19 de setembro de 2024

Músico venezuelano Tonny Quintana conta seu amor pelo Brasil

Hoje comemora-se o Dia Internacional da Música, essa combinação harmoniosa de sons que existe no mais rudimentar ao mais evoluído agrupamento de humanos, extraídos de qualquer objeto que provoque sons a complexos instrumentos. E quem aqui sabe que sinos são instrumentos musicais?

Desde 2017 o venezuelano Tonny Quintana desenvolve, em Manaus, o projeto ‘Sinos de Quintana’, no qual ensina crianças a fazer música com os sons maviosos de sinos.

Para as crianças menores o coro de sinos é uma brincadeira – Foto: Divulgação

Hoje associamos a figura dos venezuelanos a fugitivos do caos econômico em que vive seu país. Não é o caso de Tonny. Ele veio para o Brasil porque, ainda criança, se apaixonou pelo país. Adulto, resolveu partir para aquele lugar maravilhoso, com belas paisagens, que via na televisão.

“As novelas brasileiras passavam na Venezuela. Eu ficava vendo aquelas imagens bonitas do Brasil e sonhava em, um dia, vir conhecê-las”, contou.

Mas bem antes de vir para o Brasil, Tonny iniciou, em Caracas, sua trajetória musical. Com oito anos o menino foi matriculado na escola de música Sociedade Socorro Mútuo onde aprendeu teoria e leitura musical e começou a tocar piano, seu instrumento inicial.

“Meu primeiro concerto aconteceu quando eu tinha nove anos. Me apresentei numa sala. Com 15 anos já tocava teclado, em bandas, fazendo shows por todo o país. Um músico nunca está satisfeito com um único instrumento, então aprendi a tocar saxofone, clarinete, flauta, bateria até me apaixonar pelo contrabaixo acústico”, recordou.

Em 1999 Tonny entrou para a faculdade de música na ULA (Universidade dos Andes).

Veio, viu e ficou

Na faculdade, Tonny direcionou seu interesse para o contrabaixo acústico.

“Minha intenção era tocar numa orquestra. Fazendo um comparativo entre as bandas que tocava e uma orquestra, é como seu do meu time eu fosse escalado para jogar na seleção”, falou.

“Escolhi o contrabaixo porque poucos músicos se interessam em tocar esse instrumento, pois precisa de disposição para aprendê-lo. É um instrumento pesado, que parece não seu ouvido numa orquestra, mas ele é a base da orquestra, assim como o contrabaixo elétrico é a base de uma banda”, explicou.

No contrabaixo, Tonny se destacou e se tornou professor de música para crianças, inclusive crianças especiais. Também se tornou diretor de uma orquestra de sinos, instrumento pelo qual também é apaixonado.

Um dia, já casado e com duas filhas, Tonny estava numa praia do Caribe quando reencontrou um ex-aluno venezuelano que havia se mudado para Manaus. O rapaz estava acompanhado de uma namorada brasileira. Ajudado pela namorada, o rapaz perguntou por que Tonny não vinha para Manaus? Disse que era uma cidade muito boa e ele iria gostar. Na mente do músico, vieram as lembranças das belas paisagens vistas nas novelas brasileiras e ele se animou em tornar real seu sonho de criança.

“Vim para Manaus como turista. Gostei do que vi e resolvi ficar. Voltei para a Venezuela, informei minha decisão para a esposa, vendemos o que tínhamos e viemos para Manaus. Era final de 2014, início de 2015. Estamos aqui até hoje. Lógico que a realidade é diferente dos sonhos, mas muito do que sonhei, encontrei em Manaus, e estou satisfeito em viver aqui. Depois da Venezuela, o Brasil é o meu segundo país”, declarou.

Agradecendo com música    

Em Manaus, Tonny conseguiu emprego, chegou a tocar em algumas bandas e, em 2017, deu início ao seu projeto ‘Sinos de Quintana’. Comprou os instrumentos, os sinos, e logo os interessados começaram a aparecer.

“Iniciamos as aulas numa igreja, no Parque das Laranjeiras, mas atualmente elas acontecem no CSU do Parque Dez. Cobramos um valor simbólico dos alunos, apenas para bancar custos”, disse.

Tonny adiantou que continua aceitando alunos, crianças e adultos, interessados em participar do projeto.

“Além do coral de sinos, também temos um coral de vozes. Os mesmos alunos que tocam, cantam”, informou.

A faixa etária do ‘Sinos de Quintana’ é dividida em duas: kinder musical, com crianças de quatro a cinco anos, onde as aulas são lúdicas; e o coro de sinos, com crianças de seis a treze anos.

“Nos apresentamos em escolas, igrejas, praças, onde solicitarem nossa presença. Paramos por causa da pandemia, mas voltamos este ano. No início de agosto nos apresentamos no Palácio da Justiça, na 1ª Feira Internacional de Empreendedores. Nossa próxima apresentação está marcada para o próximo da 16, no Palácio Rio Negro, na segunda edição da Feira Internacional”, avisou.

Concentração antes da apresentação no Palácio da Justiça – Foto: Divulgação

O projeto ‘Sinos de Quintana’ cresceu e hoje Tonny, além dos sinos, dá aulas de flauta doce, teclado, violão, e música terapia (para crianças especiais), para crianças, adolescentes e adultos. Informações podem ser solicitadas pelos: 9 8426-9225 e 9 8426-1694.

“É formando músicos manauaras que agradeço ter sido tão bem recebido em Manaus”, finalizou.

Foto/Destaque: Divulgação

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio

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