As mudanças conceituais com que certos estudos no segmento da medicina ocorrem, deixam-nos cada vez mais preocupados, porque ocorrem em espaços cada vez menores. A bola da vez é o estudo que afirma “não ser a gordura causadora da celulite a vilã para os problemas cardíacos”, tendo concluído que “esses riscos decorrem da presença da gordura dentro dos músculos pois a subcutânea não é necessariamente prejudicial à saúde”, diz o estudo publicado na revista Heart Failure, do Colégio Americano de Cardiologia (in Estadão).
Interessa-nos o fato de que antes havia uma recomendação e depois outra, antes havia um entendimento e depois outro sobre o que é recomendável para os cuidados com a saúde do corpo – o que afasta a certeza quanto à adoção de certos procedimentos. Interpretar a bula de remédios ou discutir sobre as consequências de vários tratamentos e seus reflexos nos demais órgãos passou a ser obrigação do paciente – mesmo porque este é o dono do seu corpo e sofre as consequências, caso deixe de tomar os devidos cuidados.
O médico tem o dever de requerer os exames necessários e avaliá-los, receitar e sustentar sua conclusão – cabendo ao paciente questionar antes de aceitar, sanando as suas dúvidas. Por isso, nada passará a ser definitivo em matéria de saúde, sendo assim ao receber as orientações de que algo que tem contra-indicação, cabe-nos dimensionar o valor da suposta cura, ou seja, avaliar o custo benefício do tratamento com a possível melhora da causa, mas acima de tudo atacando às suas consequências – já que outras partes do corpo poderão ser atingida.
É de conhecimento popular, que as mulheres detestam possuir gordura nos quadris e coxas, elas devem também procurar o tratamento que traga resultados positivos, ficando claro que sem a realização de exercícios físicos e a absorção de fibras os resultados serão negativos. Portanto, devemos ser honestos conosco, evitando a obesidade e a geração de processos inflamatórios que poderão vir a ser crônicos e com consequências fatais em certos casos. Por isso, a relação paciente/médico não pode ser de dependência ou submissão; cabendo ao paciente questionar o tratamento e seu objetivo; o tempo estimado; as contra-indicações dos remédios, isso em face das alterações decorrentes do avanço no trato de certas situações externas apresentadas pelo corpo.
A medicina como ciência em constante evolução tem o dever de buscar soluções que independam dos fatos, das causas existentes e das consequências evidentes – que não podem sofrer um processo de descontinuidade. Por isso, a vulnerabilidade que ocorre deve ser para prevenir e não para afastar.
Felizmente, a ciência e a tecnologia parecem estar unidas com o propósito de enfrentar os males que afligem o ser humano, cabendo à comunidade médica absorver o que os novos estudos trazem como indicativo de tratamentos mais eficazes. E, como consequência desse avanço compete à indústria farmacêutica melhorar a qualidade de vida dos pacientes que necessitam de tratamentos, daqueles que buscam a cura ou a obtenção de uma vida saudável. Essa vulnerabilidade para o bem é o que esperamos.
Neste sentido, o New England Journal of Medicine em recente estudo sobre o cérebro dos idosos, a conclusão final foi que este é mais prático, pois escolhe os caminhos que diminuem os fatos desnecessários, armazenam apenas os que ensejaram momentos felizes. Todos devemos ter uma atividade para diminuir o chamado “esquecimento”; seja ela manual ou intelectual. Viver é pensar, criar e executar, por isso toda pessoa idosa deve ter orgulho da sua idade, porque de fato essa é a melhor idade.
Manaus/AM, 09 de Agosto de 2022.
JOSÉ ALFREDO FERREIRA DE ANDRADE
Ex- Conselheiro Federal da OAB/AM nos Triênios 2001/2003 e 2007/2009 – OAB/AM A-29