25 de novembro de 2024

Fraternidade e Fome

A Campanha da Fraternidade (CF) deste ano, 2023, traz como tema “Fraternidade e Fome” e o lema “Dai-lhe vós mesmo de comer!” e propõe aos cristãos “um caminho de conversão para não ceder à cultura da indiferença frente ao sofrimento humano”, conforme pede o Papa Francisco. Ou seja, a CF convoca a todos, católicos e não católicos, a considerar a fome como referência para reflexão e propósito de conversão e escancara um dos problemas sociais mais grave do Brasil atual, a fome, que se alastrou muito no governo passado. 

Especialistas afirmam que, como a política econômica do ex-ministro Paulo Guedes foi voltada exclusivamente para o grande capital financeiro, sem nenhuma preocupação com a população mais humilde do país, o resultado não poderia ser outro, senão o aumento da fome e da pobreza no Brasil. No entanto, para os burgueses, a fome no Brasil não é um problema real e sim uma questão ideológica e por propor tal reflexão, a  Igreja Católica vem sofrendo sérias críticas, especialmente por parte dos eleitores do ex-presidente.

Sobre esta questão, o padre João Mendonça – Salesiano de Dom Bosco (SDB), afirma: “Grupos de pseudos-cristãos modernos, os que querem fazer da religião uma ideologia rígida e obscura, repleta de prescrições, sem o Espírito Santo, estão promovendo uma anti-campanha da fraternidade com o formato hipócrita e farisaico que os caracterizam. 

Estão incomodados com o tema da FOME porque são pessoas rechonchudas, gordas de sua soberba, de falta de caráter, da ausência total do Evangelho porque aceitaram e se lambuzaram das ofertas que o diabo lhes ofereceu e comeram até a saciedade. Vivem movidas pelo rancor, pela indiferença, pelo ódio e pela ânsia de dinheiro. Aliás, a religião para este tipo de gente significa produto, lucro, barganha.

A FOME social, uma das dimensões da CF 2023, os incomoda porque eles rejeitam os pobres, não aceitam o Jesus peregrino que cura os cegos, perdoa os pecadores, faz andar os coxos, expulsa os demônios e alimenta a multidão. Eles fabricaram uma divindade que arranca a pele do povo com os dentes, como profetizou Miquéias, e fazem sopa de suas carnes. São vorazes comedores de gente. 

A CF incomoda esta gente porque eles estão do outro lado do abismo social acomodados em seus cultos de gorduras e ofertas de vidas humanas. Dizem que a CF é comunismo, mas se quer se deram o luxo de estudar o comunismo. Acusam os que seguem o Jesus crucificado e ressuscitado de serem comunistas, mas vivem do neoliberalismo escravocrata, racista, preconceituoso, intolerante e assassino. 

Não aceitaremos as oferendas tentadoras dos pseudos-cristãos e rezaremos por eles para que encontrem o caminho da saída do deserto hostil e possam rasgar o coração para nascer de novo no retiro quaresmal. Vençamos as tentações da rigidez guiados pelo Espírito Santo”.

Por fim, concordamos com as sábias palavras do padre João Mendonça (SDB): “A CF incomoda esta gente porque eles estão do outro lado do abismo social acomodados em seus cultos de gorduras e ofertas de vidas humanas”. 

A fome não é, e nunca foi um problema ideológico e sim um problema real, que atinge milhões de brasileiros. Mais de 33,1 milhões de pessoas passam fome no Brasil atual e a CF vem indicar qual é o papel do verdadeiro cristão: ser solidário. 

“Pois eu tive fome, e vocês me deram de comer; tive sede, e vocês me deram de beber; fui estrangeiro, e vocês me acolheram. Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos a mim o fizestes.” (Mt 25: 35; 40)

Luís Lemos

É filósofo, professor universitário e escritor, autor, entre outras obras, de "Filhos da Quarentena: A esperança de viver novamente", Editora Viseu, 2021.

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