23 de novembro de 2024

Lixeiras viciadas: problema antigo que ainda resiste 

Ao dar uma volta pela cidade de Manaus, é comum você reparar nas principais deficiências que nossa metrópole da Amazônia apresenta, como a falta de infraestrutura em alguns bairros, a falta de saneamento básico, a insegurança nas paradas de ônibus, entre outros. 

Mas, existe um problema antigo, que diminuiu a concentração, mas infelizmente, não terminou: as lixeiras viciadas. O descarte ilegal de resíduos em locais inapropriados pode acarretar diversos problemas ambientais e para a nossa própria saúde. 

Por conta do mau cheiro, o lixo pode atrair ratos e insetos, colocando em risco a vida da população, além de causar transtornos em temporadas chuvosas, pois muitas vezes, o material descartado é levado pela força da água para igarapés e rios, entupindo o escoamento, causando alagações em áreas de difícil acesso. A contaminação da água através do despejo irregular do lixo cria um problema que se acumula com o passar dos anos, o que nos faz questionar as ações do poder municipal para tratar deste problema antigo. 

Responsável pela coleta de lixo em Manaus, a Semulsp (Secretaria Municipal de Limpeza Urbana) informou que em 2021, a pasta aumentou 30% das ações de combate às lixeiras viciadas, resultando em 79 pontos de lixo trabalhados, em 41 bairros. Foram criadas 15 novas lixeiras comunitárias, 20 jardins comunitários e três novos pontos de coletas especiais.

Além da coleta domiciliar diária, o órgão realiza ações de conscientização de porta em porta, nas redes sociais e utiliza coletores compactos, além de garis comunitários. 

Apesar do esforço, ainda encontramos pontos de lixeiras viciadas, onde muitas delas estão situadas próximas às escolas e postos de saúde. A Lei Municipal 2.295/2018 pune o descarte inadequado em espaços públicos. A multa para quem for flagrado jogando resíduos em logradouros públicos, igarapés, rios e lixeiras viciadas é de dez UFMs (Unidades Fiscais do Município), dobrando a cada reincidência.

Na capital amazonense, grande parte das lixeiras viciadas se formam, não apenas pela falta de consciência da população, mas pela falta de fiscalização e limpeza constante. Manaus cresceu, becos e vielas continuam sendo via de ligação com as ruas principais e o serviço de coleta de lixo não chega a esses lugares. O planejamento estrutural da cidade hoje não comporta o número de habitantes e, principalmente, a oferta de recursos básicos igualitários a todos os moradores do município.

Sabemos que é difícil mudar o pensamento de uma população que está condicionada a descartar resíduos em lugares inapropriados, mas precisamos ofertar um serviço público que seja acessível a todas as zonas da cidade e que consiga realizar pontualmente a coleta de lixo mesmo em lugares desassistidos pelo poder público. 

Não podemos esquecer que a maior tragédia registrada neste ano em Manaus ocorreu por conta da junção do acúmulo de lixo em local inapropriado com o grande volume de chuva. O deslizamento de terra que matou oito pessoas no bairro Jorge Teixeira, em março, foi resultado do descarte irregular de resíduos com o desgaste do solo proveniente das chuvas, de acordo com a Prefeitura.

Entre as propostas para mudar essa realidade está o aumento de fiscalização por parte da secretaria. Sabemos que o número de servidores em relação à dimensão da capital requer uma mobilização maior de agentes públicos, mas é preciso identificar in loco a realidade da população que é acostumada a fazer o descarte irregular.

É preciso também melhorar a didática de sensibilização dos civis, pois muitas pessoas não entendem os problemas ocasionados pelas lixeiras viciadas. Aumentar o número de ações de coletas seletivas, além de realizar um levantamento de áreas de difícil acesso também auxiliará no combate ao problema ambiental que enfrentamos atualmente.

Priorizar a extinção das lixeiras viciadas é eliminar as chances de contaminação de rios, igarapés e áreas verdes. Se nada for feito, futuramente teremos problemas de saúde derivados da falta de cuidado com os resíduos que descartamos.

*é deputado federal eleito pelo Amazonas, pela 2ª vez

Alberto Neto

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