O Parque Sumaúma, na Cidade Nova, ficou em evidência na cidade durante a Copa do Mundo de 2014 quando recebeu intervenções artísticas com figuras mitológicas da Amazônia. Mas a Copa passou e hoje o Parque está semi-abandonado.
A história do Parque começou, em 1981, quando foram entregues as primeiras casas do conjunto Cidade Nova.
“Durante a construção dos vários núcleos residenciais, foram ficando diversos fragmentos de áreas verdes. No final da década de 1990 as pessoas começaram a invadir essas áreas. A única que conseguimos manter preservada foi a área do futuro Parque”, lembrou o gestor ambiental Antonio Augusto de Oliveira Leite, diretor presidente do Instituto Sumaúma.
“Em 1999 o biólogo Agenor Vicente da Silva veio morar na Cidade Nova. Ele era funcionário do Ibama e articulou a comunidade para a criação do Parque. Como morava perto da área verde, controlava o local para não haver invasão e quando havia alguma tentativa, os comunitários o avisavam e ele ia lá, impedir”, contou Augusto.
Em 2000, tendo à frente Augusto e Agenor, foram listadas mais de duas mil assinaturas num abaixo-assinado pedindo a criação do Parque Sumaúma, então levado ao prefeito Alfredo Nascimento (1997/2004). Naquela época a área verde ainda era uma mata fechada e media cerca de 53 hectares.
“Alfredo Nascimento visitou o local, mandou fazer uma maquete do Parque e dois anos depois disse que não podia desapropriar o terreno, pois o mesmo era do Estado e não do município. Nesse tempo todo não cessaram as tentativas de invasão. Não desistimos. Ainda em 2002, o presidente da Assembleia Legislativa, Lino Chíxaro, deu total apoio ao projeto de criação do Parque, aprovado em 5 de setembro de 2003”, falou.
Custaram R$ 2 milhões
Naquele mesmo ano, Omar Aziz, vice do governador Eduardo Braga (2003/2010), num evento junto às raízes de uma sumaúma, símbolo do Parque, assinou o Decreto 23721. Mas o projeto não saiu do papel e a imensa área de terra não recebeu investimento algum.
“Em 2006, para nosso espanto, avisaram que a av. das Torres passaria por dentro do Parque. Depois de muita batalha, conseguimos que a avenida passasse ao lado da área, ainda assim as obras destruíram mais de três hectares de buritizal”, lamentou.
“Nosso objetivo era a preservação do local para usufruto da população, pois lá existem duas nascentes, além de fauna e flora intocadas. O governo colocou a SDS (Secretaria de Desenvolvimento Sustentável), hoje Sema (Secretaria do Meio Ambiente) para gerenciar o Parque, mas nunca atenderam aos nossos anseios. Queríamos que o local fosse transformado numa escola a céu aberto onde pudéssemos levar alunos para aprender in loco sobre ecologia, e chegamos a fazer isso, sempre sem recursos”, revelou.
Segundo Augusto, até 2017, as figuras mitológicas, que custaram R$ 2 milhões, estavam intactas, e o Parque servia à população. Tudo mudou a partir de 2020. Com a pandemia, o local foi fechado.
“Quando acabou a pandemia, o Parque não foi mais reaberto ficando trancado com cadeado. Uma unidade do Corpo de Bombeiros foi instalada no terreno e eles passaram a se sentir ‘donos do pedaço’. De segunda a sexta-feira as pessoas até tentam passear pelas trilhas, na mata, mas logo os bombeiros aparecem, perguntando o que estão fazendo lá e dizendo ser ali uma área militar”, reclamou.
Falta de atenção
Ainda de acordo com Augusto, até o início deste ano havia um gestor com alguns estagiários atuando no Parque, mas eles foram retirados de lá e não foi colocado mais ninguém em seu lugar.
“A pouca infraestrutura está abandonada e se deteriorando: a biblioteca está fechada, os banheiros quebrados, as trilhas abandonadas e um barracão desabando. As tentativas de invasão ainda continuam e agora são piores, feitas pelo crime organizado, que ameaça quem os impede”, informou.
“Já tentamos, algumas vezes, contato com o governador Wilson Lima, mas uma ‘cerca de jurubeba’ formada por seus auxiliares não nos deixa nem chegar perto dele, por sua vez o atual secretário da Sema, Eduardo Taveira, é o que menos tem dado atenção aos nossos apelos em todos esses anos de existência do Parque”, afirmou.
“Queremos que o governador retire o Corpo de Bombeiros de lá, restaure a infraestrutura deteriorada, libere uma verba específica para a manutenção do Parque, coloque funcionários para trabalhar lá, reabra os portões para os visitantes e deixe que nós, do Instituto Sumaúma, sem ganhar nada, organizemos atividades para as pessoas que visitarem o Parque, principalmente alunos das escolas de Manaus”, pediu.
Até hoje, o biólogo Agenor Vicente continua junto com Augusto na batalha pela proteção do Parque Sumaúma. Quem desejar se unir aos seus esforços pode ligar para o 9 9217-5397.
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