23 de novembro de 2024

Ditadura em gestação

Não existe uma pequena gravidez. Nenhuma mulher, porque usou a mesma toalha em que o namorado se enxugou, conseguiu engravidar. Tal coisa pode acontecer se os dois tomaram banho juntos “y otras cositas más”. Também na recente história brasileira a “gravidez” foi anunciada. As pessoas sensatas sabem que ela foi gerada por um estupro praticado contra a liberdade. Como é difícil definir a paternidade porque foi um estupro coletivo, com a facilitação das autoridades que a atraiu ao matagal, ou lamaçal conhecido delas. O melhor solução mesmo é realizar o aborto, ou a interrupção, como eufemisticamente se costuma dizer. Afinal, a lei permite o aborto, nesses casos em que não houve consenso. Aliás, o falo da democracia pode estuprar a quem quer que seja, uma vez que é válido para “purificar a raça”. 

As leis condescendentes que eram aplicadas ao estuprador na Idade Média, são as que hoje são aplicadas pela nossa corte maior. Se não vejamos: empresários têm suas contas bloqueadas por um comentário em um blog, baseado no WhatsApp restrito, sem ter o menor respaldo legal. Esses usuários terão foro privilegiado daqui pra frente?  Provas robustas apresentadas contra os amigos e correligionários do rei não são consideradas válidas e quem as apresentou é multado. Seria uma piada de primeiro de abril se não se o autor não fosse um membro da corte que usa e abusa e muito do seu poder der polícia e o desrespeito à Contituição.

Este mesmo membro condena um deputado que foi indultado pelo Presidente da República, única pessoa com o direito inquestionável de fazê-lo. A recíproca não é verdadeira. Aquele que desobedecer a um ato, por mais inconstitucional que seja, da alta corte, é imediatamente preso. Aliás, para ser preso não precisa cometer delito, não precisa de prova alguma, nem mesmo suspeita, basta se tornar incômodo. A democracia está esquecida. Segundo a lenda comunista, todas as pessoas são iguais, porém umas são mais iguais que outras. O caso da busca de falsificação de carteirinha de saúde é comparável ao exército usar tanques e caminhões para transportar o boletim de aula do filho de algum VIP. A pirotecnia nunca muda a essência.

Infelizmente precisamos reconhecer que somente a pusilanimidade dos Senadores ou conivência do Congresso permitiu que a situação chegasse aonde chegou. Os senhores senadores assistiram ao estupro e não socorreram a vítima. Olharam para o outro lado. Agora é muito mais doloroso, mas a interrupção desta gestação precisa ser realizada. Este trabalho precisa ser feito, mesmo que os cirurgiões sejam tachados de criminosos e impedidos de trabalhar depois do ato. Eliminar depois de parido, não é mais desumano, mas mais visível. Está surgindo uma CPMI para se defender de criminosos, que além de cometer o crime ainda plantaram vestígios para acusar outros. Pior: prenderam inocentes, sabendo que os criminosos eram outros. Pode ser a oportunidade de redimir o Senado omisso. Parecem ter confundido a parte do Hino Nacional que diz: “Deitado eternamente em berço esplêndido”, com dormindo…

Não sou e nem serei a favor do aborto, como não sou a favor da pena de morte. Contudo para que não nasça alguma coisa de um estupro e que prejudicará a liberdade, a prioridade é outra. Quando me refiro à liberdade não é apenas à liberdade de expressão. Refiro-me à liberdade de empreender, de ir e vir, de se reunir e de viver a vida legalmente e de se defender com argumentos ou armas. De modo análogo, se soubermos de alguém que vai massacrar duzentos e quinze inocentes não é justo travá-lo ou até impedi-lo à força? Chegamos aos extremos. Se um lado não respeita as regras escritas, nem as tradicionais, nem as morais o outro também não tem obrigação de respeitá-las? Infelizmente a corda se esticou tanto que o rompimento é inevitável. Está passando da hora de se evitar o pior. (Luiz Lauschner)

Luiz Lauschner

é empresário

Veja também

Pesquisar