21 de outubro de 2024

Amazonas é líder nacional na produção de castanha e vice-líder no cultivo de açaí

O cultivo de castanha do Brasil e açaí voltou a crescer no Amazonas e já supera com folga o patamar pré-pandemia. Entre 2021 e 2022, as culturas registraram índices de expansão respectivos de 21,86% e de 18,85% em suas safras. Com isso, o Estado confirmou primeira posição no ranking brasileiro da castanha, com 14.303 toneladas e R$ 46,46 milhões, sendo alavancado por Humaitá. A produção de açaí (53.729 toneladas e R$ 122,56 milhões) foi a segunda maior, com destaque para Codajás. 

Mas, o produto de maior oferta no Amazonas ainda é a madeira em tora. A produção foi de 884.669 metros cúbicos, marcando crescimento gradual e próximo da estabilidade, desde 2019 (841.135). O Estado é o terceiro maior produtor, ficando atrás de Mato Grosso e Pará, que responderam por 71,4% do volume total. Em termos de valores (R$ 137,34 milhões), a atividade local vem atravessando períodos de baixa e ainda está aquém da marca atingida no ano anterior à crise da covid-19 (R$ 155,63 milhões). É o que revelam os dados da pesquisa de PEVS (Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura), do IBGE. 

O valor da produção florestal em todo o país chegou ao recorde de R$ 33,7 bilhões em 2022, com 11,9% de aumento em relação a 2021. No Amazonas (R$ 343,51 milhões), alta foi de 14,19%. A silvicultura (florestas plantadas) representou a maior parte do total brasileiro e avançou 14,9% (R$ 27,4 bilhões), enquanto a extração vegetal (R$ 6,2 bilhões) se manteve estável (+0,2%). A silvicultura está presente em 4.884 municípios, sendo que 3.539 somam 9,5 milhões de área plantada para fins comerciais. Entre os principais produtos estão o eucalipto (77,3%), pinus (18,7%) e outras espécies (4%). 

Minas Gerais continua com maior valor da produção da silvicultura: R$ 7,5 bilhões, ou 27,3% do total. Também é o maior produtor de carvão vegetal, com 87,7% do volume nacional. Entre os municípios, General Carneiro (PR) assumiu a liderança, alcançando R$ 625,8 milhões – com destaque para madeira em tora, com altas de produção (+10,2%) e valor (+35,3%). Dos 20 municípios com os maiores valores de produção florestal, 17 sobressaem na exploração de florestas plantadas, e os três demais, no extrativismo. 

Produtos alimentícios

Entre os produtos extrativos não-madeireiros os que mais geraram valor de produção foram o açaí (R$ 830,1 milhões) e a erva-mate (R$ 648,5 milhões), respondendo por 43,8% e 34,2% do valor total, na ordem. A castanha foi responsável por apenas 9% da oferta, ao passo que o pequi (2,7%) e o pinhão (2,7%) ocuparam as posições seguintes.

De acordo com o IBGE, o açaí é o carro-chefe desse grupo na região Norte. Depois do Pará e do Amazonas, as posições seguintes do ranking  foram ocupadas pelo Acre (4.428 e R$ 6.2 milhões), Amapá (3.298 toneladas e R$ 9,2 milhões), Rondônia (1.738 toneladas e R$ 4,8 milhões), Roraima (46 toneladas e R$ 223 mil) e Tocantins (40 toneladas e R$ 247 mil). A região nortista englobou 228.182 toneladas e R$ 785 milhões e ficou muito à frente da segunda colocada – o Nordeste (18. 852 toneladas e R$ 44.9 milhões).

Dentro da mesorregião Centro Amazonense, que engloba 30 municípios, o açaí somou 29.300 toneladas e R$ 75,8 milhões, respondendo por mais da metade do que foi contabilizado pela cultura no Estado, e com Codajás (12.700 toneladas e R$ 25,4 milhões) na liderança. Os dez municípios da mesorregião Sul Amazonense somaram 18.720 toneladas e R$ 31,5 milhões, puxados por Humaitá e Manicoré. 

Ainda dentro da extração vegetal de alimentos, o IBGE informa que o Amazonas é o maior produtor de castanha do Brasil é maior desde 2016. No ano passado, 48 municípios amazonenses registraram safras do produto. Mas apenas três aparecem com relevância, sendo que Humaitá (6.500 toneladas) continua com uma larga distância sobre os demais colocados – Boca-do-Acre (1.112 toneladas) e Codajás (700 toneladas).

Madeira e látex

O grupo dos produtos madeireiros encolheu 0,8% na média nacional, mas ainda responde por 96% valor da produção da silvicultura – e 63,1% no extrativismo. Na extração vegetal o produto madeireiro representou 63,1% da produção, seguido pelos alimentícios (30,4%), ceras (4,4%), oleaginosos (1,5%) e outros (0,6%). 

A região Norte produziu 7.234.243 metros cúbicos de madeira em tora, gerando R$ 1,8 bilhão. Além da madeira em tora (884.669 metros cúbicos e R$ 137,34 milhões), o Amazonas também obteve resultados relevantes na extração da lenha (564.910 metros cúbicos e R$ 9,2 milhões), embora a oferta tenha declinado pelo quarto ano seguido. O mesmo se deu no conjunto das unidades federativas nortistas, que produziram 3.544.425 metros cúbicos e recolheram R$ 92 milhões. 

Com 313 toneladas, o Amazonas ficou na segunda posição no ranking brasileiro de produção de havea/látex coagulado. Ficou apenas atrás do Acre (389 toneladas). Mesmo tendo atingido o menor patamar de produção desde 2019, o Estado (R$ 2 milhões) também conseguiu emplacar a segunda colocação em termos de valores, mas ficou a uma boa distância da liderança do mesmo Acre (R$ 5,9 milhões). Os municípios amazonenses que mais produziram foram Lábrea (72 toneladas e R$ 414 mil), Humaitá (62 toneladas e R$ 326 mil) e Boca do Acre (42 toneladas e R$ 220 mil). 

Já a safra amazonense de piaçava (2.008 toneladas e R$ 6 milhões) foi a segunda maior do país, com destaque para Barcelos, que respondeu por 99% do total local. O Estado perdeu apenas para a Bahia, que alcançou 4.623 toneladas. Outros produtos na pauta de produção florestal do Amazonas, conforme o IBGE, foram carvão vegetal (935 toneladas e R$ 2 milhões) e óleo de copaíba (191 toneladas e R$ 6,4 milhões).

“Margem para crescer”

Em texto da Agência de Notícias IBGE, o gerente de Agricultura do IBGE, Carlos Alfredo Guedes, apontou que a tendência é de valorização da silvicultura em relação ao extrativismo vegetal – embora o valor médio destes não esteja caindo.  O pesquisador explica que a estabilidade estatística da extração vegetal em âmbito nacional se deve à “base de comparação bem alta”, que já havia marcado alta anual de 31,6%. “Já a silvicultura manteve um movimento de crescimento que se iniciou lá em 2020”, completou. 

Na análise do supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, a sondagem mostra a potencialidade da extração vegetal no Estado. O pesquisador salienta que o Amazonas tem “margem para crescer” em outras culturas, já que ocupa a quarta posição em valores, mesmo tendo a maior extensão de florestas do Brasil. 

“A produção de açaí voltou a crescer depois de quatro anos de queda, e ganha mais importância a cada ano. Por outro lado, o valor da produção do açaí tem elevado desde 2016. Indicando que o valor de mercado do produto tem crescido a cada ano. O Amazonas ocupa a primeira posição na produção extrativa da castanha-do-pará. Esse foi outro produto que também melhorou a quantidade produzida em 2022, depois de cinco anos seguidos de baixa. Em valor da produção, o produto vem numa ascendente há vários anos, confirmando sua valorização no mercado”, finalizou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio

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