Carlos Silva
Há muitos anos, no interior da nossa Amazônia, em um local da parte banhada pelo rio Juruá, eu conversava com um senhora que havia concebido 17 filhos e todos por intermédio de parto normal. Perguntei de onde ela conseguia tanta energia e força. Ela me respondeu com um sorriso encantador e disse: jovem, sou uma mulher! Simples assim, foi a resposta. E com uma imensa profundidade, quase divina. Assim, uma mãe, na época com 97 anos, lúcida e poderosa, me ensinou que a força não depende, em nada, de propaganda e muito menos de encenação. Esta pequena recordação das minhas andanças pelas nossas diversas e diversificadas Amazônias, nos serve para iniciar este artigo a respeito da 30ª Lei das 48 Leis do Poder, a qual diz o seguinte:” Faça as suas conquistas parecerem fáceis. Seus atos devem parecer naturais e fáceis. Toda a técnica e o esforço necessários para a sua execução, e também os truques, devem estar dissimulados. Quando você age, aja sem se esforçar, como se fosse capaz de muito mais. Não caia na tentação de revelar o trabalho que você teve – isso só despertará dúvidas. Não ensine a ninguém os seus truques ou eles serão usados contra você.” Evidentemente esta Lei se aplica àqueles que estão se digladiando no universo em busca de poder, dinheiro e sexo, nesta ordem. Longe de se alinhar à senhora, foco da passagem contada no início deste artigo. E muito longe daquilo que eu penso da vida, aos longos dos 66 anos bem vividos. Essa Lei corrobora a popular passagem do “pulo do gato”. Os mais velhos vão lembrar que aprendemos, na infância, que não se deve ensinar todos os truques a ninguém, pois é sábio guardar segredos de atividades que poderão nos proteger no futuro. Mas, não me recordo de ter praticado isso na vida. Por outro lado, já perdi inúmeras oportunidades por ser transparente no que penso e no como eu faço. E muitos colegas se aproveitaram disso. Mas, nunca me arrependi. A vida sempre seguiu seu curso e muitas e muitas outras oportunidades surgiram. Claro que sabemos que alguns momentos em determinadas carreiras específicas, exigem um comportamento mais encenado, com mais representação. Isso não me agrada, mas, também, não recrimino e não discrimino. Apenas não faço, não sei fazer e não quero aprender. Isso é o apanágio de candidatos a cargos políticos, de maneira geral. Bem, eles que se virem! O livro aborda interessantíssimas passagens envolvendo dois mágicos históricos: Houdini e Kleppini. O livro vale a leitura, sim. Por fim, selecionei um texto contido no capítulo da Lei em comento: “Existe um outro motivo para esconder seus atalhos e truques: se você deixa vazar essas informações, estará dando aos outros ideias que poderão usar contra você. Você perde o benefício do silêncio. Tendemos a querer que o mundo saiba o que fizemos – queremos recompensar a nossa vaidade conquistando aplausos por nosso esforço e brilhantismo, e até mesmo queremos simpatia pelas horas que levamos para fazer a nossa obra-prima. Aprenda a controlar esta tendência a dar com a língua nos dentes, pois o seu efeito será quase sempre o oposto do esperado. Lembre-se: quanto mais misteriosas as suas ações, maior será o seu poder.” Interessante, não? De uma forma ou de outra, creio que alguma vez na vida, em algum momento, eu e você seguimos este conselho. Ou seja, somos perfeitamente imperfeitos. E a vida segue! Com cervejas! Geladas !