“Pessoas letradas e os ignorantes”. Esta frase, que se escuta, de vez em quando, por aí, carrega muito preconceito histórico, no contexto da saga do povo brasileiro. Parece que todos nós, patrícios, tivemos a mesma oportunidade e o mesmo “berço de ouro” que nos proporcionou condições de realizar diversos doutorados, aqui e ali. Ou seja, tem-se a impressão de que o estudo pode até tornar uma pessoa em alguém culto e letrado. Pode, mas nem sempre isso é confirmado. E, é muito comum, ouvirmos e vermos graduados, licenciados, mestres, doutores e pós-doutores agirem com extrema arrogância, se utilizando de termos eruditos ao solicitar um “kikão” na esquina. Isso é, também, uma ridícula forma de “carteirada”. E uma forma afrontosa. A sorte do brasileiro é a enorme capacidade de se adaptar aos desaforos da vida. E nos adaptamos muito bem, até. Por sua vez, em determinadas ocasiões, eu vi e ouvi professores Pós-doutorados em Português, citarem, em suas palestras, termos como “né”, “passou batido” e outras pérolas. Esclareço que tais termos fazem parte da linguagem popular, mas em algumas ocasiões, é lícito acreditar que deve ser evitado o seu uso. De outra forma, eventualmente, uma palavra mal empregada em um contexto comum, pode ser interpretada de forma equivocada, e isso, normalmente, causa mal-estar, sensação de ofensa, brigas e até guerras. Lembrei de uma anedota. Bem, li um texto onde a crônica a seguir era tratada como piada: “ Dois senhores estavam no barbeiro. Um deles recomendou ao barbeiro que não lhe passasse certa colônia pois tinha odor de lupanar e a esposa poderia brigar com ele. O outro cliente solicitou ao outro babeiro que passasse a tal colônia, pois, mesmo com cheiro típico de casa de tolerância, a esposa, como nunca tinha trabalhado lá, desconhecia o aroma. Pois bem, a barbearia está em reforma há mais de 40 anos.” Seria divertido ver a cena, no mundo real. Lembro, também daquele ditado: “flecha lançada e palavra dita, não tem volta”. Outro ditado: “você não tem uma segunda chance de mostrar uma primeira boa impressão”. Tudo tem a ver com a palavra, com a linguagem, com a gramática normativa. Enfim! Há oportunidades em que a erudição é obrigatória. O que não ocorre na mesa de bar ou ensinando netas de 6 anos. Cada momento é o seu momento. E, no mundo formal, há que se analisar o interlocutor, pelo gênero, faixa etária, escolaridade, grupo social, e outras características. Entretanto, na minha idade, quase sete décadas, aprendi muito e a cada dia aprendo mais e mais ainda. Um conselho que ofereço à humanidade: carregue uma fita métrica no bolso…para medir suas palavras, antes de usá-las. Já refletiu na quantidade de oportunidades perdidas por uma palavra mal colocada? Pois é. Mas, a vida segue. E com cervejas. Geladas!
Fita métrica
Carlos Alberto da Silva
Coronel do Exército, na Reserva, professor universitário, graduado em Administração e mestre em Ciências Militares
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