19 de setembro de 2024

Amazonas registra mais casamentos e menos nascimentos no pós-pandemia, segundo dados do IBGE

O Amazonas registrou 67.714 nascimentos e 18.275 mortes, em 2022. Houve uma redução de 4,4% de crianças nascidas vivas, na comparação com o ano anterior – o segundo de pandemia. A quantidade de óbitos regrediu 29,30% na mesma comparação, mas não conseguiu retomar o patamar anterior à crise sanitária. Assim como ocorrido nos anos anteriores, faleceram mais homens (10.872) que mulheres (7.254). Mais da metade das estatísticas de natalidade (33.575) e mortalidade (11.502) vieram de Manaus, que teve 72 nascimentos a mais em relação a 2021, e 5.661 mortes a menos.

No mesmo ano, o Estado celebrou 14.093 casamentos, 61,83% (8.714) deles na capital. Houve um incremento de 5,96% sobre o exercício anterior. Em torno de 0,74% dos matrimônios foram realizados entre pessoas do mesmo gênero. Em paralelo, foram formalizados 5.479 divórcios em âmbito estadual e nada menos do que 80,78% deles situados na capital (4.426). O Amazonas foi na contramão da média nacional e reduziu as separações em 15,8%. É o que revela a pesquisa das Estatísticas do Registro Civil, realizada e divulgada pelo IBGE, cuja série histórica foi iniciada em 1974.

O Brasil registrou 2,54 milhões de nascimentos em 2022, uma queda de 3,5% na comparação com 2021. Foi o quarto recuo consecutivo no indicador, que chegou ao menor nível desde 1977. Todas as regiões brasileiras apresentaram queda nos registros de nascimentos, mas o Nordeste (-6,7%) e o Norte (-3,8%) sofreram os recuos mais intensos. O Amazonas (-4,4%) ficou com a 15ª posição do ranking estadual, com Paraíba (-9,9%) e Santa Catarina (+2%) nos extremos.

Em comparação com a média dos cinco anos anteriores à pandemia, há uma diminuição de 326,18 mil nascimentos em todo o país, ou 11,4% registros a menos. Entre 2015 e 2019, o Amazonas teve média de 73 mil nascimentos por ano. No período pandêmico de 2020 este número foi o menor da série de oito anos (66.809). Comparando 2022 com 2019, a redução foi de 4.430 nascimentos. A gerente da pesquisa, Klívia Brayner, assinala que “a redução da natalidade e da fecundidade, já sinalizada pelos últimos Censos, somada aos efeitos da pandemia, são elementos a serem considerados”.

Registros e mortes

A maioria dos registros de natalidade se deu em janeiro e o menor, em dezembro. A faixa etária mais frequente das mães amazonenses foi a de 20 a 24 anos (19.095), seguida por aquelas que tinham entre 25 e 29 anos (15.766), de 30 a 34 anos (10.654) e 50 anos ou mais (20). Em torno de 14,2% (11.260) das crianças eram nascidas em anos anteriores. Puxado pelos municípios do interior, o Estado ficou atrás apenas do Amapá (15,1%) em termos de “registros tardios”. Careiro, Japurá e Santa Isabel do Rio Negro tiveram até 44%, mas em Manaus essa faixa não passou dos 10%. 

“Acompanhando a tendência nacional, o número de nascimentos no Estado e na Capital reduziu. Há municípios em que o percentual de registros tardios foi acima de 40%, o que colabora fortemente para a desconfortável segunda posição estadual no país. Legalmente, os pais têm 15 dias para providenciarem a Certidão de Nascimento dos filhos recém-nascidos. Há maternidades em que o recém-nascido sai com a certidão de nascimento”, avaliou o chefe de Disseminação de Informações do IBGE-AM, Luan da Silva Rezende.

A pesquisa identificou 18.128 óbitos no Amazonas, sendo 10.872 homens e 7.254 mulheres. A capital teve 12.122 mortes e acompanhou o Estado no declínio anual dessa estatística (-5.661). “Na série histórica, percebe-se que o número de óbitos de 2022, embora reduzido em relação a 2021 e 2020, ainda não voltou ao patamar de antes da pandemia. Já na capital, as mortes voltaram aos níveis pré-pandemia”, destacou o IBGE-AM, no texto de divulgação da pesquisa. O Brasil (1.524.7319) apresentou uma queda ainda maior (-15,8%) em relação a 2021 (1.786.347), ano da segunda onda da crise sanitária e do pico de mortes da série histórica iniciada em 1974.

Os óbitos não naturais e por “causas externas”, como homicídios, suicídios, acidentes de trânsito, afogamentos e quedas acidentais, entre outros, vitimaram principalmente os homens, com destaque para a faixa de 20 a 34 anos. O número de 2022 (1.434) superou a média nacional em 1,1 ponto percentual. Dez municípios do interior tiveram mais de 20% de suas estatísticas oriundas de “mortes violentas”, especialmente Fonte Boa, Maraã e Novo Aripuanã.

“O número de óbitos reduziu em relação à 2021, o que de certa forma é normal, dado a ocorrência da pandemia naquele ano. No entanto, ainda se mantem acima da média de antes da covid-19. Os óbitos não naturais mantiveram o Estado acima da média nacional. Metade das ocorrências aconteceram em Manaus, mas o interior teve alta taxa de óbitos não naturais”, apontou o chefe de Disseminação de Informações do IBGE-AM.

Casamentos e divórcios

Dos 14.093 casamentos celebrados no Amazonas em 2022, 13.988 foram de casais heterossexuais; 29 entre cônjuges masculinos e 76 entre cônjuges femininos. “O número de casamentos no Estado e na capital manteve a média dos últimos dois anos. Mas, ainda não voltou aos níveis de antes da pandemia. Os casamentos entre pessoas do sexo masculino vêm reduzindo a cada ano. Já as uniões entre pessoas do sexo feminino estão aumentando”, comparou Luan da Silva Rezende.

No Brasil, 970.041 registros de casamentos civis foram realizados em Cartórios de Registro Civil de Pessoas Naturais, 4% a mais do que no ano anterior. Desse total, 11.022 ocorreram entre pessoas do mesmo sexo. Todas as regiões assinalaram maios uniões matrimoniais em geral, especialmente o Sul (+9,5%). Nos casamentos heterossexuais, em média, os homens se casaram aos 31,5 anos, e as mulheres, aos 29,1. A idade média foi um pouco maior nos casamentos de pessoas do mesmo sexo (34,3 e 32,7 anos, respectivamente).

Nos últimos oito anos, o número de divórcios no Brasil cresceu 27,7%, enquanto regredia 15,8% no Amazonas. Entre os municípios amazonenses, apenas oito acompanharam a queda estadual, com destaque para a Fonte Boa (-66%), Barreirinha (-45%) e São Gabriel da Cachoeira (-30%). Por outro lado, 54 municípios tiveram crescimento, especialmente Boca do Acre (1.533%), Carauari (1.100%), Alvarães (500%) e Autazes (475%). Comparando anos pré-pandemia (2019) com pós-pandemia (2022), no entanto, os divórcios subiram 9,6% no país e explodiram 86% no Estado.

Em 2022, o Amazonas contabilizou 5.479 divórcios, entre judiciais e extrajudiciais, sendo 4.426 na capital. Considerando o tempo transcorrido entre as datas do casamento e da sentença 18,3% dos casais tinham entre 10 e 14 anos de matrimônio. Na sequência estão os grupos mais de 26 anos juntos (13,8%); de 15 a 19 anos (9,4%); e menos de um ano (2,4%). A maioria (1.765) não tinha filhos e 1.288 tinham apenas um filho (1.288). Já o tempo médio entre a data do casamento e a data da sentença ou escritura do divórcio dos casais brasileiros caiu de 16 para 13,8 anos, entre 2010 e 2022.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio

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