5 e 7 de setembro – Retratos de Superação

Em: 18 de setembro de 2022

No corrente mês temos duas datas emblemáticas para o nosso País e para o nosso Amazonas, respectivamente – 7 e 5 de setembro. Na primeira rememoramos o dia da independência brasileira em relação ao domínio de Portugal. Este foi um processo longo até se concretizar, envolvendo fatores internos e externos, como a transferência da Família Real Portuguesa para o solo brasileiro (até então colônia portuguesa). Porém, o mais significativo disso tudo é o fato de nós termos nos tornado uma nação soberana. Com um território de dimensões continentais, o nosso país apresenta, até hoje, desigualdades regionais e pessoais profundas. Além disso, há diversos entraves que ainda precisam ser vencidos, em diversos âmbitos. Somos oriundos de uma colonização exploratória, com a miscigenação de diversos povos, culturas e influências, sendo que o Brasil nunca apresentou um desenvolvimento uniforme. Já no dia 5 celebramos a Elevação do Amazonas à categoria de Província, momento histórico em que o nosso Estado ganhou sua autonomia administrativa e financeira em relação ao Pará (ambos compunham um único território chamado de Estado do Grão-Pará). Personalidades como João Batista de Figueiredo Tenreiro Aranha (Primeiro presidente da Província) e Dom Romualdo Antônio de Seixas (deputado e bispo católico) foram muito importantes neste processo. O carro-chefe da nossa região é a Zona Franca de Manaus, implementada em 1967 durante o governo militar. A razão de se criar um polo de desenvolvimento econômico no coração da Amazônia foi uma medida de segurança nacional, preservação e conservação ambiental. Com o passar dos anos, porém, o prazo para esses incentivos fiscais foi sendo ampliado e atualmente vai até o ano 2073. Porém, apesar do Distrito Industrial ser um instrumento muito positivo no que tange à política de preservação/conservação ambiental e de geração de emprego e renda para a população, com um retorno financeiro indiscutível ao Brasil inteiro; não podemos ficar dependendo de um único modelo socioeconômico, ainda mais em uma terra tão rica e diversa como a que temos. É preciso somar outras fontes de renda ao modelo Zona Franca.

É imprescindível também que possamos superar os entraves e os radicalismos que impedem o Amazonas de deslanchar e poder lançar mão de novas matrizes econômicas. Questões como a logística e normas ambientais exageradas, além da ausência de um plano de ação envolvendo todos os poderes e esferas da República, estão entre os fatores que impedem esse salto de qualidade e inovação sustentável.

Precisamos conservar a natureza sim (usar com racionalidade), mas não podemos deixar que o nosso povo fique refém de uma única alternativa de economia e sobrevivência. Temos um potencial a perder de vista em nossa região, em áreas como pesquisa, inovação, fármacos, minérios, biotecnologia, dentre outras.

É importante termos a consciência do que o dia 7 de setembro representa para a nossa história enquanto pátria; um verdadeiro marco, que simboliza a nossa Independência. Contudo, este não é um processo acabado, mas que deve nos inspirar a buscar constantemente a plena independência, vencendo as barreiras que ainda nos subjugam enquanto nação. De igual maneira é imprescindível refletirmos acerca do 5 de setembro, data em que comemoramos a Elevação do Amazonas à categoria de Província e o Dia da Amazônia.  O estado amazonense precisa alcançar sua autonomia plena no que tange ao seu povo e lugar, levando em conta todo o potencial que possui e tudo o que representa para o Brasil. Ou seja, está mais do que na hora da nossa população (de maneira geral e em todos os estados da Federação) dar o seu grito de liberdade, independência e autonomia contra todo o tipo de desmando, de arbitrariedade, de corrupção, de exploração e de engano, para que possamos alcançar tudo aquilo que podemos enquanto cidadãos aguerridos e batalhadores que somos.

Lisandro Mamud

Lisandro Mamud é administrador, pesquisador em Inovação, Tecnologia e Educação do Núcleo Educotec (Ufam)
Pesquisar