Em 2022, o consumo de energia elétrica no Amazonas cresceu 3,3% em relação a 2021.
Uma análise mais detalhada mostra que o primeiro semestre foi de oscilações, com quedas em abril e junho, sobretudo por conta das temperaturas mais amenas registradas no Estado, quando comparadas com os mesmos meses do ano anterior. Com o calor menos intenso, é natural a redução no uso de aparelhos de ar-condicionado, o que explica o resultado nesses períodos. Os dados são do Boletim InfoMercado Quinzenal, da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica)
Já no segundo semestre, houve crescimento em todos os meses. “A alta reflete não só o
aumento das temperaturas, principalmente em setembro, novembro e dezembro, mas também a evolução de setores importantes da indústria local, com destaque para os ramos de manufaturados diversos e veículos”, detalhou Talita Porto, vice-presidente do Conselho de Administração da CCEE
Na avaliação da CCEE, o que mais chama a atenção no Amazonas é o crescimento do consumo no chamado mercado livre. Esse ambiente, no qual é possível escolher o fornecedor e as condições de contratação da energia elétrica, atende, hoje, apenas as grandes indústrias e empresas. “Portanto, um aumento no resultado do segmento demonstra a retomada de setores importantes da economia amazonense, que, na primeira metade de 2021, ainda enfrentavam os desafios impostos pela pandemia de Covid-19”.
Segundo Talita Porto, o resultado não é considerado negativo. “Pelo contrário, é um indicador que comprova que a indústria do Estado está retomando a sua produção e pode ser um bom sinal para a economia. Em relação ao ar-condicionado, defendemos um uso consciente dos aparelhos, que hoje representam boa parte da demanda por energia nas residências e estabelecimentos comerciais, mas entendemos que é possível utilizar os equipamentos de forma responsável, até para que as famílias e empresas tenham maior controle sobre as suas despesas”.
Conforme o estudo, cinco Estados da região Norte do país apresentaram aumento no consumo de energia elétrica em 2022, na comparação com o mesmo período do ano anterior. Destaque para Rondônia, que teve a maior alta, de 10,4%, seguido por Tocantins, que avançou 5,1%, além do Amazonas, com crescimento de 3,3%.
No geral, o resultado foi puxado tanto pelo mercado regulado, em que as residências e pequenas empresas contratam seu abastecimento diretamente das distribuidoras, quanto no ambiente livre, aquele no qual a indústria e as grandes redes de comércio e serviços podem escolher o seu fornecedor.
No segmento regulado, as temperaturas mais altas que as registradas em 2021 levaram a um uso mais intenso de aparelhos de refrigeração, como ar-condicionado. Já no livre, chamam a atenção os crescimentos do Amazonas, de 13,3%, e do Pará, de 2,1%. O avanço no último ano tem relação com a recuperação da economia local, que foi fortemente impactada pelas restrições contra Covid-19 em 2021, e com a retomada das atividades da indústria de metalurgia.
Outros números
Dos 15 ramos de atividade monitorados pela CCEE, a indústria têxtil foi a que apresentou a maior redução do consumo no ano passado. O setor encerrou 2022 com uma carga de 671 megawatts médios, volume 3,8% menor do que em 2021.
“O resultado é reflexo de um ano bastante desafiador para o segmento. O cenário internacional impactado pelo conflito entre Rússia e Ucrânia, pela falta de matéria-prima e pelos preços elevados de transporte atuou como um freio para a produção nacional. O consumo menor de energia é resultado disso”, explica Rui Altieri, presidente do Conselho de Administração da CCEE.
Em uma análise regional, Paraíba e Minas Gerais se destacam, pela redução de 19,9% e 14,1% no consumo do segmento, respectivamente. Em termos absolutos, a indústria têxtil paulistana é a mais representativa, porém o Estado registrou uma leve alta de 0,9% no comparativo anual.