Todos fazemos parte de um mesmo povo, independente de ideologia ou em quem tenhamos votado. Moramos neste Brasil e, portanto, em maior ou menor grau somos irmãos de sorte. Deveríamos nos render à vontade da maioria e apoiar quem nos governa. Por que isso não acontece? Primeiramente porque poucos acreditam na lisura das eleições, depois porque o “eleito” nada faz para unir o povo em torno de um projeto Brasil, já que não consegue unir em seu nome. O uso da força e da (in)justiça para se garantir no poder pode até vencer a malta, mas nunca a convence da sinceridade de intenções. Confiança não se impõe.
Luiz Inácio volta com o mesmo discurso de 2003, quando foi eleito. “Encontramos o Brasil destruído e precisamos de mais dinheiro para endireita-lo.” Como em seu primeiro mandato, em qualquer discurso usava o nome do antecessor Fernando Henrique Cardoso para desfazer o trabalho deixado por este, também 20 anos depois não consegue tirar o nome de Bolsonaro em qualquer lugar que visite. Sempre os culpados são os outros. Na campanha, a culpa dos miseráveis no Brasil era de Bolsonaro, agora é daqueles que comem demais. Acusa o antecessor de “negacionista”, mas nega todos seus erros (crimes?) do passado e enaltece as coisas que vê como negativas no governo que o precedeu. Parece o marido abandonado que não deixa de falar da pessoa que o deixou.
Embora a história nos mostre que a volta de quem já governou é ruim (vide Perón e Getúlio Vargas), os brasileiros esperavam uma renovação que parece cada vez mais distante. A única coisa real que temos até aqui são a reaproximação com países totalitários, o delírio de união sul americana com moeda única, o fatiamento do Brasil entre os partidos, a promessa de voltar a financiar países caloteiros e o aumento de impostos juntamente com o retorno das tarifas anteriores.
O aumento do Estado nunca foi uma solução para problema nenhum. Facilitar a vida do cidadão e das empresas é uma necessidade para a economia crescer. A redução de impostos, não o aumento, mas alavancam a arrecadação assim como a posse de armas diminui as mortes violentas. O povo quer ser convencido de que o governo está ajudando, mas está muito difícil. As análises ministeriais, que mais parecem palpites, só ajudam a confundir e sedimentar a insegurança. Contudo existem pessoas que aceitam o fato de alguns empresários terem seus bens bloqueados com medo que poderiam financiar o que o sistema não queria.
A mania de fazer um estardalhaço para coisas corriqueiras faz parte da estratégia de marketing do partido. O Brasil estava no caminho certo, não semidestruído como as estatísticas oficiais desmentem. Devemos lembrar que o pseudo investimento na cultura não mata a fome de ninguém. Sem dinheiro, o carnavalesco de raiz não deixa de brincar, nem o povo de Parintins deixa de “brincar de boi” mesmo sem alegorias caras. O escritor também não deixa de criar seus textos e livros se não for estimulado. Investimentos no segmento de diversões devem vir do turismo e não da cultura por seu fim comercial. Isto é, a cultura sempre encontra manifestação entre os populares, o objetivo de melhorar esta manifestação é porque é rentável. Ah, desculpem, parece que o Ministério do Turismo está ainda mais suspeito que o da Cultura.
Resumindo, ajudem-me a ter argumentos para defender este governo! Não quero parecer ativista de esquerda que não perde oportunidade de desfazer da sua pátria aqui ou lá fora. Contudo só dá para perceber nas falas (muitas) do presidente um ranço de vingança e ódio. Poderia ter usado o período na prisão para reflexão e aceitação da justiça, em vez de maquinar projetos pessoais. Não existe mais criatividade nem para mentir. (Luiz Lauschner)