22 de novembro de 2024

1ª Lei das 48 Leis do poder

Carlos Silva

No ano de 1998 foi lançado o livro As 48 Leis do Poder, de autoria de Robert Greene, e co-autoria de Joost Elffers. Um clássico, na minha visão. O autor, da minha faixa etária, e isso agrega valor ao meu interesse, tendo em vista a enorme probabilidade de termos, nós dois, uma singular experiência de vida, crescendo no período da Guerra Fria, Vietnã, chegada à Lua e outras intercorrências mundiais a mais. Na verdade, o livro é um manual de relações humanas, pois, na minha ótica, tudo que nele está exposto se aplicou, se aplica e se aplicará em toda e qualquer sociedade, ou grupelhos de humanos, desde sempre e até o fim dos dias. Desprovido de carinhosas palavras e textos de autoajuda água com açúcar, o livro apresenta a verdade, nua  e crua, das relações humanas. E, caro leitor, caso você leia, identificará inúmeras situações práticas onde as tais leis foram realmente empregadas e seguidas. Mas, vamos iniciar com a 1ª Lei, dentre as 48 Leis do Poder: Não ofusque o brilho do mestre ! A História registra inúmeros casos desses, onde, bajuladores profissionais e pseudo-profissionais, se excederam em idolatrar, publicamente,  o mestre, patrão, diretor, presidente, ministro, comandante, gestor, gerente, senador, deputado, chefe, patrono e etc, e o fizeram com tanta pompa e circunstância que o tiro saiu pela culatra. Ou seja, “queimou o filme”, arranhou a vaidade da autoridade ou pretensa autoridade, pois, o bajulador apareceu mais que o bajulado. Há que se lembrar, sempre, que uma autoridade que goste de ser bajulada, é vaidosa e não admite perder espaço para ninguém, e ainda mais se esse “ninguém”, for um subordinado, colaborador, secundário, estagiário, aprendiz, subalterno etc. Toda autoridade vaidosa preza, e muito, em ser o centro das atenções e de forma totalmente positiva mesmo, independentemente de merecer ou não. O que vale são as luzes da ribalta. Ainda pior, é que a insegurança moral das autoridades vaidosas as fazem escolher, sempre, um subalterno de medíocres capacidades intelectuais, mas bom de trabalho, com traços morais não muito sustentados, mas temeroso à autoridade, com determinada ambição, mas de objetivos primários e fáceis de serem concedidos e, assim, surge a impressão de que a autoridade sempre se manifesta mais e melhor. E fica mais fácil manobrar o subalterno. O livro apresenta caso interessantes, como o do Ministro Fouquet, de Luís XIV, Galileu Galilei e outros. Muito boa  a leitura do livro, mesmo que você não siga os conselhos. Mas, em resumo, se você  quer superar a autoridade, analise se ela é muito forte e por muito tempo. Nesse caso, siga fazendo seu trabalho e bajulando de forma que não cause inveja aos demais colaboradores. E espere a autoridade perder o poder. Mas, se a mesma for forte, mas com tempo de vida útil definido, ocupe seu espaço. E se a autoridade estiver nos últimos dias de poder, inicie, desde já, a bajular o substituto. Na verdade, a 1ª Lei do Poder não condena  a bajulação. Apenas a limita. E deixa vários conselhos, onde destaco que se você brilha muito, cuidado para não atrair inveja dos demais colaboradores e evite derrubar a autoridade de hoje. Amanhã você será vidraça. Bom, é a leitura que fiz dessa 1ª Lei. E, com certeza, você, leitor, já viu inúmeras situações em que ela, a 1ª Lei do Poder,  se manifestou. Eu prefiro ser, apenas, eu mesmo. E no meu canto. A vida que siga !

Carlos Alberto da Silva

Coronel do Exército, na Reserva, professor universitário, graduado em Administração e mestre em Ciências Militares

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