18 de outubro de 2024

Depressão não é brincadeira e empresas levam a pior!

Pandemia, desemprego, falta de oportunidades e perspectivas, e assim por diante! Começa bater aquela tristezinha que se transforma num monstro e invade a alma, e aí como afastar a sombra da depressão e do suicídio? No ambiente de trabalho, empresas que exploram o funcionário e outras, que coadunam com situações de deboches, estão sendo processadas pelos atos totalmente em desarmonia com o que se chama de humanidade e responsabilidade social. E já que setembro é o mês de a gente falar do suicídio, vou trazer dois casos que me chamaram a atenção e servem de exemplos pra gente nunca aceitar e nem permitir que nossas empresas concordem com tais atos, pois podem ter um desfecho muito triste!

Sem limites, mas com indenização

No mercado de trabalho, a pressão tem sido constante, menos funcionários, salários baixos e sobrecarga de atividades são fatores que contribuem para o desequilíbrio das emoções e afetam diretamente o lado psicológico. No início deste ano, de acordo com o site Conjur (Consultor Jurídico), um frigorífico foi condenado por dispensar um representante comercial que apresentava quadro de depressão e ansiedade. A indenização foi fixada em R$ 378 mil, que se referia ao que ele teria recebido desde a demissão até a data da sentença. A juíza responsável pela ação entendeu que o representante, que era pessoa jurídica, não possuía vínculos empregatícios e trabalhava home Office, era extremamente cobrado para bater metas, o que contribuiu para agravar o quadro psiquiátrico do trabalhador! Para ela, mediante provas, o trabalhador cumpria as atividades, laborando demais, porém a tal liberdade de atuação do representante era disfarçada de pressão e metas.

Brincadeirinha de mau gosto

Outra ação, no mesmo portal e mais recente, agora em setembro, trata de um funcionário que sofria deboches da chefia por ter depressão! Pior, ele era incitado ao suicídio pelo seu superior, o que viola direitos de personalidade assegurados no inciso X do artigo 5º da constituição (intimidade, vida privada, honra e imagem).

O funcionário era eletricista, estava na empresa especializada em sistemas elétricos, a qual tinha conhecimento do estado mental do eletricista. Agora, o funcionário vai receber uma indenização de R$ 5mil, o que – pra mim – é muito pouco diante do absurdo do chefe dizer ao eletricista que daria uma corda para ajudar no suicídio!

É impressionante como algumas empresas conseguem sobreviver no mercado com esse tipo de comportamento, contribuindo para que o bem mais valioso, humano, seja tratado dessa forma. Lamentável e fim de papo!

Cristina Monte

Cristina Monte é articulista do caderno de economia do Jornal do Commercio. Mantém artigos sobre comportamento, tecnologia, negócios.

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