7 de setembro de 2024

7 de Setembro – Viva a Independência!

Na última terça-feira nossa Nação, a República Federativa do Brasil, celebrou uma data histórica, de significado singular: O Dia da Independência em relação ao domínio de Portugal, em 7 de setembro de 1822 (há exatos 199 anos). Este foi um processo longo até se concretizar, envolvendo fatores internos e externos, como a transferência da Família Real Portuguesa para o solo brasileiro (até então colônia portuguesa). Porém, o mais significativo disso tudo é o fato de nós termos nos tornado uma nação soberana. Todavia, ainda como resultado de um processo de colonização com base na exploração, com a mistura de diferentes povos, culturas e influências, o Brasil nunca apresentou um desenvolvimento uniforme.

 Com um território de dimensões continentais, o nosso país apresenta, até hoje, desigualdades regionais e pessoais profundas. Além disso, há diversos entraves que ainda precisam ser vencidos, em diversos âmbitos. Nosso povo, apesar de ser formado, em sua grande parte, por pessoas acolhedoras, generosas e de boa índole; tem também em sua composição aqueles que desagregam, que não têm compromisso com a moralidade, com a coletividade e com princípios inegociáveis. Ou seja, são muitos os obstáculos para vencermos e podermos nos tornar uma Pátria verdadeiramente livre, independente e justa. 

Um país só pode ser considerado de fato independente quando tem a sua população com acesso pleno à educação, ao conhecimento. E a ausência dessas oportunidades é uma mazela histórica em nossa Nação, o que contribui muito para tornar o Brasil cada vez mais desigual. Um dos grandes benefícios gerados pela Educação e pelo Ensino é justamente o desenvolvimento de uma visão crítica, cívica a ampla, de forma que as pessoas tenham base e fundamento para escolher seus representantes de maneira consciente, fiscalizando e cobrando as ações daqueles que são eleitos e têm mandato a cumprir em nome do povo. A Bíblia Sagrada, Palavra de DEUS, nos diz no Livro de Oséias, capítulo 4, versículo 6, que o povo foi destruído por falta de conhecimento. Apesar disso, é perceptível que nos últimos tempos há uma nova postura dos brasileiros, com um maior interesse e atenção às questões públicas gerais. E uma das grandes demonstrações dessa nova posição cívica se deu no 7 de setembro de 2021 (terça-feira), oportunidade em que vimos uma das maiores manifestações políticas e pacíficas dos cidadãos a nível nacional, em protesto contra atitudes arbitrárias por parte de determinadas autoridades, que geraram muitos questionamentos quanto ao embasamento legal e jurídico destas, pois todos, especialmente os agentes públicos, precisam agir dentro dos limites da Constituição. Mas esta nova situação não começou agora. A partir de 2013, com as manifestações e protestos contra o aumento da passagem de ônibus, começou a nascer e crescer um maior interesse pelas decisões que envolvem a política, bem como os direitos do cidadão. 

É preciso quebrar o paradigma e o falso conceito de que “política não se discute” e de que o melhor é não querer se “envolver” nesta questão. Não podemos nos omitir e nem confundir o conceito de ‘política partidária’ (que também é um instrumento da democracia, mas que nem todos são obrigados a participar) com a política em seu sentido central (que vem de polis – tudo o que tem relação com assuntos comuns aos cidadãos; com a coisa pública), e que é de interesse de todos, sem exceção.

É certo que ainda temos um longo caminho a percorrer até nos tornarmos, de fato, cidadãos maciçamente conhecedores dos nossos direitos, ao mesmo tempo cumpridores exímios dos nossos deveres. Mas já é um grande começo o que temos visto. O investimento em políticas públicas de Estado (que é perene e contínuo), perpassando governos (que são transitórios), com pilares fundamentados na Saúde, na Educação e na Oportunidade de Emprego, Renda e Empreendedorismo a todos, é um fator decisivo no crescimento e liberdade plena de todos os brasileiros. Um povo educado e preparado não se deixa escravizar, sob nenhum aspecto. É preciso não abrir mão de nossa liberdade e independência, e isso não é apenas na questão física, porque há diversas e perversas formas “sutis” de se tolher a cidadania de outrem, e uma dessas formas é o cerceamento de garantias constitucionais, de liberdade de expressão e opinião, de negação ao conhecimento, etc.

Ou seja: o dia 7 de setembro foi um dia emblemático para a nossa história; um verdadeiro marco. Contudo, ele foi apenas o pontapé inicial de um processo de libertação longo, que ainda está sendo construído e que depende de nós fazê-lo ser concluído. É preciso vencer o jugo da corrupção, da incompetência, da inoperância, do desperdício, da falta de transparência e profissionalismo e do descaso. 

Os protagonistas da Independência da então Colônia do Brasil cumpriram o seu papel naquele momento e circunstância, oportunizando a todos nós galgarmos uma nova condição política, administrativa e financeira enquanto país. Porém, cabe a nós agora, que estamos fazendo a história do Brasil de hoje, tomarmos posição e não negligenciarmos em nosso dever de avançar e contribuir para o progresso da nossa amada Pátria, pois ainda existem muitos “gritos do Ipiranga” que precisamos “bradar” para chegarmos onde temos que chegar.

Lisandro Mamud

Lisandro Mamud é administrador, pesquisador em Inovação, Tecnologia e Educação do Núcleo Educotec (Ufam)

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