24 de novembro de 2024

Atenção primária é opção para melhor atendimento na saúde pública, defende médico

 MARCELO PERES

Face: @marcelo-peres   Instagram: @jcommercio

O médico Emanuel Butel é o entrevistado do podcast do Jornal do Commercio. Ele falou sobre a importância da atenção primária para a prevenção de doenças, reduzindo ainda os custos do setor público na área de saúde, algo que hoje impacta na sobrecarga do sistema da rede pública.

Recebido pelos jornalistas Caubi Cerquinho e Fred Novaes, diretor de redação do JC, Butel disse que a atenção primária é a porta de entrada na saúde. É onde o paciente deveria buscar o primeiro atendimento diante de um eventual problema. No entanto, a precariedade na operação do sistema, hoje de maior responsabilidade das prefeituras, impacta nas qualidades dos serviços à população, causando superlotação em hospitais e dificultando a atuação dos médicos e de toda a equipe técnica.

Atualmente, só a rede pública está envolvida na atenção primária. E praticamente inexiste na iniciativa privada. “Em geral, as prefeituras relegam a segundo plano um atendimento primário que poderia prevenir doenças, evitando que o paciente fique perambulando em unidades de saúde em busca de especialistas”, afirma Butel.

Segundo ele, esses setores não contam com especialistas em medicina de família, com formação específica para intervir em casos envolvendo a atenção primária.

“As unidades não possuem o profissional habilitado, tendo apenas clínicos gerais que não têm uma visão macro para o tratamento que os serviços reclamam. Se houvesse uma intervenção na porta de entrada, eventuais problemas de saúde poderiam ser resolvidos logo no início”, afirma. “A partir daí, os casos de maior complexidade seriam encaminhados para as atenções secundária, terciária e até quaternária, respectivamente, de acordo com o diagnóstico”, acrescenta o médico.

Hoje, a medicina de família é o principal viés para evitar congestionamentos no sistema de saúde. Essas dificuldades ficaram mais evidentes em Manaus e nos outros 61 municípios do Estado do Amazonas durante a primeira e segunda ondas da pandemia do novo coronavírus.

Com falta de infraestrutura, o sistema de saúde colapsou praticamente.  A rede não teve fôlego para atender às vítimas da Covid-19. A demanda aumentou tanto que causou um cenário de guerra –pacientes morrendo nas filas para atendimento e dezenas de cadáveres sendo enterrados em valas coletivas.

Especializado em clínica geral e medicina de família, Emanuel Butel também defende a volta das casinhas de saúde, cujos equipe médica fazia atendimento domiciliar, facilitando a vida principalmente de idosos que têm dificuldade para locomoção.

“Esse sistema deveria ser melhorado se contasse com profissionais habilitados para a função, com equipes auxiliares e ainda de materiais operacionais”, afirma. “Não adianta ter só a infraestrutura. Precisa de pessoal qualificado e ainda de remédios para os pacientes, aspectos que dificultaram o atendimento anteriormente”, diz.

A medicina preventiva é, hoje, o maior foco nos países mais desenvolvidos. Com orientações e supervisão médica efetivas, as pessoas têm maior sobrevida, melhoram a qualidade de vida, prevenindo diversas doenças, principalmente problemas cardíacos, diabetes e controle da hipertensão, segundo o médico.

“Precisa de maior investimento na prevenção. Tudo isso vai refletir mais adiante na funcionalidade do sistema e na resolutividade das ações, beneficiando tanto a população assistida como os profissionais que atuam na medicina preventiva”, ressalta ele. “Esse é o grande diferencial da medicina preventiva que pode melhorar a vida das pessoas, aumentando também a sobrevida”, frisa ele.

Butel disse, ainda, que os idosos devem ter uma atenção especial. As maiores causas de óbitos nessa faixa etária são as quedas. Em geral, as famílias não atentam para certos cuidados em casa. Pisos molhados e cerâmica sem aderência estão no topo do ranking dos maiores motivadores de acidentes no seio familiar.

A população mais idosa também fica mais vulnerável a doenças. Com a queda da imunidade, uma pneumonia eventual pode se transformar em um caso de alta complexidade, evoluindo para problemas secundários que vão atingir todo o organismo. “Por isso, é importante investir na medicina preventiva que vai se refletir em melhores condições de saúde mais adiante”, afirma o médico.

Emanuel Butel faz parte da equipe médica da clínica Urmed, que funciona no bairro D. Pedro, zona Oeste de Manaus. A empresa também tem uma unidade em operação em Manacapuru, município que faz parte da Região Metropolitana da capital. E oferece também especialidades em pediatria, cardiologia, entre outros serviços de atenção primária.

Marcelo Peres

Veja também

Pesquisar