E outubro se apresenta com dados que sinalizam o declínio da pandemia a partir do avanço da vacinação no país. Infelizmente, não se apaga o luto das quase 600.000 famílias, até agora.
Na minha juventude – anos 1980 – havia uma tirinha, acho até que virou uma revistinha nas bancas de jornal, com um casalzinho que sempre trazia a frase “Amar é …”.
“Amar é comer chocolate … amar é um abraço apertado… amar é dividir o pôr do sol …”
Se fosse elaborar uma tirinha para o mês que inicia, entre tantas homenagens, dedicaria aos professores, pelo nosso dia (15 de outubro), a frase: AMAR É PROFESSORAR.
Quem já teve a experiência de dar aulas sabe que uma das competências profissionais exigidas é a de amar.
Amar a Pedagogia, o ato de educar; amar a Educação e o poder revolucionário da ação; amar alunos e pais; amar a Escola e o lugar que ensina, o ambiente em que também aprendo.
Conversava com um aluno da UEA de Presidente Figueiredo, durante as aulas práticas retomadas presencialmente, que dizia-se desanimado com o longo período de distanciamento necessário (três semestres) e as aulas remotas. “A turma estava desanimada”.
Todos estamos exaustos, mas, sobreviventes.
Foi preciso uma pandemia para aprendermos o sentido da sala de aula, da relação aluno-professor-aluno, do conhecimento compartilhado no abraço, no olho no olho, da importância da energia, da internet e das tecnologias e ferramentas disponíveis nas diversas plataformas digitais.
No dia 04 de outubro, o colapso por algumas horas de algumas redes sociais mostrou a fragilidade econômica da sociedade brasileira, em especial, os pequenos negócios e serviços estruturados em aplicativos. É possível que, também em função da pandemia, a própria sobrevivência (muitos fecharam as portas) deu-se, forçosamente, pela migração ao ambiente virtual.
Enfrentar os desafios da educação na Amazônia requer ações de Estado comprometidas com os avanços oferecidos às nossas populações e distâncias, a exemplo do Programa Luz para Todos e do atual Programa Amazônia Conectada que pretende interligar 52 municípios do Amazonas através de quase 8 mil quilômetros de cabos de fibra óptica.
Programas públicos como estes materializam a coragem de se entender que existe uma relação estratégica na presença de milhões de pessoas – tradicionais, indígenas, ribeirinhos e citadinos – que habitam e guardam o bioma amazônico, conservando nossas florestas nativas em pé.
Uma economia pungente, como os números anunciados pela SUFRAMA do faturamento nominal do Polo Industrial de Manaus (PIM) em 2020, R$120,04 milhões de reais, exige uma integração de esforços, coletivos, no provimento de condições seguras à prosperidade regional que, em última análise, exige energia elétrica e internet dedicadas à tal sustentabilidade.
Porém, ter luz e acesso às plataformas digitais sem um programa econômico, pensado e estruturado na inovação, promoção do conhecimento e na Educação, caminharemos por legitimar a iniquidade amazônica e planetária, suas castas e privilégios e a miserável falta de humanidade vigente, onde ler e escrever ainda não é um direito universal.
Sempre me assustou evidenciar no último Censo do IBGE (2010) que mais de 150 mil habitantes da região metropolitana de Manaus eram analfabetos.
Nessa volta às aulas presenciais, mesmo no modo híbrido, a experiência da disciplina em Presidente Figueiredo reforça o desafio coletivo de professorar, sempre, com amor, mesmo quando nossos alunos do interior não possuam condições de internet regular e veloz, ou sofram constantes queda de energia elétrica onde estudam.
Na certeza que o olhar para Educação não pode estar reduzido a um dia do calendário de outubro, nosso desejo de praticarmos juntos novas tirinhas, como: “Amar é respeitar seus professores… Amar é viver a Educação… Amar é professorar…”