18 de outubro de 2024

O sentido da vida

Semana passada, em sala de aula, um aluno se aproximou da minha mesa, e me perguntou: “- Professor, qual é o sentido da vida?” Aproveitei a ocasião e falei para toda a turma sobre a campanha brasileira de prevenção ao suicídio, chamada de “Setembro Amarelo”. 

Depois, voltando-me exclusivamente para o aluno que tinha feito aquela pergunta, respondi-lhe: “A vida não tem um sentido, mas vários sentidos”. O que o aluno voltou a indagar: “Como assim, professor? Explique melhor essa sua ideia”. 

Em primeiro lugar, todos nós, seres humanos, formos criados com a maravilhosa dádiva do livre-arbítrio. Isto é, sabemos qual é a causa do bem ou do mal que nos afligem, e com isso somos capazes de escolher o que é bom e agradável para nós mesmos. 

Em segundo lugar, Deus colocou-nos no mundo dotados de inteligência para fazermos o que quisermos de nossas vidas. O que fazemos dela, é responsabilidade exclusivamente nossa. Em terceiro lugar, a vida é o imperativo que vale por todos os outros imperativos.

Se somos possuidores de tais capacidades – e somos – por que algumas pessoas escolhem o lado ruim e desagradável da vida? Por que algumas pessoas preferem ficar preso as amarras da vida em vez de focar no prazer e na alegria que a vida nos proporciona? 

O sentimento que permeia à vida humana deve ser sempre o amor. Amar é um dos prazeres da vida. É o sentido mais nobre da nossa vida. Arisco a dizer que quem não ama, não é feliz. Amar é torna-se belo, é ver o mundo com poesia. Amar é tornar-se livre. 

A liberdade, o amor, o agradável, a justiça, o perdão, o humano, etc., não deve causar repulsa em ninguém. Ninguém deve ter medo de mar, de ser livre. Ao contrário, tudo o que é negativo, a dor, a solidão, o sofrimento, etc., não deve ser exaltado pelo ser humano.

Ocupar a mente e o coração com a arte, com a música, com a dança, com a literatura, com a filosofia, com a poesia; elevar o espírito, ampliar a consciência com os recursos da beleza; respeitar as opiniões adversas; ser solidário; não tenho dúvida, eis aí os muitos sentidos da nossa vida.

A vida humana se torna agradável quando nos reservamos o direito de nos amarmos. O amor nos alegra, derrama sentido sobre a nossa vida. O imperativo viver nunca se torna pesado quando estamos sob o efeito do verbo amar. Como dizia Santo Agostinho: “Ama e faz o que quiseres”.

Ou você acha que alguém é feliz não amando? Levando a vida sobre murmúrios e lamentações? Pelos caminhos da infelicidade, os dias ficam pesados, parecem não passar e tudo fica turno. Ao contrário, experimente amar. Escolha amar. Você vai ver como o amor faz toda a diferença na sua vida. O amor liberta-nos das miudezas da vida.

Isso mesmo, à vida humana, em sua beleza e complexidade, apresenta vários sentidos e vários significados, mas o amor sobrepõe a todos eles. Sim, o amor é o que faz toda a diferença na nossa vida. Sem amor seríamos um animal qualquer. Sei que esse é um antropocentrismo raso, mas por hora basta saber que o amor nos diferencia das demais espécies do reino animal.

Não falo aqui exclusivamente do amor entre as pessoas, mas, sobretudo, do amor por uma causa. Do amor pelos estudos, do amor pelo seu trabalho, do amor pela sua família, do amor pelo seu bairro, do amor pela sua cidade, do amor pelo seu país, do amor pela sua profissão, do amor pelos animais…

Quem ama desenvolve uma sensibilidade aguçada para perceber o que antes não percebia. A arte, a dança, a poesia, a ciência, a religião, tudo, mas tudo mesmo, proporciona novos sentidos para quem ama. Quem ama consegue absorver o lado bom da vida sem sofreguidão. 

“- Professor, como o senhor fala bonito” – disse-me uma aluna e fazendo-me lembrar de que já estava na hora do recreio, na hora da merenda, a hora mais esperada pelos alunos no pós-pandemia. 

Encontrem o sentido da vida de vocês! E por fim, lembrem-se do que disse o Evangelista São João (3:16): “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.

Luís Lemos

É filósofo, professor universitário e escritor, autor, entre outras obras, de "Filhos da Quarentena: A esperança de viver novamente", Editora Viseu, 2021.

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