Precisamos ser mais tolerantes com as opiniões dos outros, e logo clareio. Não sou fã de nenhuma rede social, mas como professor tive que me adaptar a elas. Por questões de trabalho, para facilitar a comunicação com meus alunos, principalmente nesse período de pandemia, passei usar com mais frequência as redes sociais.
Com efeito, desde o ano de 2018, havia decidido não fazer nenhum comentário sobre três coisas: política, futebol e religião. No entanto, por ocasião das eleições municipais desse ano, resolvi quebrar essa promessa, só para ver no que ia dar, na ilusão de que havíamos aprendido alguma coisa com a eleição passada.
Imagine você, leitor\a amigo\a, que sete dias antes das eleições desse ano, eu postei a seguinte mensagem de Machado de Assis na minha página no Facebook: “Deus, para a felicidade do homem, inventou a fé e o amor. O Diabo, invejoso, fez o homem confundir fé com religião e amor com casamento”. Pronto! A confusão estava armada!
Não demorou muito e as reações começaram. Dentre às dezenas de curtidas, o que mais chamou minha atenção foi um comentário de uma pessoa que nem era “meu amigo” nessa rede social. Sem se atentar para a mensagem em si, ele começou a destilar todo o seu ódio contra à postagem, ou seria contra quem postou?
Diante daquele comentário, elaborei para mim mesmo à seguinte pergunta: O que leva uma pessoa a entrar numa rede social de uma outra pessoa que nem conhece e começá-la a xingar simplesmente porque ela postou uma mensagem que ela não concorda? Não falta respeito a opinião do outro? Ou você acha que não?
Não seria muito mais interessante esse internauta elaborar para si mesmo as seguintes perguntas: Por que essa pessoa postou isso? O que ela quis dizer com essa postagem? Qual é a mensagem que ela está querendo transmitir? Particularmente essas são exemplos de algumas perguntas que eu costumo fazer a mim mesmo quando vejo alguma postagem nas redes sociais que eu não “curto”.
Infelizmente, nas redes sociais, existem muitas pessoas que se acham os donos da verdade. Mal sabem essas pessoas que à verdade é uma construção dialética, entre o emissor e o receptor, onde ambos concordam com o ponto em questão. Trata-se, como diziam os mais antigos, de um “acordo entre cavalheiros”. Ora, já não se fazem mais acordos, nem cavalheiros, como antigamente.
Aliás, já não se fazem mais pessoas educadas, de modo que eu não poderia perder à esplêndida oportunidade de juntar a minha modéstia educação enviando uma mensagem particular ao meu inquisidor. Imagine você leitor\a amigo\a que eu escrevi: “Vai ver se eu estou na esquina”. Devo esclarecer, a priori, que não fui bem entendido por ele. Antes de me bloquear, ele ainda me chamou de comunista!