23 de novembro de 2024

Plano anual de dragagem permanente nos rios da Amazônia

A seca severa que atinge o Estado do Amazonas já impactou a vida da população de diversas formas. Necessidades básicas como alimentação, medicamentos e o próprio consumo de água potável, tornou-se um desafios para as comunidades ribeirinhas que estão isoladas por conta da vazante dos rios.

Em Manaus e em Manacapuru, por exemplo, o nível das águas registrou novos recordes, superando a grande seca de 2010. Desde que a estiagem agravou-se na região, problemas ambientais também assustam moradores e governantes. 

O fenômeno das “Terras Caídas” fez vítimas em alguns municípios do estado; grande quantidade de peixes e botos que apareceram mortos, boiando em rios e lagos do Amazonas. Contaminando a pouca água que existia, os moradores tiveram que construir poços de água para poder usurfruir do mantimento essencial. 

A seca também comprometeu o futuro da nossa população, já que por conta das dificuldades extremas enfrentadas pelas comunidades, os alunos deixaram de comparecer às aulas, exigindo uma força-tarefa para continuarem estudando. Segundo autoridades estaduais, a estiagem já afetou 2.200 alunos, e por conta disso, uma estrutura foi montada para levar o conteúdo programático aos alunos isolados pelo processo.

Localizada na capital amazonense, a Zona Franca de Manaus (ZFM) também tem despertado a atenção dos grandes investidores devido às dificuldades da seca. Rota de escoamento das empresas situadas no Polo Industrial, os navios que trazem insumos para as fábricas não conseguem atracar nos portos devido o nível do rio. A Gerência de Encaminhamento e Acompanhamento (GEA) apontou que o processo de vazante irá continuar até o final deste mês, e mesmo assim, a situação continua preocupando o setor industrial.

Sem material para utilizar na fabricação de produtos da ZFM, cerca de 35 empresas do Polo Industrial de Manaus irão adotar as férias coletivas para os trabalhadores da área. Segundo o Sindicato dos Metarlúrgicos do Amazonas (Sindmetal-AM), a medida irá impactar 15 mil trabalhadores.

Entre as empresas que já se manifestaram, estão a LG, Samsung, Yamaha e Philco, que irão parar a produção até o dia 4 de novembro. O sindicato apontou que a decisão é uma alternativa de salvar o emprego dos trabalhadores da indústria.

Diante do impasso do momento que estamos passando, os desdobramentos negativos começam a afetar a produção industrial por conta da deficiência logística da região, visto a dificuldade de navegação. Precisamos de ações executivas concretas, e por isso sugeri a criação do plano anual de dragagem permanente, para que possamos minimizar os impactos da estiagem na região.

Encaminhado aos ministros de Infraestrutura, Renan Filho, e Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, o Plano Anual de Dragagem Permanente é necessário para que a produção industrial do estado não seja afetada pela vazante que ocorre anualmente no Amazonas.

Quando não existe a dragagem, a profundidade do rio é reduzida, e isso projudica a navegabilidade. Com a dragagem, a profundidade é ampliada, facilitando o trânsito de embarcações. No Amazonas, os rios são as estradas, então esse planejamento anual de dragagem nos rios do Amazonas, seria uma garantia de trechos trafegáveis.

Diante dos efeitos catastróficos da vazante histórica de 2023, é necessário pensar alternativas futuras visando fenômenos climáricos inesperados, para minimizar os impactos nas comunidades e na Zona Franca de Manaus.

Ainda sobre os problemas da estiagem, encaminhei também ao Ministro da Defesa, José Mucio, um pedido de apoio logístico aéreo para evitar o desabastecimento de necessidades básicas em áreas de difícil acesso no interior do Amazonas.

Em muitos municípios, insumos essenciais, como comida, água potável, gás de cozinha, gasolina e materiais de construção, estão acabando. Nesse cenário, o transporte aéreo desempenha um papel fundamental ao permitir que tais suprimentos cheguem a esses locais de difícil acesso de forma mais rápida e garantam o necessário para a população.

*É Deputado Federal pelo Amazonas, eleito pela 2ª vez.

Alberto Neto

Veja também

Pesquisar