Se depender da vontade do governo brasileiro, o PIM (Polo Industrial de Manaus) pode fechar 2010 com avanço de até 10% nos embarques de mercadorias para o mercado externo. De acordo com o Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), a retomada dos negócios na América Latina motivada pelo reaquecimento da economia global fará a região encerrar um empate técnico em faturamento com o volume registrado em 2008 (US$ 1.19 bilhão), ou seja, algo em torno de US$ 1.08 bilhão nas exportações.
O volume exportado atualmente pelo PIM, conforme os dados mais recentes divulgados pela Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus), atingiu US$ 672.800 milhões no período de janeiro a outubro deste ano. Mas, na estimativa do secretário executivo do Mdic, Ivan Ramalho, o setor não vai se recuperar do duro golpe sofrido durante a instabilidade econômica no início do ano e deverá fechar com queda de até 25% em relação a 2008. Os números, divulgados pelo Mdic durante a 5ª Fiam (Feira Internacional da Amazônia) dão conta que essa tendência de crescimento nas exportações da indústria local para 2010 está 2% acima da média nacional, que até a terceira semana de novembro fechou em US$ 134.6 bilhões, praticamente superando o patamar de 2006 e 2007 no período.
Ivan Ramalho disse que a meta principal da política de desenvolvimento produtivo, que era de o Brasil atingir 1,25% de participação nas exportações mundiais em 2010, será alcançada ainda neste ano. O secretário explicou, entretanto, que esse fato é motivado muito mais pela redução das exportações mundiais, que necessariamente pelo aumento das exportações do mercado brasileiro.
Ramalho explicou ainda que a meta de exportação para 2010 foi fixada tendo em vista a perspectiva de crescimento da demanda dos principais mercados brasileiros em cerca de 10%, apesar de a média nacional oscilar entre 8% e 9%. O secretário revelou também que no cálculo da meta foi utilizada como hipótese que o dólar se situaria na faixa de R$ 1,70 a R$ 1,75 com base no que foi divulgado pelo Banco Central. “O Amazonas tem tudo para retomar o crescimento industrial, porque tem acompanhado a contento o bom humor do mercado interno”, amenizou.
Controle do câmbio
Quando questionado sobre possíveis medidas para controle do câmbio, evitando a supervalorização da moeda nacional frente ao dólar, Ramalho respondeu que esse papel não cabe a Secretaria de Comércio Exterior. “Temos que tomar cuidado para que o debate sobre câmbio não desvie a atenção de itens estruturais”, ponderou o secretário, citando a logística e o financiamento como problemas estruturais que estão avançando no Amazonas.
Carga parada
No mesmo sentido de privilegiar o combate aos problemas estruturais, o diretor executivo da Aceam (Associação de Comércio Exterior da Amazônia), Moacyr Bittencourt, comentou que a cada dia que a carga fica parada no porto, há um aumento de custo de 0,5% a 1% do valor dos produtos exportados. O executivo lembrou que mais de dois terços das importações amazonenses são de insumos para o polo industrial. “O tempo de importação aumenta o custo da produção local”, reclamou.
Bittencourt ressaltou a necessidade de uma política de exportação que incentive a atividade de comércio exterior, quando afirmou que “não é o câmbio que vai resolver todos os problemas de exportação”. Apesar de considerar o real sobrevalorizado no momento, o empresário considera que seria mais efetivo ter uma reestruturação da economia que envolvesse, entre outros pontos, infra-estrutura, redução da tributação e maior financiamento. “Se não cuidarmos dos custos internos, não há taxa de câmbio que resolva”, finalizou.