23 de novembro de 2024

Soluções inovadoras para o saneamento básico de Manaus

Um levantamento feito pelo Instituto Trata Brasil, divulgado no ano de 2022, revelou que, aproximadamente 100 milhões de brasileiros não possuem acesso à rede de coleta de esgoto e 35 milhões não têm acesso a água tratada. Problemas decorrentes da falta de saneamento básico são comuns em algumas partes do mundo, ocasionando o aumento do número de doenças em grupos facilmente expostos.

Leptospirose, disenteria bacteriana, esquistossomose, febre tifóide e cólera são algumas das doenças que possuem maior incidência em ambientes inadequados. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), dos casos de morte por diarréia no planeta, cerca de 88% ocorrem devido à falta de saneamento básico. A situação é ainda mais preocupante, pois 84% das vítimas são crianças.

Tratar de saneamento básico também é proteger a saúde da nossa população. A proliferação de doenças por conta da má gestão do poder público compromete vidas e prejudica o desenvolvimento da cidade como um todo. A capital amazonense, por exemplo, cresceu e expandiu novos bairros, mas, nem todos possuem acesso aos serviços simples, como asfaltamento, iluminação pública, água encanada, sistema de coleta de lixo e esgoto.

À medida que a cidade se desenvolve, é dever do município criar estratégias para alinhar e abranger os déficits da população, todavia, mesmo com a mudança de governantes, o problema persiste com o passar dos anos. 

O relatório Trata Brasil de 2023, em parceria com GO Associados, que se refere ao ano de 2021, apontou que há 10 anos, Manaus está entre as 20 piores cidades no ranking de saneamento básico. O estudo avaliou os 100 maiores municípios do país, e a capital amazonense ocupou a posição 83. 

Apesar de pontuar 97,5% em Indicador de Atendimento Total de Água, Manaus apresenta apenas 25,45% no Indicador de Atendimento Total de Esgoto; e ainda, 21,58% no Tratamento de Esgoto.

Diante desta perspectiva, encontrar soluções inovadoras para o problema em nossa cidade é essencial para prevenir um futuro problema de saúde pública. Manaus, uma cidade que foi devastada por um vírus mortal em 2020 e 2021, precisa fortificar suas deficiências e garantir que suas próximas gerações cresçam em um ambiente mais higiênico e saudável. 

Saneamento básico não é um serviço exclusivo para as classes mais altas. Diaristas, professores, merendeiros, dentistas, advogados, motoristas, todos eles merecem receber o mesmo tratamento de seus governantes, mas esta não é a realidade brasileira, principalmente em nossa cidade. A desigualdade social é um problema que persiste e intimida as famílias mais humildes, que muitas vezes, apenas aceitam a sua realidade, sem clamar por seus direitos básicos.

Para ajudar a solucionar – futuramente – a falta de saneamento básico em Manaus, realizei uma visita à empresa Ecoeficiência Soluções Ambientais, em Joinville (SC), onde conheci práticas e programas de reciclagem de lixo que possam ser aplicados na capital amazonense. 

O Brasil possui tecnologias que permitem transformar lixo em energia ou em produtos úteis para diversos fins, como construção civil e projetos de paisagismo. É possível converter o próprio lixo em recursos, gerando impactos ambientais positivos e promovendo a geração de emprego e renda.

Na oportunidade, também visitei o Consórcio Intermunicipal do Médio Vale do Itajaí, também em Santa Catarina, para conhecer as práticas de gestão de resíduos sólidos urbanos adotadas em 14 municípios da região, com foco em entender o processo de coleta seletiva e triagem dos resíduos destinados à reciclagem.

Isso porque queremos apresentar para Manaus uma solução para o problema dos aterros sanitários. Nossa capital não pode mais conviver com essa realidade. Temos o potencial para ser exemplo de sustentabilidade e preservação do meio ambiente, promovendo o desenvolvimento social, geração de emprego e melhoria na qualidade de vida da população.

Desde já, precisamos pensar em estratégias que beneficiem o povo de forma geral, por isso, acredito no potencial da alternativa sustentável. Através dela, poderemos custear a tarifa social de esgoto e água sem aumentar a carga tarifária para os manauaras.

*É Deputado Federal eleito pelo Amazonas, pela 2ª vez.

Alberto Neto

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