19 de setembro de 2024

Soma das exportações e importações avançou 10,43%, em 2022

A corrente de comércio exterior do Amazonas reagiu em dezembro. A soma das exportações e importações totalizou US$ 1.27 bilhão e avançou 10,43% na comparação do com o dado de 12 meses atrás (US$ 1.15 bilhão). Em sintonia com o calendário de fim do ano, as importações, que são majoritárias e lastreadas pelos insumos para o PIM, voltaram a aumentar. O mesmo se deu com as exportações, com a consolidação dos concentrados e motocicletas nas primeiras posições, além da presença relevante de ouro, nióbio e produtos revendidos à Venezuela. É o que revelam os números do portal Comex Stat.

A base de dados do governo federal informa que as vendas externas somaram US$ 82.13 milhões no mês passado, ficando 22,18% acima de novembro (US$ 67.22 milhões) e 3% superiores à marca de 12 meses atrás (US$ 79.74 milhões). As importações (US$ 1.19 bilhão) subiram 6,25% (US$ 1.12 bilhão) e 11,21% (US$ 1.20 bilhão), respectivamente. Com isso, o ano fechou com alta de 4,27% para as exportações (US$ 905 milhões) e incremento de 7,26% para as compras no exterior (US$ 14.19 bilhões). 

A análise trimestral, que costuma ser usada para indicar tendências, mostra que o comércio exterior amazonense desacelerou na reta final do ano. As vendas externas não passaram dos US$ 227.30 milhões e retrocederam 7,80% no confronto com os três meses anteriores (US$ 246.54 milhões). As importações (US$ 3.48 milhões), por sua vez, encolheram 2,79% diante do trimestre anterior (US$ 3.58 milhões). A comparação com o mesmo trimestre de 2021 apresentou altas respectivas de 3,47% e de 6,18%. 

Levando em conta a pesagem das mercadorias, o panorama anual foi diferente, em sintonia com eventuais impactos da variação cambial e da inflação internacional, produto a produto. O volume das vendas externas não passou de 24,89 mil toneladas e caiu 12,48% no confronto com o mesmo mês de 2021. As aquisições no estrangeiro foram na direção contrária e mais que dobraram (+104%) na mesma comparação, atingindo 347,48 milhões de toneladas. Em 12 meses, foi confirmado um tombo de 22,57% para as exportações (242,56 mil) e uma alta de 18,18% nas importações (2,73 milhão).

Efeito sazonal

A lista de importados segue dominada por insumos para o PIM, como circuitos integrados e microconjuntos eletrônicos (US$ 173.77 milhões), mas incluiu também óleos de petróleo” (US$ 110.74 milhões). Na sequência estão polímeros de etileno (US$ 88.61 milhões), componentes para eletroeletrônicos (R$ 65.57 milhões) e para veículos de duas rodas (R$ 61.99 milhões), e discos, fitas e suportes para gravação de sons (US$ 61.62 milhões). Manufaturados revendidos pelas multinacionais do Polo, como celulares (US$ 40.39 milhões) e condicionadores de ar (US$ 38.60 milhões) também tiveram relevância. 

A China (US$ 515.72 milhões) confirmou liderança no ranking de fornecedores para o PIM, com progressão de 7,38% na comparação com o valor de um ano atrás. Foi seguida pelos EUA (US$ 180.68 milhões), Coreia do Sul (US$ 65 milhões), Vietnã (US$ 58.16 milhões), Taiwan/Formosa (US$ 54.11 milhões), Japão (US$ 45.57 milhões), Índia (US$ 30.92 milhões) Tailândia (US$ 29.46 milhões) e Bélgica (US$ 26.46 milhões), entre outros. Apenas Coreia, Vietnã e Taiwan regrediram na variação anual.

“É comum que dezembro seja melhor do que novembro para a balança comercial, porque reflete as vendas natalinas. No caso das importações, há um crescimento vegetativo em função do aumento da produção do PIM e a demanda da industrial local por mais insumos nesta época. Mais de 90% das compras do Amazonas no estrangeiro costumam ser de matéria-prima para o Distrito. Há de se considerar também o câmbio do período, que possibilitou comprar mais com menos dólares”, ponderou o gerente executivo do CIN (Centro Internacional de Negócios) da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Marcelo Lima.

Colômbia e concentrados

Do lado do ranking das exportações do Estado, a Colômbia (US$ 13.47 milhões) emendou seu quinto mês consecutivo na liderança, com elevação de 8,45% na comparação com o mesmo mês de 2021. Tradicional parceira do PIM, a Argentina (US$ 8.87 milhões) seguiu n quarta colocação, sendo precedida pela Venezuela (US$ 12.32 milhões) e pela China (US$ 9.14 milhões).  Na sequência estão Bolívia (US$ 7.66 milhões), Estados Unidos (US$ 7.35 milhões) e Alemanha (US$ 5.59 milhões), em uma lista de 60 nações. 

As preparações alimentícias/concentrados (US$ 15.10 milhões) mantiveram a primazia entre os destinos das vendas externas do Amazonas, apesar do recuo de 4,91%. As motocicletas (US$ 15.04 milhões) retomaram a vice-liderança, com acréscimo de 38,11% na mesma comparação. As demais posições foram ocupadas por extratos de malte (US$ 7.07 milhões), óleos de petróleo (US$ 5.78 milhões) ouro (US$ 5.78 milhões) – graças aos embarques para Alemanha e Emirados Árabes – e ferro-ligas/nióbio (US$ 5.44 milhões) – remetido à China, Alemanha e Estônia –, em uma lista de 320 itens.

Apesar da confirmação da presença dos concentrados e das motocicletas no pódio das vendas externas do Estado, os próximos manufaturados do Polo Industrial de Manaus presentes na lista só aparecem na oitava, 13ª, 14ª, 15ª e 17ª posições: lâminas e aparelhos de barbear (US$ 2.76 milhões), televisores (US$ 884.943), canetas (US$ 880.943), celulares (US$ 821.202) e isqueiros (US$ 636.042).

“O resultado das exportações já era esperado, mesmo considerando que os produtos de maior venda sejam concentrados, que não sofrem soluções de descontinuidade. A maior observação que se faz é em relação às motocicletas, que têm registrado crescimentos substanciais, tanto nas vendas internas, quanto nas externas. E isso deve continuar em 2023, já que o PIM vem atingindo todas as metas de produção”, avaliou Marcelo Lima.

Tendência de crescimento

O gerente executivo do CIN/Fieam assinala que a Colômbia já encabeça a lista de destinos das exportações do Amazonas há algum tempo, enquanto a Argentina vem enfrentando problemas econômicos – inclusive de câmbio – e dificilmente deve retomar a liderança tão cedo. A Venezuela, por outro lado, estaria restringindo suas compras a produtos básicos que não são necessariamente produzidos na ZFM, mas revendidos por atacadistas do Amazonas. O especialista acrescenta que, diferente do ocorrido com os países vizinhos, a China mantém posição de destaque no ranking graças às compras de produtos primários, com destaque para minérios (nióbio e ouro) para utilização industrial. 

“Apesar de nossas exportações não terem atingido US$ 1 bilhão, como já ocorreu em anos anteriores, estamos caminhando para retomar essa marca. Em 2023 temos um novo governo e há perspectivas de maior colocação dos produtos brasileiros no mercado estrangeiro. Se formos observar a série histórica, nos últimos dez anos, nossas exportações ficaram abaixo do volume da década anterior. Diante desse cenário, tenho de ficar otimista. Já as importações vão depender da demanda do Distrito. Devemos ter reflexos dessas mudanças a partir do segundo semestre”, arrematou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio

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