22 de dezembro de 2024

Os militares injustiçados

O pouco conhecimento da história e a leviandade com que se assume narrativas deformadas conduzem à ignorância ou à má-fé.

Nesse capítulo revanchista que vivemos, surgiu agora a ressentida alegação de que vantagens proporcionadas a militares seriam responsáveis por gastos dispensáveis na Previdência Social. Os militares não estão inseridos na Previdência Social, e sim no orçamento do Estado, que lhe paga aposentadorias como a todos os funcionários púbicos estatutários. E mais, a proteção a filhas solteiras citada foi abolida em 2001, quando o governo FHC deu início a esse festival de preconceitos e revanchismo, por um lado, e o premiar militantes da luta armada e seus herdeiros com gordas indenizações e pensões, por outro.

Tivessem um mínimo de correção no trato com uma categoria de servidores já muito reduzida em vencimentos e vantagens na comparação com os praticados no Judiciário e Legislativo, em que abundam salários superiores aos pagos aos oficiais generais das três armas, saberiam que muitas perdas foram impostas no regime militar, logo no primeiro governo revolucionário.

O Presidente Castelo Branco, atendeu a uma reivindicação das esquerdas ao retirar a inelegibilidade de sargentos e instituiu prazo de dois anos para afastamento de militar em funções civis, quando retornaria ao serviço ativo ou, se atendesse à legislação, pedisse passagem para a reserva. Militar da ativa teve proibido o direito a disputar mandato eletivo. E mais, acabou com a patente de marechal atribuída quando da passagem para a reserva aos que atingissem o topo da carreira. e a promoção automática nas demais patentes. Também limitou a 12 anos o tempo de oficiais superiores – almirantes, generais e brigadeiros – na ativa.

Outra deformação é o tratamento de “ditadura” ao período autoritário de tutela militar que o país viveu de 64 a 85. Chamar de ditadura é um ultraje à classe política que referendou escolhas de presidentes e duas constituições, as eleições que os elegeram para o Congresso Nacional.

A democracia pede respeito à história e à verdade. Não se constrói uma sociedade fraterna e progressista sem respeito a direitos com segurança, desenvolvimento e o reconhecimento aos atores que ajudaram a formar o Brasil uno, grande e livre que temos.

Julgar nossos militares pelos desvios de conduta de alguns ou pela temeridade da obediência a eventual Comandante Supremo das Forças Armadas é outro ato de desonestidade intelectual. Meia dúzia de gatos pingados não representam nada.

Desde sempre os militares obedeceram ao interesse Nacional e a vontade popular.

Aventuras chance zero.

Aristóteles Drummond

É jornalista e presidente da Associação Comercial do Estado do Rio de Janeiro

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