23 de novembro de 2024

FECHE O RETROVISOR

Carlos Silva

O título do artigo pode indicar que digitarei ideias esotéricas ou simbólicas ou filosóficas. Calma. Na verdade, tem a ver com o bem-estar social, nosso, e quero dizer, meu e seu também. O trânsito de toda e qualquer capital no nosso país é estressante, e muito. Em São Paulo, várias vezes, levei duas horas para avançar oitenta e cinco metros em engarrafamentos. Mas, a população, mesmo não gostando, acaba de acostumando. O ser humano se acostuma com aquilo que ele não pode mudar e tem que suportar. É a vida. No entanto, hoje, como há muito tempo, sentimos a presença de motocicletas em grande número nas ruas das capitais e, particularmente, na nossa Manaus. Porém, a romântica visão de grupos de motociclistas e de motoqueiros, viajando para o infinito e além, sem medo de ser feliz e como se não houvesse amanhã, é bem diferente do motociclista de aplicativo e do trabalhador que tem que estar no trampo na hora certa e voltar para comprar o rancho da família. Na verdade, são vários grupos de microcosmos de interesses e objetivos, sustentados, todos, pela mesma plataforma: a motocicleta. Para mim, nada mais lindo de se ver que uma motocicleta imponente, que nos faz sentir o que é o cheiro da liberdade. Admiro quem pilota moto, mas, não é a minha praia. E por absoluta falta de coragem mesmo. Todos os dias vemos na nossa Manaus, pessoas perdendo a vida em acidentes de trânsito, e quando envolve motos, a segurança dos pilotos é mínima. E as “costuras” nos engarrafamentos? Bem, uma das vantagens das motos, pequenas, sobre os carros, é a oportunidade de ganhar tempo costurando as filas nos engarrafamentos. Pode isso pelas normas do DETRAN? Pouco me importa, mas, funciona. O problema é a altura da motos em relação à altura do retrovisores dos carros pequenos. Quase sempre os motociclistas batem nos retrovisores. E quando acontece, o que se faz? Tem várias opções e a maioria tem um final infeliz. Pense que o motociclista não fez de propósito e não tem dinheiro para pagar o seu retrovisor. Então, pensando dessa forma, eu decidi fazer o seguinte: quando é possível, eu fico com o carro na extremidade da pista e rebato o retrovisor do lado oposto. Caso eu tenha que ficar nas pistas centrais eu rebato os dois retrovisores. Isso dá um certo trabalho, sim. Mas, é mais barato que ter que comprar um retrovisor novo. Pode isso pelas normas do DETRAN? De novo, pouco me importa, mas funciona. Dia desses, um motociclista parou ao meu lado e perguntou se era eu que tinha fechado o retrovisor do lado direito. Falei que sim, e ele simplesmente, me agradeceu e me elogiou. Repliquei: tamo junto ! Ele agradeceu, de novo, e disse: é nós ! e  saiu sorridente. Ganhei o dia ! Logo, estou no caminho certo. E a vida segue! Com cervejas! Geladas !

Carlos Alberto da Silva

Coronel do Exército, na Reserva, professor universitário, graduado em Administração e mestre em Ciências Militares

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