27 de novembro de 2024

Venda de veículos no Amazonas derrapa em outubro

As vendas de veículos automotores no Amazonas interromperam uma sequência de cinco altas mensais
Venda de veículos no Amazonas derrapa em outubro

As vendas de veículos automotores no Amazonas interromperam uma sequência de cinco altas mensais e derraparam, na passagem de setembro (5.729 unidades) para outubro (5.395). O recuo foi de 5,83%, após a expansão de dois dígitos do mês anterior (+12,36%), e veio na contramão da média nacional. Embora os números tenham sido 14,08% melhores do que os de outubro de 2019 (4.729), ainda não foram suficientes para repor as perdas da crise da covid-19 e tirar o acumulado (-10,76% e 40.126) do vermelho.

Os números regionais foram disponibilizados pela Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), nesta quarta (4). As informações foram amparadas pelos emplacamentos do Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores), base de dados que leva em conta todos os tipos e veículos, incluindo automóveis convencionais, comerciais leves, caminhões, ônibus e motocicletas.

O desempenho do Estado veio na contramão do apresentado pela média do mercado brasileiro. As vendas nacionais subiram 1,42% na comparação de outubro (332.888) com setembro deste ano (328.221). Em relação ao registro do mesmo mês de 2019 (367.599), a retração foi de 9,44%. Os 2.465.396 veículos emplacados entre janeiro e outubro, em todo o país, ainda representam queda de 25,74% sobre o mesmo período de 2019 (3.319.946).

Das sete categorias listadas pela Fenabrave, três registraram vendas maiores no Amazonas, na variação mensal – uma a menos do que no mês anterior. A maior alta proporcional veio do segmento de ônibus (+358,62% e 133 unidades), seguido por caminhões (+59,52% e 67) e “outros” (+5,56% e 38) – que incluem tratores e máquinas agrícolas. Em contrapartida, comerciais leves (+19,58% e 571), implementos rodoviários (-18,18% e 45), automóveis convencionais (+5,75% e 2.526) e – novamente – motocicletas (-7,44% e 2.015) amargaram quedas.

Carros de passeio seguiram como a categoria mais vendida, no mês passado. Mas, assim como ocorrido em meses anteriores, diminuíram sua fatia no bolo. Desta vez, a redução foi de 47,87% para 42,47%, no confronto dos acumulados de 2020 e de 2019. Motocicletas comparecem novamente na segunda posição e, apesar do decréscimo, seguiram na direção contrária e voltaram a elevar sua participação no bolo, de 36,28% para 39,55%, na mesma comparação.

O Sincodiv-AM (Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos do Estado do Amazonas) informa que os números locais devem ser levados sempre sob a perspectiva do transit time (tempo de trânsito) entre o faturamento e o emplacamento, um hiato de tempo que pode durar 30 dias, em virtude da logística de translado do veículo entre a fábrica e o Estado. Empresários do segmento, no entanto, ressaltam que o mercado reaquecido está aquecido, tanto para veículos novos, quanto para seminovos. 

Pandemia e ágio

O sócio e diretor administrativo da Daniel Veículos, Yuri Barbosa, considerou que a melhora dos números em relação ao ano passado já era esperada em razão da base mais fraca. Mas, disse que a retração ante setembro foi uma surpresa para o segmento, que vinha em ritmo de aumento de vendas, embalado pelas injeção de recursos do auxílio emergencial (mais dinheiro na praça), aumento do crédito e IOF zerado para operações financeiras até dezembro. 

“Podemos creditar essa queda no mercado de veículos leves ao receio da população a se endividar, uma vez que os casos de covid-19 sofreram aumento significativo em nossa capital. Pelos números de novembro, podemos notar alguma queda, mas esperamos uma boa retomada para o setor, entre a segunda quinzena deste mês e o final de dezembro, tendo em vista que esta época costuma ser sempre bastante movimentada”, ponderou.

O dirigente, no entanto, não descarta o impacto do desabastecimento nas concessionárias – e a consequente prática de ágio – no refluxo das vendas. Segundo o empresário, há uma lista de espera significativa, principalmente para modelos utilitários, uma vez que o preço da categoria subiu demais e as pequenas empresas que utilizam os veículos não conseguem adquirir um novo, tanto pelo preço mais alto, quanto pela escassez do produto no mercado.

“Infelizmente, com a falta de carros novos em concessionárias, os preços subiram demais. Hoje, é comum as revendas de seminovos e concessionárias praticarem preços acima da tabela Fipe, uma vez que, quando vendem, não conseguem repor mercadoria no pátio. Carros novos estão sendo vendidos com ágio e com prazos de entrega muito extensos, o que aumenta a demanda por carros seminovos. Porém, as revendas de seminovos também estão sofrendo com a falta de carros no estoque”, ressaltou. 

Aumento gradativo

Na mesma linha, o presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Júnior, assinala, em matéria distribuída pela entidade, que o mercado brasileiro de revenda de veículos vem retomando “bons patamares de venda”, em compasso gradativo. O dirigente ressalta que, embora setembro em outubro tenham registrado o mesmo número de dias úteis (21), o volume de emplacamentos foi o maior deste ano.

Apesar da retração no acumulado, outubro foi o melhor mês de 2020 também para o segmento de carros de passeio e comerciais leves. “O mês é, até o momento, o que registra o recorde do ano. Isso reforça a nossa expectativa de retomada para o mercado de automóveis e comerciais leves. Notamos que os clientes estão mais confiantes e tomando a decisão de compra, que é facilitada pela maior oferta de crédito”, comemorou.

No caso do segmento de motocicletas, prossegue Assumpção Júnior, a tendência ainda é de aquecimento, tanto pela procura de um transporte individual quanto por sua consolidação como veículo de trabalho. Problemas de desabastecimento de insumos na indústria, entretanto, seguem minando o potencial das vendas do segmento, a despeito da maior facilidade na liberação do crédito.

“A produção segue afetada pela falta de componentes e a indústria não está conseguindo atender a demanda, fazendo o prazo médio de entrega ser de, aproximadamente, 37 dias. A aprovação dos financiamentos está melhor e, hoje, temos 4,7 cadastros aprovados a cada 10 apresentados para financiamentos”, arrematou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio

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