22 de dezembro de 2024

Admiração, referência e representação

Todos os que frequentaram uma escola ainda hoje guardam o nome de seus primeiros professores. Eu tenho esta referência porque meus professores foram os que complementaram a educação de casa. Quando falo em educação não me refiro unicamente às matérias escolares, como também a valores morais, sociais e até religiosos. Nunca me induziram a nada, mas estimulavam minhas escolhas. Enfim eram a minha referência como estudante. É fácil conquistar um menino desde que exista coerência e exemplo a ser seguido. Tive diversos professores em diversos colégios que passei. Alguns têm meu respeito até hoje, de outros poucos não tenho boas lembranças. Lembro-me, com 13 anos de idade, fui tratado com excessiva rigidez pela professora de educação física que chegou a me agredir. Eu respondi sem revidar, no entanto. Sei que papai foi chamado à escola e eu levei um castigo danado ao chegar em casa. Muitos anos mais tarde soube que papai havia me defendido diante da direção, pois colhera dados do ocorrido e soubera do erro da professora. Eu, no entanto fui tratado com rigidez na escola e em casa, porque era minha obrigação respeitar a autoridade da professora.

Hoje ouvimos com muita frequência: “Esta pessoa não me representa”. Parece que as autoridades em qualquer nível não são mais o norte da população nem dos profissionais da área. Os advogados não concordam com a posição que a diretoria da Ordem dos Advogados do Brasil toma; Os magistrados não se orientam pelas decisões dos colegas da Suprema Corte porque não detectam embasamento no direito; políticos eleitos não parecem representar aos eleitores porque não mantêm coerência com o discurso eleitoral. Enfim, suas decisões são aceitas porque não há como mudar. Tampouco alguém faz a defesa de seus atos porque ou sente frustração ou deixou de sentir admiração por aqueles que deveriam representa-lo.

Onde estão os grandes homens do passado? Não pensem que os atuais não tenham currículo escolar e de trabalho invejável. Infelizmente valores morais, patrióticos e cristãos parecem ter sido colocados abaixo de interesses pessoais. Não defendemos o trabalho gratuito porque nada existe de imoral na remuneração. Porém, quando a remuneração compra também consciências, ela é abjeta e não passa de prostituição. Homens públicos despreocupados com o julgamento que a história fatalmente lhes dará, não têm amor por sua descendência. Que legado deixarão para historia e para seus descendentes?

Em qualquer competição esportiva a gente dá valor ao vencedor se a vitória for inquestionável. Independente de ser adversário no coração do torcedor, o respeito pelo jogo limpo existe. No jogo público, com a transparência ocasionada pela tecnologia, chutes na canela e gol de mão não são mais admirados. Paralelamente a isso, na política, golpes abaixo da linha da cintura podem ganhar eleições, mas jamais vão permitir repetições. 

Em vez do arrependimento por ter votado mal, não seria mais bonito se encontrássemos representantes, mesmo de outros estados, que lamentaríamos não votar porque a lei não permite? Será que os nossos heróis do passado teriam o mesmo comportamento de outrora se estivessem sendo vigiados 24 horas por dia? Está aí uma pergunta difícil mesmo porque “se” é uma partícula atrapalhativa que condiciona algo fora da possibilidade de análise. Para todos os efeitos, quero acreditar que não. Prefiro acreditar na pureza dos nossos heróis. Se os do presente são indignos dessa admiração, deixe-me ficar com os do passado.

Luiz Lauschner

é empresário

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