À medida que vários estabelecimentos do segmento varejista em diversas cidades brasileiras precisaram seguir restrições impostas pela pandemia, o setor precisou maratonar para manter as vendas. Muitos renderam-se ao e-commerce, o que fez minimizar os prejuízos.
É o que revela pesquisa realizada pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) ao analisar o avanço do do e-commerce. No patamar pré-pandemia, a média da receita das vendas pelo canal on-line registravam, 9,2%. Em julho do ano passado, com apenas quatro meses de pandemia, essa marca mais do que dobrou e foi para 19,8%. E, em junho deste ano, já estava em 21,2%.
Analisando os números, o analista técnico do Sebrae/AM, Denys Cruz, observa que vender pela internet foi um dos caminhos encontrados por cerca de 70% dos donos de pequenos negócios para driblar a crise, no momento em que diversos estados estavam obrigados a ter medidas restritivas para conter a proliferação da Covid-19. “Agora com o comércio em reabertura, estamos enxergando uma adaptação dos consumidores ao modo de compra online, com clientes interessados em continuar com a comodidade de adquirir seus pedidos por meio da Web”.
Ele entende que é uma grande contribuição para o faturamento do comércio, guardadas as comparações em relação à força do varejo presencial. “De qualquer forma, as expectativas é que tenhamos mais um ano de recorde de vendas online, principalmente no final do mês de novembro. E pra isso é importante o empreendedor buscar se adaptar para o digital o mais breve possível”, disse.
Ele descarta que a volta do varejo físico, vá minar as vendas pela internet. “Entendemos que não perde força, pois o digital se torna, nesse momento, um braço adicional de vendas que contribui pro faturamento”.
Outro dado da pesquisa aponta que essa aceleração da digitalização das empresas ocorreu em todos os níveis de porte no setor. Em média, metade das empresas do comércio não faziam nenhum tipo de venda online antes da pandemia. Esse percentual foi se reduzindo com o passar dos meses e espalhado em todos os portes, mas é possível observar que as pequenas empresas continuam sendo as que possuem a maior participação percentual de empresas com vendas exclusivamente presenciais.
O presidente da CDL-Manaus, Ralph Assayag, é bem realista em relação à mudança de hábito dos consumidores. Ele afirma que a venda on-line ajudou muito e já começa a ser uma modalidade representativa. “Tem empresas que chegam a vender até 30%, mas no geral é de 7% a 10%”.
Proibido de desenvolver qualquer tipo de promoção, o comércio tradicional acabou perdendo espaço, mas a saída é usar estratégias para não perder o volume de vendas e manter o atendimento ao consumidor. “Aqueles comerciantes que possuem plataforma do e-commerce têm trabalhado para atrair clientes”.
Por dentro
Vale destacar que 49,7% das empresas não faziam nenhuma venda on-line antes da pandemia. Percentual que sofreu recuo de 28,4% em julho do ano passado, em junho deste ano esse número chegou a 20,2%.
Isso significa que quase 80% de todas as varejistas consultadas pela sondagem faziam uso de canais digitais. Esse número é ainda mais significativo para as empresas de grande porte, com mais de 90% das companhias usando canais on-line. Já as empresas de menor porte continuam mais resistentes à digitalização, com quase 30% do número de varejistas focadas só nas lojas físicas.
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