22 de dezembro de 2024

Desigualdade e pobreza – Parte 1


É com alto grau de incertezas que se chega ao último mês de um ano fatídico, maléfico, talvez tenha sido um dos piores anos de nossas vidas, que deixou a vida bem diferente daquilo que havíamos experimentado até então!!!

Não existe um outro normal, a sociedade teve acentuado graus de perdas na sua qualidade de vida, se alargou as desigualdades e aumentou a pobreza em geral e a extrema pobreza.

Como economista, se sabe que a humanidade não alcançará a igualdade social e nem se verá o fim da pobreza, no sistema econômico capitalista. Há de ressaltar que, mesmo em regimes totalitários de esquerda (comunismo/Socialismo) ou de direta, nada que o sistema econômico possa fazer para suprimir tais ocorrências, desigualdade e pobreza.

É uma utopia essa crença que isso findará um dia…, mas há processos de minimização dessas diferenças em todos os sistemas. Observem o que está ocorrendo no entorno dos bairros de vocês, em outros estados do Brasil e nos países que fazem fronteira com o Brasil. E, acende a luz amarela, como pesquisador do Clube de Economia da Amazônia – CEA, verificando as estatísticas publicadas em 12/11/2020, pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística quanto a Síntese de Indicadores Sociais – SIS, que trata como menor taxa de crescimento da pobreza e da extrema pobreza no Brasil, entre os anos de 2018 e 2019, nos indica que se atingiu, agora nessa pandemia, um pico crescente de pobreza da ordem de 13,7 milhões de brasileiros, atingindo, principalmente, negros, mulheres que representam 39,8% desse contingente.

Como já havíamos descrito em artigo anterior, as estatísticas do SIS ressaltam alguns indicadores que acarretam maiores vulnerabilidade para essa parcela da população, tais como: a distribuição da renda, acesso a saneamento básico, educação, moradia adequada, sistema de saúde e aparatos de segurança, dentre outros.

Ressalta-se que com a pandemia do COVID-19, tende ao agravamento de desigualdade e da pobreza e da miséria, como uma dura realidade, mesmo que o agente Governo tenha praticado alguns programas sociais de emergência.

Foi primordial a política pública do Governo com o auxílio emergencial aplicado na economia, com transferência de renda à parcela dos mais pobres, com o benefício de R$600,00.

Esse programa teve um impacto positivo sobre àquela da população que há evidências que reverteu alguns efeitos monetários provocados pela pandemia (confinamento social, perdas de empregos e restrições de atividades econômicas de micro e pequenos negócios e autônomos).

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) quando Brasil entrou no confinamento já possuía 51,742 milhões de brasileiros, ou 24,7% da população, estavam abaixo da linha de pobreza definida pelo Banco Mundial para países de renda média-alta e a parcela de extrema pobreza com renda mensal de até R$ 151 por pessoa do domicílio, eram 13,689 milhões ou 6,5% da população brasileira. Também, se tem segundo a pesquisa PNAD-COVID/IBGE, demonstra redução da pobreza, levando-se em consideração apenas pela renda monetária, tendo considerado o auxílio emergencial distribuído pelo governo federal à população de baixa renda, principalmente os trabalhadores informais.

Durante a pandemia a queda da pobreza demonstrada, tende a ser temporária, haja vista, que essa parcela de sócio- vulneráveis voltarão a ficar mais pobres quando esse auxílio acabar. Essa pesquisa PNAD-COVID/IBGE, ressalta outras desigualdades, como a pobreza atinge mais as mulheres e as pessoas de pele preta, mas, entre os 13,689 milhões na extrema pobreza, representam 76,7%.

Conforme declara a analista Bárbara Cobo do IBGE, “a pobreza atinge de forma mais forte, mulheres pretas ou pardas” e, desse contingente, 56,8% vive na região Nordeste.

Além disso tudo, a economia em recuperação lenta, atrasa a recuperação dos empregos perdidos com a crise, principalmente para o contingente mais pobre, e a renda de quem conseguiu retomar ao trabalho em muitos casos não volta ao nível anterior a crise.

Dessa forma aumenta-se as desigualdades sociais que penaliza duplamente os mais pobres, pois está relacionada à natureza do trabalho que essa faixa da população desempenha, em geral informal e exposto às vulnerabilidades.

Para o pessoal do CEA, o desfio continua, o combate a crise pandêmica, o tradeoff entre saúde e economia é um falso dilema, não há retomada econômica que não passe pelo controle da crise COVID-19 e, ainda não está claro o prolongamento dessa crise e quanto ainda resultará em interrupções das atividades econômicas, uma vez que ainda não há vacina. Mantenham cautela e pratiquem ajudas às pessoas mais necessitadas

Nilson Pimentel

Economista, Engenheiro, Administrador, Mestre em Economia, Doutor em Economia, Pesquisador, Consultor Empresarial e Professor Universitário: [email protected]

Veja também

Pesquisar