23 de novembro de 2024

Empregos crescem 5,30% no Amazonas neste ano, segundo dados do ‘Novo Caged’

O Amazonas criou 2.584 empregos formais em novembro, mas voltou a desacelerar. As admissões (+19.630) superaram as demissões (-17.046) pelo 11º mês seguido, com um acréscimo de 0,52% sobre o estoque anterior. O desempenho veio abaixo dos números de outubro (+2.733), setembro (+2.973) e agosto (+4.553). Mas, configurou a uma escalada de 40,59% em relação ao dado de 12 meses atrás (+1.838). O comércio liderou a lista de contratações, mas agropecuária e construção eliminaram empregos, em um mês de saldo ainda maior para Manaus (+0,58% e +2.624) e corte de vagas no interior.

Apesar da desaceleração, o índice de aumento de vagas com carteira assinada no Estado (+0,52%) bateu com folga os registros da média nacional (+0,29%) e da região Norte (+0,21%). O acumulado do ano apresentou expansão de 5,30% e 25.104 novos postos de trabalho, com destaque para os serviços –em números absolutos –e construção –em alta proporcional. Em 12 meses, o incremento foi de 3,69% (+17.752), e o estoque de empregos chegou a 500.219 vínculos celetistas ativos. Os números são do ‘Novo Caged’, e foram divulgados pelo Ministério do Trabalho e Previdência, nesta quinta (28).

O Brasil como um todo voltou a ter mais admissões (+1.866.752) do que desligamentos (-1.736.655), mas também reduziu a marcha. O somatório de novos empregos com carteira assinada foi de 130.097 e configurou alta de 0,29%. Foi um número mais fraco do que os de outubro (+190.366) e setembro (+211.764) e também mais baixo do que o de 12 meses atrás (+135.495). Em 11 meses, foram criadas 1.914.467 (+4,51%) vagas formais em todo o país, situando o estoque em 44.358.892 vínculos empregatícios. Entre os cinco setores econômicos, o destaque veio do Nordeste (+0,45%) e apenas o Centro-Oeste (-0,14%) recuou.

Vale ressaltar que a oferta de empregos formais ainda está distante da demanda dos trabalhadores, tanto em âmbito estadual, quanto nacional. Os números mais recentes do IBGE mostram que o Amazonas encerrou o terceiro trimestre de 2023 com o nível de desocupação em queda, mas em um patamar ainda elevado de 187 mil pessoas –ou 9,6% de sua força de trabalho. Apenas 55,7% (1,77 milhão) da população amazonense “apta ao trabalho” (14 anos ou mais) tinha ocupação remunerada, sendo que 55% (974 mil) desse grupo não contava com carteira assinada. O desempenho do quarto trimestre de 2023 só será divulgado em fevereiro de 2024.

Comércio e serviços

Diferente do mês anterior, nem todas as cinco atividades econômicas fecharam outubro com mais admissões do que desligamentos. Os serviços subiram do terceiro para o segundo lugar do ranking celetista amazonense, com alta de 0,23% no estoque e criação de 520 empregos, praticamente igualando outubro (+529), mas ficando bem abaixo de setembro (+1.589). Os números mais relevantes vieram de transporte, armazenagem e correio (+301) e “outros serviços” (+62) –especialmente atividades de organizações associativas (+38). No acumulado do ano, a alta foi de 6,39% (+13.753).

No mês da Black Friday, o grupo que reúne “comércio e reparação de veículos” avançou 1,83% e criou 2.047 postos de trabalho, carreando a oferta de oportunidades profissionais no Estado. Foi o dobro do saldo de outubro (+1.020) e o melhor número do ano para o setor. As contratações vieram principalmente do varejo (+1.814), em mês positivo para o atacado (+242), mas não para o segmento de “reparação de automóveis e motocicletas” (-9). De janeiro a novembro, a atividade acumula saldo positivo de 4.674 vagas e avanço de 4,27%.

O presidente em exercício da Fecomércio-AM, Aderson Frota, lembra que o período ainda vivia o rescaldo da crise da vazante histórica, que acabou inibindo as contratações, a despeito da sazonalidade de fim de ano. “Só começamos a respirar no final de novembro, com a chegada de navios com um quarto de sua capacidade de carga. De qualquer maneira, estamos reabilitando o abastecimento e isso pode representar melhora na economia e aumento no quadro de colaboradores. Nossa expectativa é que 2024 seja coroado de tranquilidade e um restabelecimento da normalidade, haja visto que as vendas de dezembro devem mostrar um pequeno aumento”, ponderou.

Indústria de transformação

A indústria subiu da quarta para a terceira posição do ranking amazonense e obteve taxa de expansão 0,30% em relação ao estoque anterior. O resultado veio pouco abaixo das marcas de outubro (+463) e setembro (475). A indústria de transformação (+417) teve saldos positivos em 15 de seus 25 segmentos, sendo sustentada principalmente pelo subsetor de “outros equipamentos de transporte” (+533); em detrimento da divisão de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-271). Em 11 meses, os empregos formais da manufatura amazonense avançaram apenas 2,78% (+3.368).

O presidente do Fieam, Antonio Silva, salientou que, de uma “perspectiva econômica ampla”, o Amazonas supera a média brasileira e regional, em um panorama de tendência favorável no longo prazo, mas que ainda demandaria cautela. “Nesse contexto, se considerarmos os fatores econômicos e estruturais, aliados às questões sazonais, como a seca histórica, os indicadores do Estado denotam um cenário salutar. Nossa expectativa é de que os números dos próximos meses mantenham a perspectiva de estabilidade com tendência de crescimento”, avaliou.

Agropecuária e construção

A agropecuária, que chegou a esboçar recuperação em outubro, voltou a mergulhar em novembro, com a maior queda da lista (-3,06%) e a subtração de 148 vagas em seus estoques. O maior retrocesso veio do grupo que reúne “agricultura, pecuária e serviços relacionados” (-101), com destaque para a produção de lavouras temporárias (-137). Mas produção florestal (-46), assim como pesca e aquicultura (-1), também ficaram no campo negativo. No acumulado até novembro, o setor voltou ao vermelho (+1,96% e 94)

Já a construção interrompeu seis meses seguidos de altas, ao marcar um declínio de 0,78% nos estoques e o enxugamento de 212 vagas. Os cortes foram disseminados nos subsetores de obras de infraestrutura (-359) e de serviços especializados para construção (-10), embora o segmento de construção de edifícios (+157) tenha performado bem. Em 11 meses, contudo, a atividade ainda é a única que detém incremento percentual de dois dígitos (+14,56%), com 3.407 novos postos de trabalho.

Em entrevistas anteriores à reportagem do Jornal do Commercio, o presidente do Sinduscon-AM, Frank Souza, observou que a atividade de construção apresenta diferenciais regionais que inibem seu crescimento. “O Amazonas apresenta um descolamento na quantidade de obras do Minha Casa Minha Vida, na região Norte. O Pará, por exemplo, tem números muito melhores e depende menos do programa. Vamos ter um ano positivo, mas ainda temos gargalos, como o fato de a queda da Selic ainda não se refletir na ponta do consumo, e a falta de insumos para a construção”, arrematou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio

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