23 de novembro de 2024

Fieam projeta faturamento de R$ 179,39 bilhões do PIM em 2023

A Fieam estima que o PIM deve fechar o ano com faturamento de US$ 35.77 bilhões (ou R$ 179,39 bilhões). Caso os números sejam confirmados, o parque fabril da capital amazonense terá apresentado altas respectivas de apenas 2,76% e 0,82%, na comparação com o tumultuado ano de 2022 (US$ 34,71 bilhões, ou R$ 177,93 bilhões). Embora não arrisque números para o Ano Novo, a entidade avalia que as perspectivas para a ZFM em 2024 são “boas”. Principalmente porque o modelo manteve suas vantagens comparativas na PEC da reforma Tributária.

Dos oito principais segmentos industriais do PIM listados pela Federação das Indústrias do Amazonas, apenas quatro aparecem com crescimentos em ambas as moedas: eletroeletrônico, duas rodas, mecânico e termoplástico. O polo químico deve avançar só em dólares. Três subsetores figuram com quedas em ambas as divisas: metalúrgico, relojoeiro e bens de informática – sendo que este responde pela maior fatia de faturamento do Polo Industrial de Manaus. De janeiro a novembro, a moeda americana desvalorizou em 6,78%, conforme o Banco Central, e a inflação do IPCA acumulou alta de 4,04%, segundo o IBGE.

Os números da Fieam apontam crescimentos muito mais generosos do que os calculados pela CNI para a indústria de transformação brasileira (+1,8%). A estimativa da Confederação Nacional da Indústria é que o setor não passe de uma “alta modesta” de 0,3%, neste ano. A entidade empresarial também espera que o Brasil feche 2023, com incremento de 3% em seu PIB, em um ano marcado por taxas de expansão expressivas para o consumo das famílias (+2,6%) e uma queda acentuada nos aportes de capital (-3,5%) – com a taxa de investimento caindo de 19,3% para 18,1%.

As estimativas da Fieam para a mão de obra são positivas. A projeção é que o Polo Industrial de Manaus encerre 2023 com média mensal superior a 113.472 empregos, entre efetivos, temporários e terceirizados, conferindo alta de 1,17% sobre o dado capturado ao longo de 2022 (105.846). O dado negativo vem principalmente da balança comercial, com queda nas exportações em dólares (-4,22% e US$ 557.59 milhões) e reais (-7,60% e R$ 2,76 bilhões). Os tombos alcançam dois dígitos nas importações, tanto em moeda estrangeira (-14,11% e US$ 11.37 bilhões), quanto nacional (-16,51% e R$ 56,69 bilhões).

Eletroeletrônicos e duas rodas

Nos cálculos da Fieam, o crescimento deve ser uma realidade para apenas metade dos principais subsetores industriais. Somando quase metade das vendas do PIM, os polos de bens de informática e de eletroeletrônicos seguiram em direções contrárias, em 2023. O primeiro caiu 16,29% em reais (R$ 42,79 bilhões) e de 13,96% em dólares (US$ 8.54 bilhões), embora mantenha liderança de participação do Polo, respondendo por 24,48% do total. O segundo elevou seu share para 19,13%, em linha com os acréscimos respectivos de 3,14% (R$ 33,97 bilhões) e 6,65% (US$ 6.84 bilhões).

Mais aquecido, e representando 17,88% das vendas do PIM, o polo de duas rodas também deve apresentar desempenho positivo nas duas medidas. Em moeda brasileira estima-se um crescimento de 20,07%, faturando R$ 31,634 bilhões. Em divisa norte-americana, o incremento deve ser de 23,83%, totalizando de US$ 6,316 bilhões.

O subsetor químico, que responde por 9,92 do faturamento da indústria incentivada deverá encolher 0,01% em reais (R$ 18,02 bilhões) e subir 3,13% em dólares (US$ 3.62 bilhões). Os polos termoplástico (8,73%) e metalúrgico (7,39%) aparecem nas posições seguintes do ranking de participação do PIM e desempenhos inversos. O primeiro deve crescer 0,04% (R$ 15,25 bilhões) e 3,19% (US$ 3.07 bilhões), respectivamente. O segundo deve amargar recuos de 9,02% (R$ 12,53 bilhões) e 6,41% (US$ 2.52 bilhões). 

Clima ruim

Em texto divulgado pela assessoria de imprensa da Fieam, o presidente da entidade, e também vice-presidente executivo da CNI, Antonio Silva, considerou que os números do PIM em 2023 podem ser considerados uma “vitória”, “dadas as circunstâncias” do período. 

Ele lembra que as intempéries climáticas afetaram o desempenho do Amazonas e da indústria em particular. “A estiagem foi a mais severa em muitos anos, e atingiu todos o Estado. Os municípios viveram uma grave crise ambiental, com comunidades isoladas, escolas fechadas. Foram registrados graves prejuízos na navegação, mesmo para as embarcações de menor porte, ocasionando problemas irremediáveis para o abastecimento de insumos e escoamento da produção do PIM”, enfatizou.

O dirigente lembra também que a capital amazonense também enfrentou ondas de fumaça causadas por incêndios e queimadas ocorridas na região metropolitana, que contaminaram o ar e provocaram problemas de saúde na população, inclusive de trabalhadores do PIM.

Mas o clima econômico também apresentou tempestades. O vice-presidente executivo da CNI lembrou que o ano já começou com inflação acima da meta do BC, taxa Selic em 13,75% ao ano, incertezas quanto à atuação do ministro Fernando Haddad à frente do Ministério da Fazenda, e perspectivas de baixo crescimento para o PIB brasileiro. 

“Felizmente houve reação da economia, com crescimento acima do esperado”, assinalou. Ele reforçou o seu argumento, ao citar a previsão da FGV, dando conta de que o ano deve fechar com alta de 2,9% do PIB, “desemprego em baixa” e “inflação menor do que a do ano passado”, contribuindo para maior esperança de equilíbrio nas contas do governo em 2024 e perspectivas de maior crescimento.

Reforma Tributária

Antonio Silva destacou que a manutenção do diferencial competitivo da ZFM na reforma Tributária, afastando o “fantasma da extinção do benefício fiscal” e abrindo perspectivas positivas para a consolidação do modelo em 2024. “Deveremos ter um aumento significativo nos investimentos, na produção, no faturamento e na criação de mais empregos”, afiançou.

O dirigente destacou os esforços das lideranças do PIM e dos representantes do Amazonas em Brasília na aprovação de uma reforma que afastou os riscos de “prejuízos irreparáveis para a ZFM”. “Para nós foi muito importante que o senador Eduardo Braga fosse escolhido relator da proposta no Senado. Graças a sua competência e habilidade de negociação, conseguiu que a ZFM fosse preservada. Embora tenha sido excluída da proposta a Cide em favor do modelo ZFM, foi mantido o IPI que será cobrado pela fabricação de produtos de outros estados que competirem com os produzidos na ZFM”, avaliou.

Em síntese, o presidente da Fieam salienta que, apesar das dificuldades, o PIM demonstrou resiliência renovada e alcançou desempenho satisfatório. “Acreditamos na recuperação econômica do Brasil, para 2024, como resposta à reforma Tributária aprovada no Congresso, que certamente trará mais estímulo para os investimentos produtivos. Acreditamos também no poder de reação e recuperação do empresariado brasileiro, no crescimento da demanda nacional, favorecida pelo aumento da geração de empregos”, arrematou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio

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