21 de dezembro de 2024

A corrupção e as Nações Unidas

*Augusto Bernardo Cecílio

   Sabemos que a corrupção existe desde a formação das primeiras civilizações e que ela é hoje uma realidade mundo afora, em países desenvolvidos ou não. É uma prática extremamente nociva e antidemocrática que provoca o descrédito nas instituições públicas e privadas e o enfraquecimento dos valores morais. 

   Sabemos, também, que a corrupção não é um fenômeno que ocorre de forma isolada no país, muito menos que ela seja característica da cultura brasileira. Com o aperfeiçoamento das relações internacionais e o fortalecimento da globalização, esse problema atingiu escala mundial, e muita coisa já está sendo feita para maximizar as ações de prevenção e combate à corrupção, bem como para acompanhar o que se faz na comunidade internacional para combater esse mal.

   O próprio fortalecimento do Estado e a independência dos órgãos controladores e fiscalizadores, bem como o avanço dos portais de transparência, já indicam uma direção a ser seguida, tudo reforçado por Tratados Internacionais por nós assinados, que visam à cooperação e integração das ações.

   Já na década de 90 era consenso internacional de que a corrupção contribuía para o aumento da pobreza, além de impactar negativamente nas relações comerciais. De lá pra cá a agenda mundial priorizou o seu combate, com a certeza de que essa prática já não cabe nas sociedades justas e democráticas, e que esse mal não combina com o desenvolvimento das nações.

   A preocupação das Nações Unidas é enorme. Os países convivem com a gravidade dos problemas vivenciados, que refletem na instabilidade e na insegurança das sociedades, enfraquecem as instituições e os valores da Democracia, da ética e da justiça, bem como comprometem o desenvolvimento sustentável e o Estado de Direito.

   O que também preocupa a comunidade internacional é o vínculo que existe entre a corrupção e outras formas de delinquência (crime organizado, corrupção econômica e lavagem de dinheiro). Além disso, os casos perpassam por diversos setores da sociedade, comprometendo os recursos dos países e a estabilidade política, visto que o problema deixou de ser local para ser transnacional. Eis a razão para que haja um verdadeiro mutirão internacional.

   Finalmente entenderam que os países tem a obrigação de fortalecer medidas para prevenir e combater a corrupção, que o intercâmbio e cooperação técnica entre as nações são fundamentais para que os corruptos já não tenham a certeza que os valores desviados estão guardados em paraísos fiscais nunca antes vasculhados, incluindo aí a recuperação de ativos, evitando enormes prejuízos à população.

   Enfim, é fundamental que se contenha o enriquecimento ilícito, o abuso do poder econômico e político, o tráfico de influências, o abuso de funções, a obstrução da justiça, e que os três poderes voltem os seus olhares com mais seriedade para o nosso povo.

*Auditor fiscal e professor.

Augusto Bernardo

é auditor fiscal de tributos estaduais da Secretaria de Estado da Fazenda do Amazonas e educador. Foi um dos fundadores do Programa Nacional de Educação Tributária (atualmente nomeado de Educação Fiscal).

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