A chegada da crise ao PIM (Pólo Industrial de Manaus) acelerou os planos da PCE (Papel, Caixas e Embalagens S/A) de substituir a celulose, que utiliza fibra virgem importada, por aparas de papelão, material utilizado na reciclagem, em seus produtos. O foco de atuação da fábrica em 2009, no entanto, estará mais voltado para a adequação ao novo cenário econômico do para a busca pelo crescimento.
Além de ser ecologicamente correta, a mudança vai permitir à firma reduzir o impacto do câmbio em seus custos, principalmente nas importações de celulose branca, mas também em produtos e equipamentos aplicados na produção de papel e caixas importados. De 1º de agosto de 2008 a 1º de fevereiro, o dólar se valorizou em 50%, saltando de R$ 1,56 (2008) para R$ 2,34 (2009), segundo o Banco Central.
Entre as novidades prometidas pela PCE para 2009 está a fabricação de embalagens da linha marrom, com 100% de matéria prima reciclada com aparas de Manaus. Atualmente, a unidade está com 60% de sua produção só com reciclados. A unidade também deve desenvolver calços de papelão e apostar em uma linha de papéis especiais. Vai investir também em maquinário para prensa e colagem de papel, com o objetivo de aumentar a resistência e diminuir custos.
“Os investimentos previstos para este ano vão contribuir para redução dos custos na planta, mas sua efetivação também depende de outros fatores. A única certeza é que temos que nos adequar ao tamanho do mercado com lucro”, explicou o diretor industrial da PCE, Douglas Ribas.
Redução
Embalada pela performance negativa dos últimos meses, a companhia já trabalha com a hipótese de chegar ao final do ano com resultados até 25% abaixo dos registrados no exercício anterior. A firma caiu 32% em 2008, sendo que em relação ao mesmo mês de 2007, o tombo chegou a 48%. Janeiro e fevereiro de 2009, por outro lado, apresentaram números praticamente iguais aos do encerramento do ano.
Dados fornecidos pela ABPO (Associação Brasileira do Papel Ondulado) indicam que a PCE seguiu a tendência do mercado. Em janeiro, o volume comercializado pelo setor (164,5 mil toneladas) foi 4,7% superior ao de dezembro de 2008 (157,1 mil toneladas), mas abaixo do 8,3% apresentado no mesmo mês do ano passado ( 179,4 mil toneladas).
Por conta das dificuldades sentidas a partir da entrada do último trimestre de 2008, quando crise chegou à capital amazonense, a fábrica foi obrigada a efetuar cortes em seu efetivo, reduzindo sua força de trabalho de 370 (2008) para 350 (2009) e não deve voltar a contratar no curto prazo.
A situação só não foi pior porque, segundo o diretor industrial da PCE, a empresa já havia entrado em um processo de reestruturação e adequação de produtos e mercados, embora a retração de mercado tenha contribuído para acelerar medidas.
Coleta seletiva avança em 2008
Atuante no PIM desde 1997, a PCE faz parte da cadeia de coleta seletiva como coletora e recicladora. Seu programa consiste em separar o lixo seco e reciclável (papel, embalagens longa vida, latinhas e metais, plástico e vidro), que será reaproveitado pela própria planta como matéria-prima. O restante é vendido para cooperativas de catadores, que repassam o material a recicladores.
A PCE compra mensalmente quase 3.000 toneladas de aparas de papel recolhidos das ruas de Manaus. Douglas Ribas destaca que a coleta seletiva pelas associações de bairros avançou em 2008.
O destaque na área socioambiental, entretanto, é o projeto para geração de energia térmica e elétrica utilizando lixo industrial do Distrito Industrial. A coleta seletiva de lixo passível de ser queimado em fornos especiais permitiria reduzir o consumo de óleo combustível, mas o diretor industrial da PCE admite que um eventual agravamento da crise poderia adiar o investimento.