23 de novembro de 2024

Produção de bicicletas do PIM cresce em setembro

A indústria de bicicletas do PIM (Polo Industrial de Manaus) pedalou com mais força e velocidade, na virada de agosto para setembro. A produção aumentou em 15,9% na comparação, ao passar de 72.293 para 83.766 unidades. Os dados foram divulgados pela Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares), nesta quinta (14). A entidade destaca que este foi o melhor resultado do ano, embora o confronto com o número do mesmo mês de 2020 (89.209 bicicletas) ainda indique uma queda de 6,1%, como reflexo da escassez de insumos.

A mesma base de dados da Abraciclo informa,contudo, que o crescimento se manteve na casa dos dois dígitos, no acumulado dos nove primeiros meses do ano. De janeiro a junho, foram fabricadas 586.536 bicicletas, volume 26,4% superior ao registrado em idêntico intervalo de 2020 (463.894 unidades). Diante dos novos números do segmento, a entidade manteve sua projeção para 2021 –corrigida em agosto. A estimativa é encerrar o presente exercício com 850 mil bicicletas manufaturadas no Polo Industrial de Manaus, o que equivale a uma alta de 27,8% sobre 2020 (665.186).

Com 47.978 unidades fabricadas e 57,3% do volume total, a MTB (Moutain Bike) liderou o ranking das categorias de bicicletas mais produzidas pelo PIM, em setembro, ao avançar 13,8% sobre o dado de agosto de 2021 (42.158) e subir 10,1% ante o patamar de 12 meses atrás (43.567). Com fatia de 24,7% (20.650), a categoria Urbana/Lazer subiu na variação mensal (+4,5%) e amargou queda na anual (-36,6%). Já a categoria Infanto-Juvenil (12.613 e 15,1%) alcançou incrementos respectivos de 83,5% e de 4,2%.

Os três primeiros lugares do ranking mensal de bicicletas fabricadas no parque fabril da capital amazonense foram mantidos também no acumulado do ano, com a MTB (348.155 bicicletas e 59,4% do total produzido) encabeçando a lista, seguida pelas categorias Urbana/Lazer (166.609 e 28,4%) e Infanto-Juvenil (52.022 e 8,9%). As categorias Estrada e Elétrica ocuparam as colocações seguintes.

Escassez de insumos

Em texto divulgado pela assessoria de imprensa da Abraciclo, o vice-presidente do segmento de bicicletas para a entidade, Cyro Gazola, destaca que “os bons números” de setembro reforçam a expectativa do setor –que, até julho, era mais modesta (750 mil unidades no ano). “O brasileiro redescobriu a bicicleta. Hoje vemos muitas famílias retomarem o hábito do pedal. Há ainda aqueles que a usam para deslocamentos urbanos e como instrumento de trabalho”, justificou.

De acordo com o executivo, o foco dos problemas ainda está na dificuldade que a oferta encontra em acompanhar a demanda reprimida, dada a escassez de partes e peças para a produção de novas bicicletas. Os componentes mais escassos seriam os sistemas de freios, transmissões, suspensões e selins, cujo fornecimento ainda é majoritariamente do mercado estrangeiro, notadamente de países asiáticos. Gazola estima que o problema deve persistir até 2022. 

“Apesar de ainda estarmos fortemente impactados pela falta de insumos, os resultados comprovam o esforço das fabricantes em atender ao consumidor que quer adquirir uma bicicleta”, salientou. “A Abraciclo e suas associadas buscam alternativas para não depender tanto dos fornecedores externos.Mas, esse trabalho exige investimento e não acontece de uma hora para outra, pois é preciso manter os padrões de qualidade e tecnologia”, emendou.

O vice-presidente do segmento de bicicletas da Abraciclo ressalta ainda que as fabricantes têm investido em novos produtos, com lançamentos que ajudam a manter o segmento aquecido, além de reforçar o valor e a imagem das marcas brasileiras do produto. “Hoje, as bicicletas produzidas no Polo Industrial de Manaus estão entre as mais tecnológicas do mundo. A indústria nacional segue forte e pronta para retomar o ritmo mais intenso de produção quando a situação dos insumos estiver normalizada”, amenizou.

“Demanda reprimida”

O presidente do Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas), Wilson Périco, disse à reportagem do Jornal do Commercio que avalia que, mesmo diante das dificuldades, o resultado do PIM neste ano será melhor do que o apresentado em 2020, não apenas para duas rodas, como também para os demais segmentos. O dirigente lembra que há uma demanda reprimida por produtos industrializados, em âmbito global, e isso sinaliza simultaneamente uma boa e uma má notícia.

“O mundo ficou parado durante três meses, no ano passado, daí as dificuldades que apareceram. Houve uma retomada simultânea global e os fabricantes de componentes não têm capacidade de atender a produção de bens finais no curto prazo. Daí o atraso no fornecimento de componentes, fazendo com que as empresas tenham de aumentar seus estoques. Tem indústria que está colocando seus pedidos para 2024, para se ter uma ideia. Mas, certamente o resultado deste ano será melhor do que o de 2020”, amenizou. 

No entendimento do presidente do Cieam, contudo, o indicador mais importante a ser conferido é o “social”, manifestado pelo índice de geração de empregos. Périco concorda que faturamento e volume produção são “dados importantes”, mas lembra que a inovação tecnológica está trazendo pressão crescente sobre os postos de trabalho da indústria, em virtude do aumento da automação nos processos fabris. “Temos que olhar, sim, a questão social e o número de vagas que o PIM está gerando. E este é um indicador positivo, neste ano”, frisou.   

Demanda de países vizinhos faz exportações decolarem

O levantamento da Abraciclo aponta que o PIM exportou 3.803 bicicletas, em setembro, o que equivale a um acréscimo de 5,1% na comparação com agosto (3.618) e uma escalada de 334,1% em relação ao mesmo mês do ano passado (876). De acordo com dados do portal Comex Stat, os principais destinos foram os países da América do Sul. Foram embarcadas 2.137 bicicletas para o Paraguai (56,2% do volume total). Na sequência vieram a Bolívia (860 e 22,6%) e Uruguai (639 e 16,8%).

No acumulado do ano, as vendas externas de bicicletas totalizaram 16.773 unidades, um aumento de 66,2% em relação às 10.093 bicicletas registradas em igual intervalo do ano passado. O Paraguai manteve a liderança do ranking, com 9.610 unidades e 57,3% das exportações. Foi seguido pelo Uruguai, que adquiriu 5.606 bicicletas (33,4% do volume exportado) e pela Bolívia (1.312 e 7,8%).

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio

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