23 de novembro de 2024

4ª Lei das 48 Leis do poder

Essa lei, de um valor estratégico fantástico, principalmente nas relações comerciais e políticas, em todas esferas das relações humanas, diz, simplesmente: DIGA SEMPRE MENOS QUE O NECESSÁRIO. Um dito popular,  na nossa cultura, afirma que “em boca fechada, não entra mosquito”. São lições de vida adequadas ao comportamento humano, no contexto de toda e qualquer relação com interesses em jogo. Algumas pessoas possuem fita métrica ao invés de língua, tamanho é o cuidado em medir as palavras. Outras, por sua vez, falam pelos cotovelos. O livro As 48 Leis do Poder aborda casos históricos que comprovam, na visão de Robert Greene, autor, a veracidade, também, da 4ª Lei. O autor recomenda, no início do capítulo, que quanto mais você falar, para impressionar as pessoas, tentando demonstrar cultura, na verdade você estará transmitindo uma imagem de uma pessoa fraca e totalmente perdida em relação ao tema do assunto. E isso caracteriza uma certa imbecilidade. Quanto mais você falar, mas banalizada ficará a sua aparência e será, exposta, a sua fraqueza em relação ao tema. Em todo inquérito policial no mundo, por exemplo, se utiliza este artifício para conseguir informações de pessoas despreparadas, as quais julgam que, explicando tudo em detalhes, reais ou não, estarão sendo mais entendidas, quando, de fato, estarão, sim, passando informações  valiosas e que servirão, em muitos casos, para incriminar elas mesmas. Sempre é bom lembrar que a língua humana é um animal selvagem e poucas pessoas conseguem dominar. E, também, aprendi, ao longo de 64 anos de vida, que os seres humanos são verdadeiras máquinas de explicar e interpretar, mesmo que ambas ações não correspondam às intenções do transmissor das mensagens. O livro aborda situações ocorridas com Henry Kissinger, no século passado, Coriolano, no século V a.C e outras personagens históricas da cultura mundial. Vale muito a pena ler o livro. Mas, também sabemos que existem pessoas que criam distrações em negócios e em relacionamentos,  se utilizando da velha verborragia, onde, nesse caso, falam e falam e isso distrai os ouvintes, que perdem a noção do seu objetivo. E isso, também é uma forma de defesa muito eficiente. Basta, então, saber usar a medição das palavras ou a enxurrada delas. Sei que deve ser difícil mesmo, mas, você pode tentar. Outro aprendizado do livro, um pouco questionável: pessoas poderosas falam pouco e deixam dúvidas no ar. Bem, se você não tem nada a esconder e não deve nada a ninguém, o que o impede de falar “abobrinhas aos montes” aqui e ali? Mas, será que você não deve mesmo  e não tem absolutamente nada a esconder? De ninguém? Essa lei eu uso, com adaptações, quando me perguntam a minha posição sobre um assunto polêmico onde me oferecem a opção A ou B. Sempre me estabeleço em cima do muro. E argumento as vantagens e desvantagens de cada opção. Assim, não desagrado nem gregos e nem troianos. E nem os agrado, também. Na verdade, o meu foco é evitar e me afastar, sempre, de discussões, que, normalmente, não terminam bem, ainda mais com paixões por ideias envolvidas. E a vida segue !

Carlos Alberto da Silva

Coronel do Exército, na Reserva, professor universitário, graduado em Administração e mestre em Ciências Militares

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