26 de outubro de 2024

Artesanatos da floresta para o Brasil

O trabalho de dezenas de artesãos, ribeirinhos e indígenas, de Manaus, Manacapuru, Iranduba, Novo Airão e Maraã está indo longe. Desde 2019 as Lojas Americanas mantém uma loja virtual em seu marketplace onde vende seus artesanatos. Entre janeiro e novembro do ano passado eles faturaram R$ 273 mil. Foram mais de 8,6 mil peças vendidas, com um ticket médio de R$ 31,64 por peça.  

Organizados pela FAS (Fundação Amazônia Sustentável) e Associação Zagaia, os artesãos integram dez grupos que vivem em quatro UCs (Unidades de Conservação) do Amazonas: APA (Área de Proteção Ambiental) do Rio Negro (um grupo); e as RDSs (Reservas de Desenvolvimento Sustentável) do Amanã (um grupo), do Rio Negro (seis grupos), e Puranga Conquista (dois grupos). Cada grupo tem seu nome.

“São 48 artesãos participantes desse projeto que tem a parceria da Americanas. A cadeia produtiva do artesanato conta com mais de 150 artesãos, apoiados pela FAS, com capacitações, mentorias, cursos, crédito financeiro e ações de acesso ao mercado”, falou Wildney Mourão, gerente de Empreendedorismo da FAS.

No ano passado o grupo de artesanato denominado Formiguinhas do Saracá, da comunidade do Saracá, na RDS Rio Negro, desenvolveu cinco peças que remetem à natureza amazônica: as fruteiras Trilha do Peixe, Sucuri, e Aninga; o centro de mesa Vitória-Régia, e a luminária Rio Negro, que tiveram o design produzido pelo designer Sérgio Matos. Os produtos, feitos com matérias-primas da floresta, foram lançados em grande estilo na sede da Americanas, no Rio de Janeiro.

“Sérgio Matos é um designer biomimético (suas peças imitam alguma coisa da natureza) parceiro da FAS. Junto com as Formiguinhas do Saracá desenvolveu a coleção de produtos inspirados em elementos da natureza amazônica. As artesãs receberam capacitação técnica, mentoria e novos conhecimentos práticos em produtos e gestão de negócios, para aprimorar a elaboração e desenvolvimento de novos produtos, por meio de design e conceito mais inovador”, explicou Wildney.

FAS e Jirau

“Os artesãos já têm habilidade com a confecção de peças, porém através do apoio prático promovido pela FAS e Jirau da Amazônia, os grupos vão aprimorando suas técnicas produtivas, como qualidade do produto, preparação da matéria-prima e outros aprendizados”, disse.

O programa da FAS atua por meio de ações estratégicas com foco na formação e capacitação empreendedora, planejamento e organização produtiva, acesso a recursos financeiros e educação financeira e negócios inovadores e sustentáveis.

O Jirau da Amazônia promove o trabalho de artesãos das comunidades ribeirinhas e indígenas da região. 

“Temos um plano de crescimento e expansão. Atualmente, o Jirau da Amazônia tem presença digital na plataforma social Todosim, um marketplace que vende produtos sociais; e na Artesol, que é uma rede nacional de relacionamento com lojistas de todo o Brasil. Nossa estratégia é alcançar novos nichos de mercado e ampliar os pontos de contatos da marca Jirau, facilitando o acesso ao mercado para o artesão da floresta com os consumidores, por meio de uma experiência diferenciada”, informou.  

“A cadeia de artesanato mostrou sua força no decorrer do ano, mantendo sua essência de valorização às culturas ribeirinha e indígena. O desenvolvimento de novos produtos com design inovador inspirados na natureza foi um ponto alto que demonstra a criatividade e o potencial que as atividades sustentáveis têm a oferecer, não só como modelo econômico para a Amazônia, mas também para gerar impacto positivo para o mundo”, completou.

Economia criativa

Atualmente os artesãos ainda utilizam insumos industrializados como ferro, cola, tecidos e outros materiais, porém, o uso desses insumos tem reduzido bastante, dentro de um processo de transição produtiva sustentável.

“Esse movimento ganha força, pois a diversidade de insumos utilizados da floresta como fibras vegetais, resíduos de madeiras, sementes e folhagens para pigmentação natural, vem substituindo o uso de insumos industriais gradativamente”, contou.

O sucesso da economia criativa fez com que a Americanas se interessasse pelos artesanatos amazônicos.

“A Americanas é nosso principal parceiro estratégico, além de financiador do projeto, e tem um marketplace que abriga nosso e-commerce socioambiental, o Jirau da Amazônia, que comercializa e distribui os produtos da bioeconomia amazônica para todo o Brasil”, revelou.

“Buscamos, cada vez mais, estar presente na vida dos brasileiros e fazer a diferença na construção de um país e de um mundo mais sustentável. Com o Jirau da Amazônia, ajudamos a levar os produtos da floresta para milhares de clientes ativos da nossa plataforma, movimentando a bioeconomia e o empreendedorismo”, comentou Bruna Sabóia, gerente de Sustentabilidade da Americanas.

Site do Jirau da Amazônia: https://www.americanas.com.br/lojista/jirau-da-amazonia-10189868000135

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Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio

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