26 de novembro de 2024

Earthshot Prize, o Oscar Ambiental (parte 5)

Até o final de 2024, o Earthshot Prize destinará 20 milhões de libras (R$ 140,5M) para impulsionar soluções contra as mudanças climáticas. Nas últimas publicações, algumas delas foram destacadas, e este artigo aborda sobre três empresas cujas inovações receberam o reconhecimento do ‘Oscar ambiental’ por reduzir as emissões de carbono, promover a transição para energias limpas e renováveis, e adotar práticas sustentáveis em escala global, as quais poderiam ser úteis para a região Amazônica.

O Earthshot Prize é uma iniciativa única, cujos finalistas deveriam ser convidados para se instalar no PIM já que estão deixando um legado positivo para o planeta: abriram empregos verdes, evitaram a emissão ou capturaram  uma grande quantidade de toneladas de CO2.  E a seguir, há o resumo de três empresas vencedoras que poderiam produzir no PIM e que trariam soluções eficazes para enfrentar diversos desafios energéticos, residenciais, de transporte e ambientais em nossa região.

S1) Eletrolisadores AEM da Enapter

A Enapter <https://www.enapter.com/> foi fundada em 2017 e está presente na Alemanha, Itália e Tailândia. Ela ganhou o reconhecimento do Oscar ambiental em 2021 por desenvolver o Eletrolisador AEM (Anion Exchange Membrane) que permite a produção de hidrogênio verde de maneira mais eficiente e a um custo reduzido em comparação com outras tecnologias. Além disso, os eletrolisadores AEM são projetados para operar com eletricidade de fontes renováveis, como solar ou eólica, tornando a produção de hidrogênio uma opção sustentável e livre de carbono.

Desde que ganhou o Earthshot Prize, a Enapter concluiu a construção de sua fábrica de produção em massa na Alemanha. Em 2023, a empresa vendeu €31,5 milhões em eletrolisadores, um recorde histórico para a organização. Durante o ano, a empresa implantou eletrolisadores no centro de hidrogênio da Universidade de South Wales, entregou 30 eletrolisadores AEM à Tokyo Gas, um dos maiores fornecedores de energia da Ásia, e assinou um contrato no valor de mais de $6,5 milhões com a empresa chinesa Wolong.

Em 2021 e 2022, a tecnologia evitou a emissão de 71 mil toneladas de CO2e. Em julho de 2023, entregou 3.700 eletrolisadores a 352 clientes em 54 países. Ao longo de sua vida útil, os eletrolisadores e pilhas entregues evitarão a emissão de 96.157 toneladas de CO2e.

S2) Boomitra <https://boomitra.com/>

Boomitra significa “Amigo da Terra” em Sânscrito e esta empresa indiana usa tecnologia de satélites e Inteligência Artificial para medir, relatar e verificar créditos de carbono do solo em todo o mundo. A Boomitra recebeu o prêmio do Earthshot por ajudar cada agricultor e pecuarista em aumentar o carbono do solo e a produtividade, enquanto garante uma renda adicional por meio de créditos de carbono.

A empresa trabalha com mais de 150 mil agricultores e pecuaristas, gerenciando mais de cinco milhões de acres em regiões pobres da África, América do Sul e Ásia. Utilizando satélites e tecnologia de IA, eles monitoram as melhorias no solo e sua capacidade de armazenar carbono. Em troca, empresas e governos que desejam compensar suas emissões podem comprar créditos de carbono verificados no mercado da Boomitra, com a maior parte da receita indo diretamente para os agricultores e pecuaristas.

A Boomitra até o momento já removeu cerca de 10 milhões de toneladas de carbono da atmosfera e este ano ela ganhou mais um reconhecimento mundial, foi selecionada pela TIME com uma das cem mais influentes empresas do planeta.

S3) Low Carbon Materials (LCM)

A LCM <https://www.lowcarbonmaterials.com/> é uma empresa britânica fundada por três doutorandos em Química. Ela desenvolveu soluções inovadoras para descarbonizar o concreto e o asfalto, reduzindo a contribuição desses materiais para o aquecimento urbano e as emissões de carbono.

Para o concreto, a LCM desenvolveu o OSTO, um agregado ou aditivo que ajuda a criar um concreto com uma pegada de carbono significativamente menor em comparação com o concreto tradicional. O objetivo do OSTO é tornar o concreto mais sustentável e ajudar a alcançar os objetivos de zero carbono na construção civil.

Para se ter ideia, a LCM está trabalhando com a indústria para criar um bloco de concreto zero carbono, com OSTO compondo 10% de seu peso total.

E segundo o Earthshot Prize, a LCM espera que o OSTO se torne essencial para projetos de construção no Reino Unido. Se isso acontecer, o impacto será significativo, pois o governo britânico anunciou que deseja construir 300 mil novas casas por ano. Isso significa que se apenas 10% dessas casas usarem OSTO, seriam evitadas 65 mil toneladas de emissões de CO2 em apenas cinco anos. A LCM também testou a adequação do OSTO para outros produtos de concreto, como calçadas, mobiliário urbano e pavimentação.

Além do OSTO, a LCM desenvolveu o ACLA, um agregado com carbono negativo que ajuda a armazenar carbono de forma permanente, contribuindo para a descarbonização do asfalto. De acordo com a LCM, cada tonelada de ACLA remove permanentemente cerca de 750 kg de CO₂e da atmosfera. Esse valor considera todas as emissões e benefícios de carbono desde a produção das matérias-primas até a fabricação do ACLA.

Por fim, com fartura de água, terra e energia solar em nossa região, a adoção das soluções ambientais propostas pela Enapter, Boomitra e LCM no PIM poderia transformar a Amazônia em um modelo global de sustentabilidade. Com hidrogênio verde, restauração florestal e descarbonização da infraestrutura, essas empresas impulsionariam o desenvolvimento sustentável e reduziriam problemas crônicos como desmatamento, queimadas e poluição, ao mesmo tempo em que criariam empregos verdes e protegeriam o ecossistema.

Jonas Gomes

Prof. Dr. Jonas Gomes da Silva - Professor Associado do Dep. de Engenharia de Produção com Pós Doutorado iniciado no ano de 2020 em Inovação pela Escola de Negócios da Universidade de Manchester. E-mail: [email protected].

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