17 de outubro de 2024

Cura pelas mãos

Fisioterapia visceral e osteopatia são duas técnicas que, aliadas, podem resolver muitos problemas de nosso organismo.

Quando ouvimos falar em fisioterapia, logo nos vem à mente aqueles exercícios leves direcionados por um profissional para fazer com que pessoas com algum problema locomotor voltem a ter seus movimentos normalizados. Mas a fisioterapia é bem mais do que isso. O Coffito (Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional) reconhece 15 especialidades de fisioterapia, entre elas, a fisioterapia ortopédica e traumatológica, a fisioterapia aquática, a fisioterapia cardiovascular, e duas especialidades que, ninguém imagina, mas também são especialidades da fisioterapia: o pilates e a acupuntura. 

Essa reportagem, no entanto, irá mostrar uma das especialidades pouco conhecida, porém, que apresenta resultados bastante satisfatórios principalmente no quesito dores. Trata-se da fisioterapia visceral, que como o nome já indica, trata as vísceras. Para quem não sabe, as vísceras humanas são: o fígado, rim, baço, pulmão, coração, estômago, intestinos e a bexiga. 

Mas se o fisioterapeuta basicamente usa as mãos para tratar de seus pacientes, como faz para atingir esses órgãos internos? Simples: eles utilizam a mesma técnica dos ‘pegadores’ e ‘puxadores’, que antigamente tratavam desmentiduras, torções e até ossos fora do lugar usando apenas o conhecimento e as mãos, da mesma forma as parteiras, que colocavam o bebê na posição correta dentro da barriga da mãe, apenas com a palpação da barriga.

Em Manaus desde 2007, o fisioterapeuta gaúcho Lauro Bueno é um dos pioneiros na prática da fisioterapia visceral em sua clínica Speciale (rua Rio Purus, 460 – N. Sra. das Graças). Lauro foi aluno, entre outros, de Jean Pierre Barral, fisioterapeuta e ‘papa’ da osteopatia. Jean Pierre é o criador da fisioterapia visceral, a qual ensina há mais de 30 anos.

Nessa técnica, se aplica uma força suave, às vísceras, com o fim de estimular a mobilidade e tonicidade dos órgãos. Se bem aplicada, ajuda a corrigir os movimentos anormais das vísceras, aliviando o desconforto do paciente.

 

PICS

A terapia visceral, utilizada por Lauro, pertence ao rol de conhecimentos da osteopatia que, como PICS/SUS (Prática Integrativa Complementar em Saúde), busca aliviar dores, corrigir disfunções e restaurar alterações orgânicas.

“O nosso estômago, por exemplo, se divide em partes: cárdia, fundo, corpo, antro e piloro. Se alguma dessas partes, por algum motivo, um acidente, é colocada fora da posição normal, isso pode causar dores em outros lugares do corpo sem que entendamos por que. Através da osteopatia visceral, devolvemos a normalidade de posição e movimento, permitindo ao organismo voltar a funcionar normalmente”, explicou.

A osteopatia foi desenvolvida pelo cirurgião americano Andrew Taylor Still, que serviu no exército durante a Guerra Civil Americana (1861 a 1865). Atendendo a centenas de soldados que chegavam feridos das mais diversas formas, de tiros a bombas, Andrew pode ampliar seus conhecimentos sobre a anatomia humana. O médico concluiu que ossos, nervos, músculos e órgãos formavam uma unidade e que mesmo cada estrutura desempenhando o seu papel, no organismo, uma dependia da outra, e se uma dessas estruturas estivesse mal, afetaria as demais, provocando uma sequência de problemas.

“É por isso que, às vezes, quando sentimos uma dor de cabeça, não sabemos o porquê da dor. É provável que algum órgão ou estrutura distante não esteja funcionando corretamente. Através da osteopatia, examinamos as vísceras e podemos detectar o problema, que poderá ser a causa daquela dor”, disse Lauro.

De acordo com o fisioterapeuta, as principais queixas de seus pacientes são as dores na coluna, e podem ser provenientes tanto da coluna quanto de estruturas musculares, nervosas ou viscerais, tendo cada uma sua forma específica de correção, daí a importância de uma avaliação precisa.

“Sem diagnóstico preciso, não se trata o verdadeiro vilão da história”, afirmou.

De recém-nascidos a idosos

Um conceito desenvolvido por Andrew é sobre a imunidade natural do corpo: se as estruturas e órgãos fizerem a sua função de forma correta, se o sangue fluir normalmente e os nervos passarem corretamente a informação entre o cérebro e o resto do corpo então o corpo tem a capacidade de se auto curar através de processos internos.  

“Um exemplo que posso citar sobre o mau funcionamento do organismo são as varizes, que surgem devido a uma má circulação sanguínea e podem provocar dor, cansaço, coceira, inchaço, formigamento, sensação de peso nas pernas. A osteopatia não trata as varizes, mas pode tratar o problema que causa as varizes”, revelou.

Como a osteopatia trabalha em diversos sistemas do corpo: músculos, articulações, nervos, tecido conjuntivo, sistema circulatório e órgãos internos, são inúmeros os problemas que pode tratar, tais como dores de cabeça, enxaquecas, vertigens e labirintites, problemas de coluna, de articulação, digestivos, lombalgias, espasmos musculares, insônia, depressão, estresse, sinusite, quedas, fraturas, cirurgias entre vários outros.

“Eu só trato de pacientes adultos, mas a osteopatia pode ser aplicada a pessoas de todas as idades, de recém-nascidos a idosos, e resolve muitos problemas”, concluiu.

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio

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