*Carmen Novoa Silva
Quando escuto que foi a cultura popular a causadora das festivas coroações da Virgem todo final do mês de Maio… Quando escuto que os terços-vivos rezados durante esse mês são da criatividade piegas de alguns devotos… Quando dizem que são apenas do poder imaginativo e piedoso de alguns, esses louvores dos maios a Maria Santíssima, sou recriminada pelo compêndio Mariológico de S. Flores (Edições San Pablo). Ele expõe extensa memória histórial desse mês em que foi estabelecido o culto devocional a Maria mãe de Deus. Se não, vejamos, de modo resumidíssimo, essa cronologia à luz do estudo de mariologia que tenho às mãos.
SÉCULO 17 AO 19 – em crônica de arquivo Santo Domingo diz: “A prática do mês de maio deve ser com cantos, orações, tríduos, procissões, novenas e a coroação de Maria com uma coroa de rosas tendo como oferenda final um coração de prata à rainha do céu”. A literatura mariana sempre foi fecunda. Todas as publicações dos frades e monges, arcebispos exortando honrarias à Teothokos (Mãe de Deus) inclusive com flores e velas colocadas frente a quadros da Virgem além do incentivo a frequência sacramental e visitas às capelas marianas. O rosário passa a ser estendido a todo o ano. Afinal em 1917 a Virgem de Fátima (Portugal) em sua aparição manifestou-se como “Eu sou a senhora do Rosário” pedindo sua constante reza. E isso acontecia desde 1854, devido à definição do dogma da Imaculada Conceição. Este foi apressado em sua promulgação devido a aparição de Maria em Lourdes (França) quando assumiu o título de: “Eu sou a Imaculada Conceição”.
OS MISSIONÁRIOS – São Francisco Xavier narrou em seus escritos que ao missionar no Oriente, os nativos quedavam-se arredios e desconfiados perante a catequese. No entanto, quando resolveram colocar a imagem da Virgem aos pés da cruz, quedaram-se receptivos ao evangelho. Pergunte a algum missionário, se a mãe de Deus não possui esse poder demiúrgico de sagrar o solo onde pisam?
OS PAPAS – João 23 e Pio 12 ressaltam o mês de maio nas suas encíclicas “constituindo um reconhecimento de sua importância para o catolicismo”. João XIII, promotor do Rosário, com nada menos que 16 encíclicas. Paulo VI na encíclica MENSE MAIO em 1965 afirma: “É costume profundo de nossos predecessores papas escolher este mês para um convite à oração pública a Maria pelas necessidades pessoais e da Igreja”.
“TOTUS TUUS” – “Todo Teu” foi o lema do brasão pontifício de João Paulo II com o M de Maria em destaque. Disse ele: “Queria firmar-me como cristocêntrico. Mas S. Luis Grignon de Monfort me fez entender que a verdadeira devoção a Maria é sumamente cristocêntrica posto que radicada no ministério trinitário de Deus. Desde a Encarnação a Redenção”. João Paulo II evidenciou que nossa missão é dar abrigo aos que buscam algo para descansar das andanças da alma (angústia, problemas, lutos…). Indicou-nos como sinal de rota segura, a MARIOFANIA DO “TOTUS TUUS”. Por isso, essa imensurável multidão a suplicar como o poeta D. Helder Câmara: “Pode parecer pretensão e absurdo / mas Senhora, não me basta tecer… Ensina-me o segredo das túnicas inconsúteis”.
CARMEN NOVOA SILVA, é Teóloga e membro da Academia Amazonense
de Letras e da Academia Marial do Santuário de Aparecida-SP