19 de setembro de 2024

Amazonas abriu 5.214 postos de trabalho com carteira assinada em setembro

Embalado pelos setores de serviços e indústria, o Amazonas abriu 5.214 postos de trabalho com carteira assinada em setembro. Pelo nono mês seguido, as admissões (+21.243) bateram as demissões (-16.029), permitindo um acréscimo de 1,10% sobre o estoque anterior. O desempenho veio mais forte do que os registros de agosto (+4.088) e julho (+3.620) e, desta vez, também conseguiu superar a marca de 12 meses atrás (+4.265). A maior parte da oferta veio novamente de Manaus (+1,08% e +4.647), que concentrou 81,80% das novas vagas abertas.

A alta proporcional de criação de vagas formais no Amazonas (+1,10%) voltou a bater a média nacional (+0,65%), além de superar o número da região Norte (+0,95%). Com o novo incremento mensal, o mercado de trabalho do Estado também se manteve no azul nos acumulados dos nove meses iniciais do ano (+7,41% e +32.931) e dos últimos 12 meses (+8,47% e +37.269). O estoque – que é a quantidade total de vínculos celetistas ativos – chegou a 476.058 ocupações formais. É o que revelam os números do ‘Novo Caged’, divulgados pelo Ministério do Trabalho e Previdência, nesta quarta (26).

Em paralelo, o Brasil gerou 278.085 empregos celetistas, no mês passado, com 1.926.572 contratações e 1.648.487 desligamentos, e incremento mensal de 0,66%. O número também veio pouco abaixo de agosto (278.639) e também veio distante do patamar de setembro de 2021 (+316.993). No aglutinado dos nove meses, foram criados 2.147.428 postos de trabalho em todo o país, situando o estoque brasileiro em 42.825.783 vínculos empregatícios. Todos os setores econômicos e regiões brasileiras avançaram, com destaque absoluto para os serviços (+122.562) e proporcional para Alagoas (+4,13%).

Vale notar, no entanto, que a oferta de empregos formais ainda está distante da demanda dos trabalhadores, tanto em âmbito estadual, quanto nacional. Os dados mais recentes do IBGE mostram que, embora tenha diminuído, a quantidade de amazonenses na fila do desemprego ainda é muito maior e já chegava a 203 mil, no segundo trimestre deste ano. A mesma base de dados informa ainda que o nível de ocupação da mão de obra do Amazonas, por outro lado, ainda estava em 56,2% da população apta ao trabalho, sendo que mais da metade dessas vagas (57,7%) não contava com carteira assinada.

Serviços e indústria

Assim como ocorrido em âmbito nacional, todas as cinco atividades econômicas do Amazonas fecharam setembro no campo positivo – contra quatro, em agosto. O setor de serviços (+1,58% e +3.384) manteve a liderança, além de aumentar sua participação na oferta local de novas vagas, respondendo por 64,90% do total. Os destaques vieram das atividades de apoio à educação (+638), dos segmentos de seleção, agenciamento e locação de mão de obra (+623), serviços para edifícios e atividades paisagísticas (+390), e alimentação fora do lar (+330), entre outros.

A indústria manteve a vice-liderança e emendou seu quinto mês seguido no azul, ao criar 1.269 vagas celetistas e gerar variação positiva de 1,07% na comparação com o estoque anterior. Foi um saldo superior ao alcançado em agosto (+897) e foi puxado principalmente pelo reforço nas linhas de produção das indústrias de transformação (+1,14% e +1.235), especialmente nas divisões de equipamentos de informática produtos eletrônicos e ópticos (+772) e de produtos alimentícios (+196). A indústria extrativa (+24) e o segmento de água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e descontaminação (+13) fecharam no azul, o que não ocorreu na atividade de eletricidade e gás (-3).

Em um mês sem datas comemorativas, o grupo que inclui comércio e reparação de veículos (+0,42% e +4,65%) permaneceu na terceira colocação em termos de geração de postos de trabalho com carteira assinada no Amazonas, ao alcançar desempenho bem inferior aos de agosto (+731) e julho (+1.615). Ainda assim, foi o oitavo mês consecutivo de saldo positivo. O maior impulso continuou vindo do varejo (+294), sendo seguido de longe pelo atacado (+100) e pelo segmento de reparação de automóveis e motocicletas (+71). 

Pelo segundo mês, a agropecuária (+1,27% e +49) conseguiu se segurar no campo positivo e obteve o segundo maior índice de alta. Foi favorecida pela pecuária (+37) e pelas lavouras temporárias (+28), em detrimento da pesca/aquicultura (-3) e da produção florestal (-2). Já a construção (+0,19% e +47) mostrou recuperação, após amargar dois meses de queda. A atividade segue favorecida pelas obras de infraestrutura (+139) e a construção de edifícios (+44) voltou a crescer, mas os serviços especializados (-136) demitiram mais.

De janeiro a setembro, o saldo positivo de empregos do Amazonas também se estendeu a todos os cinco setores. Os melhores números vieram dos serviços (+10,12% e +20.009). A indústria criou 4.793 postos de trabalho e ampliou seu estoque em 4,16%, e o comércio somou 6.068 vagas (+5,80%). Embora apareça um dos menores saldos da lista, a construção (+2.055) alcançou a segunda maior taxa de expansão (+8,85%). Em contraste, a agropecuária (-0,15% e +6) ficou praticamente empatada. 

“Acima do esperado”

O presidente da Fieam, Antonio Silva, disse à reportagem do Jornal do Commercio que considerou que os números do ‘Novo Caged’ vieram acima do esperado. Segundo o dirigente, a previsão do setor era de relativa estabilidade para a geração de empregos, com “leve variação positiva”, dado o cenário de “instabilidade política” e os complicadores já conhecidos que a indústria vem enfrentando desde o início da pandemia – como as oscilações no fornecimento de insumos e o impacto da inflação na demanda.

“Tínhamos uma expectativa positiva de resposta da indústria, mas, certamente, os indicadores nos surpreenderam positivamente. De toda a sorte, o país e o Amazonas têm apresentado uma retomada gradual e constante na criação de postos de trabalho formais, mesmo diante das adversidades, ratificando a solidez da indústria local e nacional. Nossas projeções para o último trimestre são de crescimento também, principalmente se considerarmos a sazonalidade ordinária e o fator Copa do Mundo”, ponderou.

Fretes e dólar

O presidente em exercício da Fecomercio-AM, Aderson Frota, destacou que os saldos positivos de comércio e serviços apontam para situações divergentes em ambas as atividades econômicas. Segundo o dirigente, os serviços sofrem menos com os aumentos no custo do transporte de cargas, embora não fiquem alheios aos impactos do aumento da inadimplência do consumidor, diante das elevações da inflação e dos juros.

“O setor que deslanchou em termos de empregos, tanto no Brasil, quanto no Amazonas, foi exatamente o de serviços, apesar desse quadro adverso. Ele estava contido, por uma série de fatores. O comércio vinha gerando boa quantidade de empregos, mas enfrenta muitos problemas. Em função do aumento dos preços dos fretes e da disparada do dólar, a taxa de juros aumentou e impactou no endividamento e inadimplência das famílias, gerando vendas menores”, arrematou, acrescentando que ainda espera que o varejo amazonense consiga fechar o ano com crescimento. 

Por Marco Dassori

Twitter: @marco.dassori  Twitter: @JCommercio

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio

Veja também

Pesquisar