18 de outubro de 2024

Precisamos de Shinrin-Yoku, Tomar Banho de Floresta

Ambientes naturais contribuem para combater o estresse e melhorar a qualidade de vida das pessoas. Nesse sentido, o artigo aborda sobre o estresse, a importância de políticas públicas para proteger, melhorar e interagir com o Meio Ambiente, destacando uma terapia adotada no Japão que promove o desenvolvimento sustentável e a saúde pública.

Segundo a Confederation of British Industry, o estresse surge quando a pressão exercida sobre um indivíduo excede a sua capacidade de lidar com ela. E uma pesquisa realizada no Reino Unido <https://bit.ly/3nClpk9>, publicada em nov/21, pela Agência Governamental Health Safety Executive, revelou que: a) a taxa de estresse, depressão e ansiedade relacionado ao trabalho, para cada 100000 trabalhadores, tem crescido continuamente desde 2014, chegando a 2480 em 2020/2021; b) em 2020/21, o estresse, a depressão ou ansiedade representou cerca de 50% de todos os casos de problemas de saúde no trabalho daquele país; c) entre as principais causas estão os prazos apertados, o excesso de responsabilidades e falta de apoio gerencial (2009/10 e 2011/12); d) dos 822000 trabalhadores identificados com esses problemas em 2020/21, cerca de 449000 (55%) relataram que eles foram causados ou agravados pelos efeitos da pandemia de Covid19.

Outra pesquisa publicada há mais de 5 anos pela International Stress Management Association <https://bit.ly/3AjxG4z> revelou que o Japão (70%), o Brasil (30% dos 100 milhões), China (24%), EUA (20%) e Alemanha (17%) são os piores países com população economicamente ativa sofrendo de Burnout, o tipo mais devastador do estresse. E creio que, se esse estudo fosse feito anualmente, o percentual no Brasil teria piorado desde 2015 por conta do aumento do endividamento das famílias, pela profunda recessão que assolou o país, agravada desde 2019, com piora da condição de vida de parcela significativa da população, isolamento e perdas durante a pandemia, retrocessos, recordes de desemprego, pela piora ambiental, instabilidade política, caos e polarização maléfica que se instalou na nação.

Segundo o Ministério da Saúde <https://bit.ly/3bNUiQw>  o diagnóstico e o tratamento contra o estresse, síndrome de Burnout, devem ser acompanhados por especialista, especialmente psicólogos, psiquiatras, podendo haver a necessidade de psicoterapia, medicamentos, mudanças nos hábitos e estilo de vida. No entanto, países mais responsáveis com a população, vão muito além disso, suas políticas nacionais englobam desenvolvimento sustentável, acompanhadas de programas para educar e melhorar a saúde mental do cidadão.

E há estudos que comprovam que o contato com a natureza faz bem, como inúmeros benefícios para o cidadão. Por exemplo, um estudo publicado em Julho/21 <https://bit.ly/3AgCvvs> revelou que ficar mais tempo ao ar livre afeta a plasticidade da estrutura cerebral, corroborando com as evidências informais sobre os efeitos promotores da saúde e do humor após uma caminhada. O estudo fornece evidência de mecanismos cerebrais subjacentes às chamadas prescrições verdes, com possíveis consequências para futuras intervenções em transtornos mentais.

Outro estudo desenvolvido por cientistas do Reino Unido e Finlândia, publicado no final de 2013, na Revista Environmental Science & Technology <https://bit.ly/3yggjia>, que durou 5 anos e envolveu dois grupos (Grupo 1 com moradores se se mudaram para áreas urbanas mais verdes e Grupo 2 com moradores de áreas menos verdes) revelou que: a) melhora na saúde mental no Grupo 1, mantida por pelo menos 3 anos depois da troca de endereço; b) piora na saúde mental das pessoas que passaram a ter menos convívio com a natureza (G2).

Assim, estas e outras pesquisas <https://bit.ly/3yClw5n https://bit.ly/3yd0jO3 https://bit.ly/3yAqsb6> reforçam a necessidade de políticas que promovam o desenvolvimento sustentável e estimulem a população a ter uma melhor comunhão com a mãe natureza. E há muitas experiências interessantes que poderiam servir de benchmark para o Governo Federal, Estadual e Municipal, mas neste artigo me limitarei a comentar sobre o Shinrin-Yoku, conhecido como Banho de Floresta lá no Japão.

Foi desenvolvido em 1982 pelo Tomohide Akiyama, então Diretor da Agência Florestal do Governo Japonês, a fim de promover a saúde pública e encorajar a população a fazer imersão na natureza. Neste sentido, recomendo o livro “Shinrin Yoku: The Japanese Art of Forest Bathing”, do Dr. Yoshifumi Miyazaki <https://amzn.to/3I7FZSZ>, que cunhou o termo “Terapia Florestal”, ele conduz e publica diversas pesquisas científicas <https://bit.ly/3bzPbmG> que atestam os benefícios para a saúde ao fazer uma imersão nas florestas.

No Japão, um programa de certificação teve início em 2006, certificando 62 florestas como locais para fazer a terapia ou realizar pesquisas científicas. Entre 2004 a 2012, o Governo investiu US$ 4,3 milhões em pesquisas sobre os efeitos fisiológicos e psicológicos da Terapia Florestal, designando 48 trilhas terapêuticas com base nos resultados obtidos.

Lá há empresas que enviam seus funcionários para estes ambientes, a fim de restaurar-se. Em grande síntese, já foi comprovado que o Banho de Floresta <https://bit.ly/3yaWmcI https://bit.ly/3IbWLAj> traz os seguintes benefícios: 1) reduz os hormônios relacionados ao estresse; 2) aumenta a atividade do nervo parassimpático, responsável por fazer o organismo se acalmar após uma experiência de emergência ou estresse; 3) alivia a tensão; 4) eleva o humor; 5) aumenta a produção de proteínas anticancerígenas; 6) melhora a vitalidade, etc. Os experimentos também indicaram que uma viagem de Banho de Floresta durando 3 dias e duas noites impulsionou o sistema imunológico dos envolvidos, demonstrado por um aumento na contagem de células Natural Killer (NK), responsáveis pela defesa do sistema imunológico. 

O Banho de Floresta ajuda a conectar o ser humano com a mãe natureza, explorando os cinco sentidos, resgatando o que há de mais profundo em nossa existência. Nestes links <https://bit.ly/3NysIE5 https://bit.ly/3OZQkT3 e https://www.fo-society.jp/en/> o leitor tem acesso a história, benefícios, artigos, turismo, florestas certificadas, etc. Infelizmente, no Brasil, os retrocessos do Governo Bolsonaro na área Ambiental têm facilitado inúmeros crimes ambientais, recordes de mortes, desmatamento e queimadas em nossas florestas. Não podemos silenciar, precisamos de Shinrin-Yoku, tomar Banho de Floresta, buscar um desenvolvimento racional sustentável, substituindo a dinâmica do EGO, pela do ECO, gerando riquezas e saúde mental com a floresta em pé, com mais áreas urbanas verdes, caso contrário, nossos filhos sofrerão muito em uma região cada vez mais violenta, quente, inóspita, doente, fétida, poluída, estressante e morta.

Jonas Gomes

Prof. Dr. Jonas Gomes da Silva - Professor Associado do Dep. de Engenharia de Produção com Pós Doutorado iniciado no ano de 2020 em Inovação pela Escola de Negócios da Universidade de Manchester. E-mail: [email protected].

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