Já tem onde comer em Parintins? Se não tem, agende a Peixaria e Balneário Soraya. Quem frequenta a Ilha Tupinambarana desde 1988, quando o bumbódromo foi inaugurado, conhece bem a parintinense, afinal de contas a empreendedora foi a dona do mais famoso flutuante da Ilha, o Flutuante da Soraya, às margens do belo lago Macurany, inaugurado em 1989 e fechado no ano passado para dar lugar ao novo estabelecimento.
“Inaugurei a peixaria agora, no Dia dos Namorados, 12 de junho, e aqui teremos a mesma ‘pegada’ do flutuante”, avisou Soraya.
Soraya Cohen é culinarista desde os 15 anos quando fez um curso de arte culinária brasileira se especializando na gastronomia paraense, mas principalmente nas comidas típicas de Parintins, que possui forte herança indígena e cabocla
O cardápio, no qual há doze anos ela se baseia, é recheado de denominações curiosas, como a ‘pavulagem de bodó’.
“Na Peixaria Japurá, do meu irmã Sirlan, aí em Manaus, servimos o ‘pavulagem de bodó’, no ponto para ser comido, porque o manauara não sabe comer o bodó como o caboclo perreché. Aqui, na minha peixaria, eu sirvo o bodó autêntico, com casca e tudo, para quem gosta de descascá-lo e ainda chupar os ossos”, riu.
Outros dois itens homenageiam os bumbás são a ‘canela do Garantido’ e a ‘canela do Caprichoso’, dois caldos de mocotó, o primeiro engrossado com feijão branco, e o segundo com feijão preto.
E se o tambaqui reina no gosto dos amazonenses, na peixaria da Soraya ele recebe o nome de ‘tuxaua luxo’, lembrando os brincantes do Festival Folclórico que se apresentam no bumbódromo com ricas e luxuosas fantasias representando os tuxauas. O tambaqui do ‘tuxaua luxo’ vem mergulhado no tucupi, temperado com jambu e ervas, e acompanhado de arroz e farinha d’água.
Nomes exóticos
E se nas três apresentações dos bumbás as galeras suam ao som da batucada e da marujada, das mãos de Soraya sai o ‘suor da galera’, carne de sol em cubos, caldo engrossado com macaxeira ralada mais verduras e arroz.
Agora o que chama mais a atenção, pelo lado cômico, é o ‘cuscuz do pajé’, filé gito (pequeno, no caboquês) de peixe, dois ovos, vinagrete de cuscuz e arroz de tucupi. Quem conhece a história dos pajés dos bumbás sabe o por quê desse nome.
Outros personagens do Festival Folclórico de Parintins também são lembrados no cardápio da Soraya: a sinhazinha da fazenda, na ‘mania de sinhazinha’ e no ‘saias de sinhazinha’; a cunhã-poranga, no ‘arrumadinho de cunhã’; as índias, no ‘sururu das índias’; e as raças, na ‘salada das raças’.
“E não pode faltar a banda assada na brasa de tambaqui sem espinhas acompanhado de tucupi, vinagrete de cuscuz e farofa”, informou.
Soraya preparou o espaço bem ao estilo de uma casa ribeirinha, com estrutura toda de madeira, cobertura de zinco e muitas palhas de caranã, além da paradisíaca visão do Macurany. Macurany, na linguagem indígena, significa o bem e o mal. O espaço tem capacidade para 400 pessoas sentadas e, desde a inauguração, está abrindo diariamente, das 9h às 22h.
“Temos uma orla de 100m, mais uma balsa de 45m para atracação de embarcações. A ideia é tornar a peixaria tão conhecida como o flutuante e ser um ponto de referência, em Parintins. Quem desejar fazer suas reservas, já pode ligar direto para mim pelo 9 9114-7249”, concluiu.
A chegada da cobra grande
O outro lado de Soraya é ser produtora cultural e ela vai mostrar isso no próximo dia 25, terça-feira, às 21h, com o espetáculo ‘A chegada da cobra grande’, que terá sua 25ª edição.
“Trata-se de um ritual aquático, que reunirá 25 artistas e mais a cobra grande representando pescadores, tribo indígena cospe-fogo e Amazonas, show produzido pelo artista Sabazinho, que já trabalhou para os dois bois”, adiantou.
A performance conta a história de alguns pescadores que, perto do Festival, saíram para pescar no lago. Lá, viram um clarão, o olhar da cobra grande, que os deixou hipnotizados. Quando passou o dia deles voltarem para casa e isso não aconteceu, seus familiares ficaram preocupados e foram procurar ajuda numa tribo indígena. Os homens da tribo prontamente foram atrás dos pescadores e, lá chegando, viram o clarão dos olhos da cobra grande. Voltaram antes de serem encantados e pediram que a cunhã, a filha do pajé, a moça mais bonita da tribo, os ajudassem. A cunhã seguiu até o lago e como era tão bela, a cobra grande ficou fascinada pela sua beleza, o que fez com que o clarão do seu olhar fosse enfraquecendo até ser dominada pela cunhã. Os pescadores saíram do transe e, junto com a cunhã e a cobra, retornaram para a aldeia onde realizaram a festa do Dabacury. No final da festa, a cobra grande sumiu, foi embora, para voltar novamente, no próximo ano, a encantar aqueles que a encontrem nas águas do lago.
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