23 de novembro de 2024

O Futuro dos Empregos: Previsões e Recomendações

Vivemos na era da quarta revolução industrial e, em comemoração ao Dia do Trabalhador, o FEM (Fórum Econômico Mundial) publicou relatório acerca do Futuro dos Empregos para os próximos cinco anos. Então o artigo apresenta algumas previsões e recomendações para enfrentar os desafios que estão no horizonte. 

O FEM é uma organização internacional voltada para a Cooperação Público-Privada, e acredita que o progresso é alcançado ao reunir pessoas de diferentes áreas e setores da sociedade, que possuem a motivação e influência necessárias para promover mudanças positivas.

Qualquer cidadão pode se juntar ao FEM criando gratuitamente uma conta em <https://bit.ly/3pddjT3>. No entanto, ao tornar-se um membro Premium (um mês grátis e, depois, paga cerca de R$ 167/mês), ele/ela terá acesso aos vídeos, às análises de especialistas, plataformas, publicações e aos eventos relacionados a temas emergentes de relevância global, incluindo IA (Inteligência Artificial), Economia Circular, Cidades e Urbanização, Mudanças Climáticas, Manufatura, Mobilidade, Educação, Habilidades e Aprendizagem e o Futuro dos Empregos.

Uma das publicações recorrentes do FEM, desde 2016, é o relatório “The Future of Jobs” (Futuro dos Empregos), cuja quarta edição foi lançada em 30 de abril de 2023. O relatório completo, disponível em <https://bit.ly/3M6kUMl>, tem 296 páginas e aborda a evolução dos empregos e habilidades entre 2023 e 2027. Essa análise é baseada em uma pesquisa realizada com 803 empresas, empregando mais de 11,3 milhões de colaboradores em 27 setores industriais distribuídos por 45 economias ao redor do mundo.

O relatório é um recurso valioso para tomadores de decisão, gestores e pais, pois revela, entre outros aspectos, como a ascensão da IA e a transição verde transformarão a forma como trabalharemos nos próximos anos. Para iniciar a reflexão do(a) estimado(a) leitor(a), os seguintes pontos foram destacados:

1) Desigualdades Globais nos Mercados de Trabalho

As tendências econômicas, sanitárias e geopolíticas em 2023 têm gerado impactos diferenciados nos mercados de trabalho. Países de alta renda enfrentam mercados mais restritivos, enquanto nações de baixa e média-baixa renda lidam com taxas de desemprego superiores às registradas antes da pandemia da Covid-19. 

Trabalhadores com apenas educação básica e mulheres enfrentam maiores dificuldades para se empregar. Além disso, os salários reais estão em declínio devido a uma crise relacionada ao custo de vida, e às mudanças nas expectativas dos trabalhadores quanto à qualidade do trabalho.

2) Adoção de Tecnologias para transformar os Negócios

Mais de 85% das organizações pesquisadas informaram que o aumento na adoção de tecnologias novas e avançadas, bem como a expansão do acesso digital, são tendências com maior probabilidade de impulsionar a transformação em suas organizações.

3) Evolução do número de empregos

Vinte e três por cento dos empregos atuais irão mudar até 2027. De acordo com a pesquisa, 69 milhões de postos de trabalho serão criados até 2027, conduzidos pelas novas tecnologias e pela transição verde. No entanto, no mesmo período, é esperado um declínio de 83 milhões de postos, ou seja, uma perda líquida de 14 milhões de empregos, 2% da força atual de trabalho.

4) Os dez empregos que crescerão rapidamente

1º) Especialista em IA e Aprendizagem de Máquina; 2º) Especialista em Sustentabilidade; 3º) Analista de Inteligência de Negócios; 4º) Analista de Segurança da Informação; 5º) Engenheiros de Fintech; 6º) Cientista e Analista de Dados; 7º) Engenheiros de Robótica; 8º) Engenheiros de Tecnologia Elétrica; 9º) Operadores de Equipamentos Agrícolas; 10º) Especialista em Transformação Digital.

5) Os dez empregos que declinarão rapidamente

1º) Caixas de Banco e Funcionários relacionados; 2º) Funcionários dos Correios; 3º) Caixas e Bilheteiras; 4º) Digitadores; 5º) Secretárias Administrativas e Executivas; 6º) Funcionários de Registro de Material e Manutenção de Estoque; 7º) Funcionários de Contabilidade, Escrituração e Folha de Pagamento; 8º) Legisladores e Oficiais; 9º) Funcionários de Estatística, Finanças e Seguros; e 10º) Trabalhadores de Vendas de porta em porta, Vendedores de jornais, Ambulantes e Trabalhadores relacionados.

5) Crescimento e declínio em larga escala no trabalho

Espera-se um crescimento significativo no emprego nas áreas de Educação, Agricultura, Comércio Digital e Comércio. Por outro lado, um declínio em larga escala é esperado em cargos Administrativos e em funções tradicionais de Segurança, Manufatura e Comércio.

6) As dez habilidades para 2023

O Pensamento Analítico e o Pensamento Criativo permanecem como as competências mais importantes para os trabalhadores em 2023, seguidos por Resiliência, Flexibilidade e Agilidade, Motivação e Autoconsciência, Curiosidade e Aprendizagem ao Longo da Vida, Alfabetização Digital, Atenção aos Detalhes, Empatia e Escuta Ativa, Liderança e Influência Social, e Controle da Qualidade.

Além disso, segundo o relatório, espera-se que 44% das principais habilidades dos trabalhadores mudem nos próximos cinco anos. 

7) A Fronteira entre Homem e Máquina

Em 2022 a proporção de tarefas completadas por humanos e máquinas foi respectivamente 66% e 34%, enquanto em 2027, essa proporção será respectivamente de 57% e 43%.

Diante das transformações em curso no mercado de trabalho, é essencial que tomadores de decisão, gestores e pais estejam cientes das implicações decorrentes e adotem medidas para se adaptar a essa nova realidade. 

Nesse sentido, recomenda-se: a) atualizar os currículos dos cursos, especialmente Administração e Contabilidade; b) incentivar a educação continuada e o desenvolvimento de habilidades relevantes, como pensamento analítico, criatividade, resiliência e alfabetização digital, especialmente trabalhadores com educação básica e mulheres; c) orientar e apoiar os profissionais na adoção de novas tecnologias e na transformação digital dos negócios; d) incentivar a requalificação e a transição de carreiras em setores em declínio, direcionando esforços para áreas em crescimento; e) criar programas de treinamento e educação focados nas habilidades mais demandadas; f) identificar as vocações dos jovens e apresentar carreiras promissoras, ajudando-os a se preparar para exercê-las com sabedoria na era da quarta revolução industrial.

Jonas Gomes

Prof. Dr. Jonas Gomes da Silva - Professor Associado do Dep. de Engenharia de Produção com Pós Doutorado iniciado no ano de 2020 em Inovação pela Escola de Negócios da Universidade de Manchester. E-mail: [email protected].

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