Segmento de odontologia no país registra marca histórica de 26 milhões beneficiários em 2019 e projeta crescimento expressivo para 2020. De acordo com a NAB (Nota de Acompanhamento de Beneficiários), do IESS (Instituto de Estudos de Saúde Suplementar), o segmento cresceu 7,2% em 2019 e firmou 1,7 milhão de novos vínculos, sendo 655,1 mil apenas nos últimos três meses do ano. No Amazonas, contratação de planos empresariais e o avanço de programas individuais e familiares foram os principais fatores para o crescimento positivo. Para profissionais, população mostram mais preocupação com os cuidados da saúde bucal.
Segundo o superintendente executivo do IESS, José Cechin, entre dezembro de 2019 e o mesmo mês do ano anterior, 1,2 milhão dos novos contratos foram feitos por empresas, que decidiram oferecer o benefício aos seus colaboradores, como forma de atrair ou reter talentos. “Foi um avanço de 6,9%. Outro destaque foi o incremento de 3,7% no total de planos odontológicos individuais. Enquanto os planos médico-hospitalares reduziram muito a venda desse tipo de plano por conta de desequilíbrios na regulação, para os planos odontológicos, esse é um mercado que deve continuar crescendo nos próximos anos", disse.
O número de beneficiários vinculados a planos exclusivamente odontológicos cresceu mais de 10 vezes entre 2000 e 2018. O estudo analisa dados consolidados de 2014 a 2018 e mostram um crescimento de 23% do setor. Custo mais acessível aos planos e a crescente preocupação do brasileiro com a saúde bucal foram um dos principais fatores que contribuíram para o desempenho positivo do segmento. O estudo foi realizado pelo IESS ( Instituto de Estudos de Saúde Suplementar).
Segundo o Painel da Odontologia Suplementar do IESS, o setor saltou de 2,3 milhões de beneficiários para 23,6 milhões no período analisado. Somente em 2018, o setor de saúde suplementar contabilizou 176,2 milhões de procedimentos odontológicos. Um aumento de 23% em relação aos 143,2 milhões registrados em 2014. Segundo o superintendente executivo do IESS, José Cechin, o interesse do brasileiro com foco em prevenção da saúde bucal tem sido um fator importante a se destacar. “O mais importante que o aumento absoluto no total de procedimentos, o estudo revela o interesse do brasileiro por este serviço, tem sido motivado por ações com foco em prevenção”, disse.
Para a cirurgiã dentista e mestranda em ciências odontológicas pela UFAM (Universidade Federal do Amazonas) e especialista em dentística e prótese dentária, Laís Belém Mota, a facilidade de acesso à informação e a busca por tratamentos com fins estéticos, têm sido fatores importantes que contribuíram para o aquecimento do mercado. “Com o maior acesso à informação que existe atualmente, as pessoas conseguem ter maior entendimento da saúde bucal como parte igualmente importante da saúde geral. A procura por tratamentos com finalidade estética também tem crescido muito”, disse.
De acordo com o IESS, a quantidade de procedimentos preventivos aumentou 52,3% entre 2014 e 2018. Um salto de 47,2 milhões para 71,8 milhões. No mesmo período, o total de atividades educativas individuais avançou 49,4% e, a aplicação tópica de flúor por hemi-arcada, em 40,7%. Além disso, em 2014, foram realizadas 12,4 milhões de consultas odontológicas iniciais. O total tem aumentado ano a ano até chegar a 15,3 milhões em 2018. O que revela, por si só, o interesse crescente pelos tratamentos odontológicos.
Mercado
Segundo Laís, a atual situação econômica do Brasil tem criado um mercado com maiores possibilidades para o profissional atuar. “Tudo depende da forma como o dentista pretende atuar. Para os que buscam a atuação em clínicas particulares, as dificuldades serão semelhantes às de empreendedores. Você precisa saber se projetar no mercado, com algum diferencial, sem esquecer que o objetivo principal do dentista deve ser a promoção de saúde a seus pacientes”, explica.
Lais destacou também, que a quantidade de faculdades que oferecem curso em odontologia tem possibilitado a formação de muitos profissionais, ocasionando uma concorrência no mercado nas diferentes áreas de atuação.
“Hoje existem 9 faculdades de Odontologia na cidade, portanto a cada ano o número de profissionais formados é bem superior ao que acontecia 20 anos atrás. A proporção de dentistas vêm aumentando de forma muito rápida, resultando em maior concorrência por pacientes”, disse.
Laís explica, que o uso de ferramentas de mídias digitais para a divulgação de serviços têm sido importantes aliadas para divulgar os serviços dentro do mercado. “Ferramentas de mídia hoje são muito importantes como marketing, mas o bom atendimento e comprometimento em promoção de saúde fazem o paciente que vai pela primeira vez ao consultório tornar-se mais próximo do dentista e criar um vínculo, iniciando assim uma rede de contatos”, frisou.
Enquanto o total de beneficiários cresceu 19,3% entre 2014 e 2018, subindo de 19,8 milhões para 23,6 milhões, as despesas assistenciais pagas pelas OPS (Operadoras de Planos de Saúde) exclusivamente odontológicas para custear os serviços utilizados pelos beneficiários em suas carteiras avançou 20,1%. Subiu de R$ 2,6 bilhões para R$ 3,1 bilhões.
Na análise do especialista em implantodontia e ortodontia, mestre em ortodontia, Wilson Maia de Oliveira Junior, a melhora gradual na economia do país tem contribuído para o crescimento do setor. "Com a melhora da economia as pessoas têm mais empregos e passam a ter um poder aquisitivo melhor para procurar os serviços", explica.
Despesas e desafios
Para o cirurgião dentista, Paulo Eduardo Ferreira, atualmente, um dos maiores desafios do profissional de odontologia no mercado é a falta de conhecimento e prepara para abrir o próprio negócio. “A formação que temos durante a faculdade, é estritamente técnica e dependendo da área de atuação (ter um empreendimento, como clínica ou consultório odontológico) que o profissional quer seguir, pode ser uma dificuldade no início da carreira. Eu diria que o mais complexo de todos é empreender, como qualquer negócio você precisa estar 100% se dedicando, reinventando, além de ir muito além do que você aprendeu na faculdade é isso exige persistência, paciência, sacrifícios para que o negócio comece a dar frutos”, disse.
Laís Mota reforçou, que os custos de investimento, tanto em instalações, materiais de consumo e equipe capacitada, também são uns dos maiores desafios do profissional na sua área de atuação. Além disso, o dentista precisa durante a atuação, em constante processo de aprendizado e estudo. “Entendo que aquilo que aprendemos na faculdade não é o suficiente para sustentar toda a trajetória da profissão, porque a ciência apresenta novidades a cada dia, o mercado apresenta produtos novos a cada dia, e o clínico não deve se deixar parar no tempo” disse.