As páginas de opinião, artigos e editoriais existem para que os veículos de comunicação divulguem opiniões sobre os temas na pauta da sociedade. Já o noticiário deve se ater a informar fatos, acontecimentos, sem opinar, deixando o público, com base nas informações fornecidas, tirar suas conclusões.
Não é, infelizmente, o que temos assistido nos jornais e especialmente nas televisões dedicados ao jornalismo. Quase todas vivem crise de credibilidade por causa da ostensiva posição ideológica ou partidária de “comentadores”, “analistas” e repórteres.
A eleição de Trump levou estes segmentos a uma reação inusitada de pintar o futuro dos EUA e do mundo de forma catastrófica, em função da escolha do eleitor da maior democracia do mundo. Antes, o noticiário internacional dava conta de uma eleição acirrada e se viu que não era bem assim. A esquerda americana foi varrida do país.
No Brasil, criou-se um clima de disputa na eleição municipal de São Paulo, quando na verdade o candidato Boulos, apoiado pelo presidente Lula, nunca teve a menor chance, considerando a eleição ser em dois turnos.
A única vantagem desse quadro polarizado, em que uma pseudodireita se faz presente também com notícias falsas, é que estão ficando claros os sinais da sociedade no sentido de se arquivar este Fla X Flu que não atende aos interesses nacionais. O povo quer paz, trabalho, eficiência, austeridade e respeito. Essa pauta elitista não interessa a imensa população que quer escolas, hospitais, transportes, melhores salários. Para cuidar de questões ligadas a racismo e a discriminação por opção sexual, a legislação existe e deve ser aplicada. O exagero na abordagem destas questões de foro íntimo das pessoas pode provocar preconceitos desnecessários, sem tradição na formação do nosso povo.
O valor da democracia está justamente no pluralismo, na liberdade do debate, no conhecimento de opiniões e pensamentos contraditórios. A censura é sempre condenável e chega a chocar o Judiciário querer censurar obras de Direito que podem eventualmente reportar leis ou pareceres que possam ser considerados polêmicos ou preconceituosos. Beira o ridículo, como o de se “reescrever” sucessos de carnavais antigos pelas suas referências raciais ou de opção sexual.
A sociedade tem problemas maiores e mais urgentes, que afetam trabalhadores, professores, crianças, do que cuidar de uma pauta de gente que não trabalha ou vive de empregos ou “convênios” com o setor público.
Uma crise econômica, com seus reflexos sociais, está no radar. Vamos cuidar de minimizar o drama e não ficar num proselitismo insensível, irresponsável e até mesmo cruel com os menos favorecidos.
A nova “narrativa” é atribuir o buraco nas contas públicas aos militares.
Que país!