período. Ao mesmo tempo, a receita líquida de vendas cresceu 32,3% e chegou a R$ 100 bilhões, em 2018. Os dados estão na PIA (Pesquisa Industrial Anual) Empresa, divulgada pelo IBGE, nesta quinta (17).
A sondagem mostra também que a indústria amazonense ocupou menos mão-de-obra do que a do Pará (97.506 pessoas), no mesmo período. Por outro lado, as linhas de produção de informática, eletroeletrônicos e óticos foram as que mais empregaram (25.639 trabalhadores e 27,25% do total) e faturaram (R$ 38,85 bilhões) no PIM, enquanto o subsetor de produtos alimentícios é o que possui a maior quantidade de unidade industriais (188 e 17,42%).
Em 2018, o Amazonas contava com 1.079 unidades fabris locais com cinco ou mais pessoas ocupadas, em 2018 – o menor número da série histórica fornecida pelo IBGE. Houve um corte de 15% entre 2013 (1.269), ano com o maior registro de indústrias amazonenses, e 2018. O período coincide com a crise anterior à pandemia. Vale notar que mesmo em relação a 2017 (1.108), quando a recessão já havia acabado, também houve queda no número de unidades (-2,62%).
O contingente total da indústria amazonense foi de 94.074 trabalhadores em 2018. Na época, o setor pagava R$ 4,1 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações, além de contabilizar R$ 2,7 bilhões em encargos sociais e trabalhistas, indenizações e benefícios.
A receita líquida de vendas (R$ 100 bilhões) teve seu melhor desempenho em sete anos, além de crescer 16,7% sobre 2017. A atividade gerou em torno de R$ 40,55 bilhões em valor de transformação industrial, montante decorrente do valor bruto da produção industrial (R$ 93,12 bilhões) e os custos das operações industriais (R$ 52,5 bilhão). Foi 35% maior que em 2012 (R$ 29,96 bilhões) e 8,4% superior a 2017 (R$ 37,40 bilhões).
Segmentos em alta
A indústria de transformação respondeu pela maioria esmagadora (98,7% e 1.065 unidades locais) da manufatura amazonense em 2018 e também ocupava a maior parte da mão de obra (97,7% e 92.169 pessoas). As indústrias extrativas, por sua vez, não passavam de 1,3% (14) e contavam com 1.905 trabalhadores. A indústria de transformação participou com 97,2% da receita liquida de vendas do setor, enquanto a extrativa respondeu por 2,8% – embora a proporção de custos e despesas tenha sido maior para esta.
O Amazonas tem 29 classes de atividades industriais. A atividade extrativa que ocupa a melhor posição no ranking é a atividade de apoio à extração mineral (21ª posição). As atividades com maior número de unidades locais foram produtos alimentícios (188 e 17,4%), borracha e material plástico (95 e 8,8%); produtos de metal (89 e 8,2%); e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (85 e 7,8%).
O ranking das atividades industriais com maior número de pessoas ocupadas também é liderado por equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (25.639 e 27,2%), sendo seguida por outros equipamentos de transporte (13.286 e 14,1%), borracha e de material plástico (8.984 e 9,55%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (6.533 pessoas ocupadas, 6,94%).
Os subsetores com maior total de receitas líquidas foram equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (R$ 38,8 bilhões e 38,7%), outros equipamentos de transporte (R$ 12,3 bilhões e 12,2%), bebidas (R$ 8,0 bilhões e 7,9%) e produtos de borracha e plástico (R$ 4,3 bilhões e 4,2%).
No ranking do valor da transformação industrial. Em 2018, as atividades com maior geração de valor foram: fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (R$ 10,3 bilhões, 25,4%), fabricação de bebidas (R$ 6,9 bilhões, 17,0%); e outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (R$ 3,9 bilhões, 9,7%).
Mais com menos
No texto distribuído à imprensa, o IBGE-AM enfatiza que o modelo industrial amazonense se caracteriza por poucas unidades industriais e, por isso, ocupou a 21ª posição do país em 2018. Em relação ao número de pessoas ocupadas, ficou em 14ª lugar. São Paulo lidera as duas comparações. Na região Norte, o Amazonas é superado por Pará e Rondônia nas unidades locais, e em pessoal é suplantado pelo Pará.
O supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, ressalta ao Jornal do Commercio a importância do crescimento da atividade industrial na região, impulsionada pelas indústrias do Pará e do Amazonas. Para o pesquisador, embora pareça um contraponto, a redução da mão-de-obra da manufatura amazonense em paralelo como aumento da receita de vendas é fruto das mudanças do setor, no período.
“Mas, a indústria modernizou-se muito nos últimos anos. Isso permitiu a ela produzir mais com menor emprego de pessoal. A pesquisa também mostra a importância das atividades de bens de informática e eletroeletrônicos, duas rodas e borracha e plástico como as maiores empregadoras do Polo Industrial de Manaus”, ponderou.
Competitividade e produtividade
Em sintonia, o presidente da Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos), Jose Jorge do Nascimento, lembra que, no período analisado pela pesquisa do IBGE, o Brasil passou por uma “grave crise econômica”, forçando as empresas a se reinventarem, na busca da manutenção de sua competitividade e de sua produtividade.
“Altos investimentos foram feitos, principalmente na automação. Houve uma reengenharia em seus processos e procedimentos e uma reestruturação do processo fabril. Em decorrência disso, o setor perdeu postos de trabalho, mas teve ganhos de produtividade. Tudo foi feito para o PIM se manter no mesmo nível de competitividade mundial. Sem isso, teríamos problemas ainda maiores em relação à viabilidade das indústrias do Polo Industria de Manaus”, arrematou.