Para assumir uma posição de comando é necessário uma moral forte para que encare os perigos e riscos envolvidos de maneira prudente, mas intrépida. Um líder sem os aspectos negativos do medo, demonstrará mais firmeza de espírito para enfrentar situações emocionalmente e moralmente complicadas.
Liderar sem medo, em poucas palavras, significa entender esta emoção para manter-se firme diante das dificuldades, envolvendo a capacidade para ultrapassar circunstâncias de perigo com ousadia e coragem, demonstrando habilidade de, ao cair, levantar-se rapidamente, aprender com a queda e avançar.
Posso até afirmar, que uma das mais fortes virtudes humanas está ligada a capacidade de superar as adversidades para alcançar um processo evolutivo capaz de alcançar objetivos, persistindo em busca de alternativas quando o cenário não demonstra tanta favorabilidade.
Podemos até chamar de ausência do medo, eu vou chamar de coragem. Liderar sem medo, é sobre despertar corajosamente de mãos dadas com o medo, acolhendo o fracasso, aprendendo a lidar com as incertezas, saber sorrir para si mesmo diante de suas vulnerabilidades, ter tolerância de errar. Que tal pensar que o medo é uma reação e a coragem uma decisão?
Conheço lideranças acovardadas diante dos desafios e metas, desanimados com seus objetivos, fracos na tomada de decisão, com pavor da exposição, inseguros perante as críticas, com receios de serem julgados, amedrontados em não serem aceitos, covardes em suas relações e por aí vai a lista de baixa ousadia, valentia e audácia para liderar sem medo.
O mercado precisa de líderes corajosos para serem bem sucedidos em ambientes diversos, em constante mudança e desafiadores da atualidade, mas tem sido difícil de encontrá-los. Não conseguem compreender que o medo não é um empecilho, mas sim a forma como reage a ele.
Tenho sido uma observadora de líderes tem muitos anos, pois minha missão é despertar a liderança em todo ser humano e neste campo de estudo e compreensão tenho identificado alguns medos mais frequentes que posso registrar sem força de julgamento, mais como fonte de aprendizado.
Lideranças com medo de tomar decisões duras e firmes, com inseguranças de terem conversas difíceis e compartilhar notícias impopulares. De fornecer feedback negativo e combinar consequências ruins. Por receio de perder a posição, centralizam tarefas, não treinam suas equipes, não repassam informações. Tem pavor de estabelecer metas grandes e ambiciosas, de serem ousados para enfrentar a luta grande da conquista.
Quantos líderes com medo do julgamento, da crítica, da exposição, limitam suas opiniões, não dão ideias, não apresentam seus argumentos. Tantos outros com medo de tentar coisas novas, estão presos em soluções que não funcionam mais e não alcançam o próximo nível.
Não quero com estas percepções, passar a impressão de sermos 100% seguros, que não somos frágeis, que não teremos medo. Até porque acredito mesmo que podemos aprender a ser corajosos e o primeiro passo será o de reconhecer as vulnerabilidades e avançar em busca da melhoria contínua, bem como aceitar suas próprias limitações, sem se permitir paralisar pelos bloqueios.
Medo de demitir quem precisa ser desligado. Com receio de não ser bem visto, se escondem na capa do bonzinho e não cobram e não corrigem quando necessário.
Se você não sabe. Fale que não sabe. Estude. Pesquise. Busque ajuda. Pergunte. Vá em busca de respostas. Não precisa mentir. Fazer pose. Parecer seguro não é uma opção. Não entre no jogo do ego.
Permita entender as limitações para minimizá-las e excluir os bloqueios. Enfrente o medo com coragem.
Na liderança, todos estes pontos podem ser levados para a coragem de encarar de maneira realista os fatos, por mais duros que eles sejam e olhar as coisas que estão erradas, metas não batidas, potenciais subutilizados, equipe desalinhada, situações complicadas e agir na causa do problema e não mascarar sintomas.
Não existe uma fórmula milagrosa, mas é possível desenvolver a cultura que valoriza conversas difíceis para que todos os envolvidos se sintam seguros, respeitados e ouvidos. Neste ambiente o desenvolvimento de vínculos é facilitado e com ele criarão relacionamentos produtivos entre todos, o ambiente de segurança psicológica.
É hora de liderar sem medo e criar oportunidades para expor inseguranças, sentimentos, expectativas e desejos ocultos como um caráter importante para que o medo não cause mais medo. Possa ter estratégias para aprender as habilidades que ampliam a maior coragem para aprender a crescer.
Será também a oportunidade para ter mais empatia como ato de se conectar com as emoções. Por trás de uma experiência que se propõe a aprender a enxergar outros pontos de vista, não julgar as pessoas, ter atenção plena, entender os sentimentos dos demais e comunicar o que entendeu das emoções dessas pessoas.
Se eu puder reduzir estas estratégias, diria que mobilizaria para ser mais confiante em confiar, apontando comportamentos que identifica onde estão as falhas e assim consiga gerar mais autoconhecimento, reconhecer as emoções e como gerenciá-las, estabelecer limites, confiabilidade, responsabilização, integridade e mais generosidade.
O incentivo de hoje é o de aprender a levantar, desenvolver habilidades de risco e resiliência para não ter dificuldade em arriscar.
Cintia Lima
Psicóloga, Mentora de Líderes e Master Coach
@psi.cintialima